Segundo especialistas em barba, cabelo e bigode atuantes na capital mineira, a aparência que, segundo os memes remete ao topete da ave calopsita, à personagem Cascuda, a uma porção de macarrão instantâneo e até mesmo ao corte de cabelo da apresentadora Ana Maria Braga, entre outras comparações hilárias, revela ao menos três tendências nos cuidados com a aparência masculina: o corte em degradê de camadas, o desejo de estilizar o penteado por meio do uso de pomadas e ceras, e, por fim, o topete chamado modern pompadour – este popularizado por outro ídolo e referência em estética masculina, David Beckham.
“No geral, os homens estão mais vaidosos e antenados tanto em relação a tendências quanto a serviços de beleza, tanto que as barbearias têm feito sucesso. Eles estão mais ousados, saíram daquele estilo de corte padrão, mas entre o público que atendo o visual do Neymar, muito alternativo e chamativo, não faz sucesso. Meus clientes inovam sim, mas mantém um pé no clássico. Nesse sentido, é o degradê de camadas (undercut), os topetes e o cuidado de estilizar o cabelo com pomadas, ceras e gel desejos entre o público masculino”, afirma o hairstylist Daniel Saphiro (do Tif's Mangabeiras).
Neymar - Referência em serviços de beleza masculina na capital mineira, Elias Torres, da barbearia Seu Elias, costuma dizer que os jogadores de futebol são “ditadores da moda”. Entre os craques que inspiram os clientes ele cita Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar, Ronaldinho, Kaká, Vidal e Gareth Bale, entre outros. Elias, inclusive, já cortou o cabelo do Camisa 10 brasileiro, que caracteriza como “mais grosso e resistente”. “Já cortei o cabelo do Neymar por três vezes, quase sempre no mesmo estilo. Na primeira, em 2013, eu cortei as laterais, alisei com uma progressiva e deixamos o estilo mais arrepiado. Na segunda, cortamos um pouco mais curto e ele usou o cabelo mais pra baixo, com uma franja. Por fim, na terceira vez, ele já não fazia mais química no cabelo, então elegemos um corte mais curto nas laterais e deixamos a parte de cima mais natural”, lembra Elias.
Para ele, o topete explorado pelo jogador “já é tendência há muito tempo”, e justifica. “ Em nossas unidades, a cada dez clientes, sete usam topete. Em nossos cursos, a cada quatro cortes ensinados, três são diferentes tipos de topetes”, afirma. Apesar das críticas que bombaram na web, Elias aprovou o novo visual do craque brasileiro. “O corte foi muito bem executado e a cor bem elaborada. A única coisa que eu faria diferente seria abaixar de um a dois dedinhos a parte superior do cabelo. Mas, de todo modo, estava excelente. É importante destacar que os homens estão cada vez mais vaidosos e isso só tem evoluído, já não é mais exceção.”
Ele usou laquê? - Bruno Marlieri, da Barbearia Clip, afirma que os jogadores contemporâneos lançam moda, sim, e novos costumes. “Eles gastam tempo para estilizar os cabelos, abusam de produtos como pomada e laquê, de modeladores como prancha e babyliss para criar a própria marca e estilo. Até por que a individualidade é crescente no que diz respeito ao estilo de cabelo numa atitude em que a opinião alheia, mesmo de fãs, não importa”, afirma. Marlieri cita Cristiano Ronaldo, “que sempre varia cortes ousados e serviços de cor e mechas”, como um ótimo exemplo. “Para esta Copa, ele apostou em estilo mais clássico e prático, um boss cut com lateral curta. Já Jimmy Durmaz, da Suécia, adotou um ótimo estilo lenhador com barba bem definida e cabelo com o clássico undercut, enquanto Messi adotou o topete pompadour, um dos estilos mais pedidos em nossas barbearias”, descreve.
Já Neymar, segundo Bruno, submeteu o cabelo a vários processos químicos. Ele cita a descoloração e a presença de resíduos de alisamento como elementos “que dificultam a estilização”. Pode vir daí o estranhamento causado pelo novo visual, também criticado por Daniel Saphiro. “Muita gente fica achando até que ele pôs aplique. Analisando de longe, creio que o cabelo do Neymar, que é muito crespo, perdeu a forma com a quantidade de química usada para descolorir os fios, o que deformou os cachos. Então, na partida de estreia, acho que ele usou um definidor de cachos, de efeito gel, ou a técnica de fitagem (que lembra a antiga modelagem por bobes). Particularmente, gosto dos estilos menos chamativos e não julgaria o penteado e o amarelo usados por ele como tendência, da mesma forma que o do Ronaldinho, no estilo topete Cascão não pegou”, prevê . E vai além. “No fundo, muitos jogadores usam visuais ridículos, coisa que você não vai ver em outros profissionais como médicos, advogados. No máximo, em um público mais jovem e, mesmo assim, a tendência será a mãe brigar com o menino”, aponta.