Com golaço de falta na estreia, Cristiano Ronaldo chegou a hat-trick e aparece como grande nome da Copa
A primeira rodada do Mundial, encerrada nesta terça-feira, demonstrou, mais uma vez, que só favoritismo não ganha jogo. Dos oito cabeças de chave, apenas Uruguai, França e Bélgica venceram, mesmo assim, os dois primeiros com extrema dificuldade. Outro fator que salta aos olhos é a diminuição da diferença técnica entre as equipes. Salvo a goleada dos donos da casa sobre os árabes e dos belgas sobre o Panamá, nas demais partidas, o equilíbrio foi a tônica, mesmo que alguns duelos tenham sido nivelados por baixo.
A prova disso é a baixa produção ofensiva. As redes só foram balançadas 38 vezes nas 16 partidas (média de 2,37). E quase a metade delas após os chamados lances de 'bola parada'. Para efeito de comparação, a primeira fase da Copa'2014, disputada no Brasil, teve 11 gols a mais. E é preciso ressaltar que quatro destes gols em gramados russos só saíram após a utilização do VAR, sistema de auxílio eletrônico à arbitragem implementado pela primeira vez. Ao menos dois fatores se destacam: a marcação de quatro gols de falta (em todo o Mundial'2014 foram apenas três) e o fato de não ter sido registrado nenhum 0 a 0.
Individualmente, o português Cristiano Ronaldo foi o 'cara' da rodada, marcando os três do empate com a Espanha. Messi, Neymar e Lewandowski foram figuras apagadas. Mas, como muita água ainda vai rolar até o final da primeira fase, tudo pode mudar...
RAIO-X DA 1ª RODADA
Gols: 38 em 16 jogos Média 2,375 por partida
Média histórica dos Mundiais: 2,84 por partida
Última Copa com média superior a 3: 1958 (3,6 por partida)
Nenhum 0 a 0. Na primeira rodada da Copa'2014 houve um: Irã 0 x 0 Nigéria.
Apesar de ter sido o jogo das seleções piores colocadas no ranking da Fifa que disputam o Mundial, os russos superaram a desconfiança da torcida e golearam a Arábia Saudita por 5 a 0. Foi a primeira vitória da equipe no ano.
México
Bateu a Alemanha, atual campeã mundial, jogando de igual pra igual no primeiro tempo e apostando em uma defesa sólida e nos contra-ataques na segunda etapa.
Islândia
Estreante e menor país a disputar um Mundial, mostrou muito vigor físico e conseguiu arrancar um empate com a Argentina, praticamente neutralizando Lionel Messi.
Japão
Soube se aproveitar da superioridade numérica diante da Colômbia para chegar à vitória. Com muita velocidade, criou várias chances de gol. Só não ampliou o placar pelos seguidos erros de finalização.
QUEM DECEPCIONOU
Alemanha
Batida pelo México por 1 a 0, mostrou pouco poder ofensivo. Segunda campeã seguida a perder na estreia. Em 2014, a Espanha levou 5 a 1 da Holanda.
Argentina
Com problemas de organização no setor defensivo e pouca criatividade no meio-campo, apenas empatou com a estreante Islândia.
Brasil
Com meio-campo pouco criativo e ataque sem muitas variações, muito preso a Neymar, acabou cedendo o empate à Suíça.
Polônia
Outro cabeça de chave que acabou derrotado na estreia. Exibiu futebol burocrático, com toques laterais e baixa produção ofensiva. Insistiu nas bolas altas cruzadas na área.
ARBITRAGEM E VAR
França 2 x 1 Austrália
Griezmann invade a área, sofre o tranco de um jogador australiano e cai. Arbitragem só confirma o pênalti após a utilização do VAR. Griezmann bate e converte.
Peru 0 x 1 Dinamarca
Cueva cai na área após levar um rapa do zagueiro dinamarquês, mas arbitragem só confirma o pênalti após a utilização do VAR. Cueva bate por cima.
Costa Rica 0 x 1 Sérvia
Arbitragem não vê Prijovic acertar o rosto de Acosta em lance de disputa de bola. Após utilização do VAR, o sérvio leva o cartão amarelo.
Suécia 1 x 0 Coreia do Sul
Claesson cai na área após chegada do zagueiro sul-coreano. Após utilização do VAR, arbitragem confirma o pênalti. Granqvist bate e faz o gol.
ESTREIA DOS CRAQUES
Luís Suárez
Não só passou em branco como chegou a atrapalhar alguns lances de ataque da Celeste. Cometeu erros grosseiros. Mal nas finalizações.
Salah
Ainda se recuperando da lesão no ombro, sofrida na final da Liga dos Campeões, ficou fora da estreia contra o Uruguai.
Cristiano Ronaldo
O grande nome da 1ª rodada, com três gols diante da Espanha, um deles em uma magistral cobrança de falta. Carregou o time nas costas.
Iniesta
Continua sendo o cérebro do meio-campo espanhol. Dos seus pés saíram algumas das principais jogadas ofensivas. Sem o mesmo vigor, acabou substituído aos 25 do 2o tempo.
Messi
Mostrou a categoria de sempre, mas ficou preso à marcação islandesa. Deu assistência para o gol de Aguero, mas perdeu um pênalti, batendo mal.
Griezmann
Não chegou a brilhar, mas foi um dos melhores da equipe francesa. De pênalti, sofrido por ele mesmo, fez um dos gols da sofrida vitória sobre a Austrália
Modric
Mesmo atuando um pouco mais recuado, ditou o ritmo do meio-campo, sendo o destaque nos 2 a 0 sobre a Nigéria. Marcou um gol de pênalti.
Toni Kroos
Demonstrou a mesma eficiência de sempre na qualidade do passe e firmeza no combate. Faltou colaborar mais na criação das jogadas ofensivas.
Neymar
Tentou chamar o jogo pra si, mas acabou passando em branco. Abusou das firulas, muitas vezes atrasando os contra-ataques. Sofreu com a marcação dura dos suíços, que, em muitos casos, ele próprio atraiu.
De Bruyne
Após primeiro tempo apagado diante do Panamá, cresceu de produção e ajudou o time a construir a goleada. Deu assistência para um dos gols de Lukaku.
Lewandowski
Lutou muito, mas foi figura apagada na derrota de 2 a 1 para Senegal. Praticamente não teve chances de finalizar a gol, até por ter recebido poucas bolas em boas condições.
O VEXAME
O atacante croata Nikola Kalinic se negou a entrar em campo aos 40 do 2o tempo da partida contra a Nigéria e acabou cortado pelo técnico Zlatko Dalic. Segundo o treinador, ele já teria feito o mesmo no amistoso contra o Brasil e em um jogo-treino.
OS GOLEIROS
Mão cheia
Hannes Halldorsson (Islândia)
Parou os atacantes argentinos com defesas excepcionais e ainda defendeu um pênalti cobrado por Messi, sendo decisivo para o resultado em 1 a 1.
El-Shenawy (Egito)
Com defesas excepcionais diante do Uruguai, foi eleito o melhor em campo. Só não conseguiu defender uma cabeçada de Gimenez aos 44 do 2o tempo.
Jo (Coreia do Sul)
Com intervenções seguras, parou o ataque sueco, não se atrapalhando com as jogadas de bola aérea. Só não conseguiu defender a cobrança de pênalti de Granqvist.
Mão de alface
De Gea (Espanha)
Sofreu o primeiro 'frango' da Copa, ao aceitar um chute despretensioso de Cristiano Ronaldo. Não teve o que fazer nos demais gols do craque lusitano.
Caballero (Argentina)
Reserva no Chelsea, onde fez apenas 10 jogos no ano, o veterano argentino esteve inseguro. Deu o rebote no lance que resultou no gol de Finnbogason.
PARTE DISCIPLINAR
Cartões amarelos: 41 em 18 jogos (2,27 por partida)
Média histórica dos Mundiais*: 3,27 por partida
Cartões vermelhos: um (Carlos Sánchez, Colômbia)
* Só começaram a ser utilizados na Copa de 1966
Partidas com mais cartões: Bélgica 3 x 0 Panamá (8 amarelos)
Recorde das Copas: Portugal 1 x 0 Holanda, na Copa de 2006 – 16 amarelos e 4 vermelhos
O caçado: Neymar – sofreu 10 das 19 faltas cometidas pela Suíça no empate em 1 a 1.
ARTILHEIROS
Cristiano Ronaldo (Portugal) – 3
Cheryshev (Rússia), Diego Costa (Espanha), Lukaku (Bélgica) e Harry Kane (Inglaterra) – 2
Gols de falta: 4, já igualando o total da Copa'2014.
Golovin (Rússia), na vitória por 5 a 0 sobre a Arábia Saudita.
Cristiano Ronaldo (Portugal), no empate em 3 a 3 com a Espanha.
Goleiro espanhol De Gea observa gol de falta de Cristiano Ronaldo, no ângulo, na primeira rodada da Copa
Kolarov (Sérvia), na vitória de 1 a 0 sobre Costa Rica.
Quinteros (Colômbia), na derrota de 2 a 1 para o Japão
Gols contra:
Bouhaddouz (Marrocos), a favor do Irã
Aziz Behic (Austrália), a favor da França
Etebo (Nigéria), a favor da Croácia
Thiago Cionek (Polônia), a favor de Senegal
Irmãos em campo:
Eden Hazard e Thorgan Hazard (Bélgica) - Jogaram juntos no segundo tempo contra o Panamá.
