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COPA 2018

Corações divididos: mexicanos de BH se preparam para acompanhar jogo contra o Brasil

Seleções se enfrentam nesta segunda-feira, pelas oitavas de final da COpa

Arquivo pessoal

São quase 7.500 quilômetros entre Belo Horizonte e a Cidade do México, centro político, econômico e cultural do país cuja seleção enfrentará o Brasil amanhã. Apesar da distância, a capital mineira é lar de dezenas de mexicanos, que acompanharão o duelo das oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia de formas bem variadas.

“Pode perder no jogo seguinte, mas não pode perder para o Brasil”, diz Emmanuel Jesús Vázquez Peña, de 27 anos. “Se o México não ganhar, vão me zoar tanto que vou ter que voltar (para o México) antes de concluir o mestrado (risos)”, continua o estudante de engenharia mecânica, que vive em BH há quatro anos.

Retornar à Ciudad Juaréz, extremo norte do México, não está nos planos de Emmanuel, que aposta numa vitória por 2 a 1 sobre o Brasil. O estudante da UFMG pretende seguir na capital mineira e admite não conviver tanto com compatriotas: “Conheço alguns mexicanos que vivem aqui, mas, em geral, não convivo muito com eles”.

Há comunidades de imigrantes que moram em Minas Gerais. Segundo estimativa não oficial dos próprios integrantes desses grupos, são pelo menos 30 famílias mexicanas em BH. Uma delas foi formada de um jeito bem curioso. Em 2004, Marco Meléndez, de 44, visitou a cidade a trabalho. Conheceu Luciana de Oliveira num shopping, com quem acabou se casando. “Continuamos o relacionamento pela internet, por e-mails, videoconferências, cartas. Do México, eu mandava presentes para ela. Falei que voltaria, mas meu trabalho não deixava. Ela tomou a decisão e foi me encontrar”, conta Marco. Nos meses seguintes, casaram-se duas vezes – uma em cada país – e iniciaram a vida em San Luis Potosí, no México.

Estereótipos

Depois de oito anos, decidiram se mudar com as filhas Mariana, Ana Cristina e Maria Teresa para Belo Horizonte. No Brasil desde 2012, Marco abandonou a engenharia mecânica para se dedicar ao artesanato e à gastronomia do país em que nasceu. “O México não é Chaves, não são novelas, não é RBD. Queremos romper com esse paradigma. É uma cultura milenar, com grande diversidade de sabores. Faço um trabalho artesanal, preservando as características do México e usando ingredientes que também existem no Brasil”, conta o administrador da empresa O Chapelão.

E o jogo? O cozinheiro não é lá muito ligado ao futebol, mas aposta em vitória mexicana. “Estou de coração partido, porque gosto do Brasil e do México. Minha preferência é o México. Vamos ver quem é o melhor”, disse Marco, que estará em horário de trabalho num restaurante na Região Centro-Sul de BH durante a partida de amanhã, que começa às 11h.