O olhar clínico dos olheiros na captação de talentos, uma boa estrutura e condição de trabalho para jovens, sensibilidade para lançar um futuro craque sem pressa no time profissional e preocupação com o lado humano. Alguns fatores precisam ser tratados como prioridade para um clube que quer revelar bons jogadores de futebol. E o centenário América é dono desta tradição reveladora.

Tostão, Amauri Horta, Euller, Éder Aleixo, Gilberto Silva, Fred e outros craques são frutos da base americana. Dois dos responsáveis por garimpar novos talentos no América, hoje, são os ídolos Celso e Milagres. O ex-atacante é o coordenador geral da base e o antigo camisa 1 é o técnico do time júnior.

“Hoje o trabalho é mais dinâmico e profissional. Vamos tentar fazer da base uma potência. Vincular pessoas que têm história no clube, como eu, Ricardo (ex-zagueiro do América) e outros que estão se capacitando ou são capacitados. Não apenas por terem sido jogadores. Essa essência é que está dando certo”, afirma Celso.

Por que revela tanto

Por um lado, a necessidade financeira do clube é um impulsionador das categorias de base. Por outro, a marca de revelador do América também ajuda. Celso e Milagres explicam o motivo de o clube ter tanto sucesso neste quesito.

“Eu acho que o clube tem essa característica então as pessoas procuram o América para colocar jogador. Lógico que não vamos comparar financeiramente com outros clubes do Brasil. Mas, por ter essa tradição, somos buscados por empresários e outras pessoas para colocarem jogadores aqui, pelo trabalho que é feito com seriedade. O trabalho aqui é feito de maneira séria. Agora, precisamos profissionalizar isso. Tende a melhorar”, explica o coordenador alviverde.

“Na realidade é o que o quanto o clube necessita do aproveitamento da categoria de base na relação de revelação de atletas, pela questão até financeira do clube, que passou de formar atletas para colocar no mercado. O clube se preocupa em revelar para ter condições para economizar”, diz Milagres.

Raio-x da base atual

Segundo Milagres, a queda do América para a Série B do Campeonato Brasileiro foi prejudicial para o trabalho da base em 2012.

“Algumas horas as melhorias vêm, outras é por questão de esforço maior, financeiro, não tem condições, mas buscamos com parceiros. Ano passado mudamos para um campo auxiliar de treinamento no CT, agregou muito na parte individual e coletiva. Nesse ano ainda não podemos utilizar, o dinheiro caiu e você tem que enxugar algumas coisas e isso trás um prejuízo de certa forma. É o que você tem que trabalhar e buscar alternativas para qualidade...”

Olímpio Naves, integrante do conselho gestor do América, sobre a importância das categorias de base para a história do clube. O dirigente garantiu que haverá mais investimentos nos jovens talentos visando ao equilíbrio da balança financeira e a construção de times campeões. “Nós estamos preparando um super upgrade nas categorias de base. Porque nesse setor o América tem tradição em fazer dinheiro. Vamos formar jogadores para criar times vencedores e algumas negociações por ano”, ponderou.

No atual grupo de jogadores, há promessas que foram campeãs do Brasileiro Sub-20, como Kaká, Kaio, Bryan e Lula. A subida dos jogadores para o time profissional, no entanto, gerou um déficit na base que vai ser melhor trabalhado.

“Na captação, não adianta chegar no juniores sem ter competido no juvenil, .. Fazer teste sem ter passado por infantil ou juvenil, a chance é muito pequena de dar certo. Temos tido essa demanda no cotidiano, a oferta aparece a toda semana, nosso supervisor quebra a cabeça para filtrar e selecionar, se não você não consegue nem treinar pela quantidade de jogadores. Temos muita quantidade mas a qualidade não está satisfatória. Principalmente porque chegam sem um histórico de base, salvo um ou outro que já passou por um clube ou outro, por dois ou três anos...”, diz Milagres.