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MINEIRÃO 50 ANOS

Legado da Copa, Museu Brasileiro do Futebol permite ao público reviver história do Mineirão

MBF ainda propõe reflexão do esporte como fenômeno cultural tocando em temas como política, machismo, homofobia e racismo

postado em 29/08/2015 08:00 / atualizado em 28/08/2015 15:26

Minas Arena/Divulgação
O torcedor que não enxergava sentido em visitar o Mineirão numa manhã de dia útil passou a ter motivos de sobra para vivenciar um ambiente diferente das movimentadas tardes ou noites de futebol. O entorno do estádio com trânsito tranquilo, ausência de ambulantes e chapas sem qualquer cheiro de churrasco foi a atmosfera encontrada pela reportagem na visita ao Museu Brasileiro do Futebol, localizado dentro do Gigante de Pampulha e um dos grandes legados da Copa do Mundo de 2014 para Belo Horizonte.

Com linguagem reprogramada numa nova era de museus, o espaço, que já recebeu cerca de 130 mil pessoas - recorde de público no último mês de julho, cerca de 10 mil visitantes -, recupera e conta a história do Gigante da Pampulha, de terça a domingo, das 9h às 17h*, de forma a propor reflexão do futebol como fenômeno cultural. Responsável pela curadoria do Museu nas últimas etapas do projeto, o historiador Thiago Costa, de 34 anos, detalha um dos objetivos do espaço.

Minas Arena/Divulgação
“A gente tenta convencer que o futebol vale a pena. Para você pensar nele de outras maneiras. Recebemos um pessoal de teatro há um tempo e eles não faziam a menor ideia da pegada teatral que poderia ter com o futebol, igual a gente propõe em uma das salas. As pessoas são muito envoltas em um pré-conceito sobre futebol. Elas sempre pensam que futebol é feito de gente violenta, bêbada e irracional. O futebol que a gente propõe reflexão é como um fenômeno cultural. Conseguimos falar de política, de distinção de gênero, homofobia, racismo, machismo. Usamos o futebol para tratar de temas que hoje são muito latentes na sociedade brasileira”, diz.

A reportagem visitou o MBF numa dessas manhãs tranquilas de Pampulha. Desde o primeiro contato, a memória pôde ser vivenciada. O responsável pela recepção foi França, de 76 anos, com a história do estádio na ponta da língua. Hoje integrante do setor Educativo do Museu, que promove visitação temática, ele foi o primeiro funcionário registrado do velho estádio, responsável por contratar e demitir durante a construção do Mineirão, autor de inúmeras fichas de jogos que, inclusive, integram a “sala da memória” do MBF.

Thiago Costa logo chegou para acompanhar a reportagem na visita guiada ao Museu. Sala com fotos de paisagens de Belo Horizonte na época da construção da cidade, bem como dos espaços em que os estádios mineiros seriam construídos, é o primeiro espaço da visita. A história continua sendo contada com uma sala dedicada à inauguração do Mineirão, em 1965. O espaço das fichas, primeiro com ajuda de meios eletrônicos para contar a história, e o “Mineirão em atividade”, com exposição de objetos marcantes, finalizam a primeira etapa da visitação.

Minas Arena/Divulgação
“O senso comum sempre fala que 'quem gosta de passado é museu', e eu gosto de combater isso. Acho que o Museu cuida do futuro no presente. Se a gente não guardar um objeto hoje, a próxima geração não vê. O futebol é muito presente no cotidiano, então quando bolamos a curadoria da exposição a ideia era atender o público que gosta de museu e não gosta de futebol. Gosta de futebol e não gosta de museu e o público que gosta de tudo. Museu para mim tem que ter acervo, objeto. O cara não vai sair de casa para ver fotografia e projeção. Ele quer ver alguma coisa que tire ele do cotidiano, um objetivo diferente, uma luva, uma chuteira, marca do pé na calçada da fama”, destaca Thiago.

A construção do “Novo Mineirão” serve de inspiração para a sala de número 5, que documenta o processo de remodelação pelo qual o estádio passou entre 2010 e 2012. A Copa das Confederações, de 2013, primeira competição internacional que o 'novo' estádio recebeu, também é contemplada no Museu – com destaque para a camisa do Haiti. “Esse é um dos meus objetos preferidos. Nesse jogo a Seleção do Haiti marcou o primeiro gol em competições fora do continente”, lembra o coordenador do Museu.

No espaço seguinte, que passa por reforma depois de problemas operacionais, o torcedor tem a chance de colocar sua história no acervo do Museu. Uma mesa interativa na “Sala da Memória” permite aos visitantes gravarem depoimentos sobre experiências memoráveis no estádio. Os vídeos são filtrados pela organização do Museu para serem transmitidas em televisão ao lado, posteriormente.

Minas Arena/Divulgação
“ABC do Futebol” apresenta, de forma interativa, uma enciclopédia do futebol mineiro: além de conhecer as regras, táticas e posições do jogo, os visitantes também têm acesso a um glossário do futebol. “Os imortais do futebol” são retratados na sala seguinte, que reproduz arquitetura clássica grega, de glorificação aos deuses. Os cronistas esportivos e as mídias que divulgaram o Mineirão ao longo dos anos são lembrados em “De olho na bola”.

Por fim, o futebol mineiro é destacado em “Campos Gerais”, espaço onde os visitantes encontram as placas em bronze cravadas com pés e mãos de grandes ídolos que passaram pelo estádio e objetos de colecionadores. Última sala do Museu, “O futebol e outras artes” apresenta o futebol como fenômeno cultural, através de video-instalações, imagens e textos.

A casa do Museu Brasileiro de Futebol

Diferentemente de outros espaços culturais, o Museu Brasileiro do Futebol é um dos poucos abrigados por uma casa que já carrega simbologia única. “Ter um Museu em um espaço desses para ajudar a problematizar foi um dos grandes ganhos. O Museu e a visita, não porque estou aqui dentro, é um dos legados da Copa. Propor uma visita com uma reflexão cultural, sociológica, construindo pensamento histórico sobre o estádio de futebol. O que acho intrigante é a gente receber de 300 a 500 pessoas por dia num
Minas Arena/Divulgação
estádio de futebol, em dia que não tem futebol. Porque a finalidade do estádio é receber jogo. E recebemos pessoas que vem conhecer o estádio quando não tem jogo. É um espaço cultural diferente dos demais, que traz as pessoas para refletir”, disse Thiago Costa.

Além da visita guiada ao Museu, o torcedor pode optar em ter um encontro especial com o estádio. São cerca de duas horas de visita nesta modalidade – 50 minutos dentro do MBF e os outros 50 no campo do Gigante da Pampulha. De acordo com Thiago Costa, não há uma pesquisa de público pronta, mas a maioria dos visitantes são homens – cerca de 60% - 20 a 40 anos, principalmente. O Museu recebe, por dia, de 300 a 500 visitantes.

Serviço

LOCAL Mineirão, av. Coronel Oscar Paschoal, snº, portão G2
*FUNCIONAMENTO Terça a sexta, das 09h às 17h, com permanência até as 18h
Sábado e domingo, das 09h às 13h, com permanência até as 14h
Em dias de jogos, eventos e feriados não há expediente
LINHAS DE ÔNIBUS 64, 67, 503, 504, 533, 639, 2004, 5102, 3301B, 3302D, S50, S51, S52, S53, S54
PREÇO O valor da visita ao museu é R$ 8, com meia-entrada para menores de 21 anos, estudantes, pessoas com deficiência e maiores de 60 anos. A visita ao MBF e estádio custa R$ 14, também com meia-entrada. Crianças até três anos não pagam. Guias de turismo credenciados também têm gratuidade.
INFORMAÇÕES (31) 3499-4312
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Tags: mineirão50 50anos especialmineirão50 estádio museu memória