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TORCIDA

Jornalistas estrangeiros defendem brasileiros e dizem que vaias nos Jogos são esperadas

"Não vejo como comportamento ruim. Penso que faz parte do jogo", disse um repórter

AFP / Johannes EISELE

Rio de Janeiro – O dia seguinte ao heroico ouro do paulista Thiago Braz no salto com vara foi marcado por declarações polêmicas do medalhista de prata, o francês Renaud Lavillenie, e sua comissão técnica. Minutos depois da derrota, Lavillenie criticou a postura da torcida brasileira, que o vaiou durante o salto, comparando a situação à vaia do público da Alemanha nazista a Jesse Owens, nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.

Lavillenie recuou de seu comentário. O jornal francês Le Monde chegou a publicar reportagem na qual o treinador de Lavillenie, Philippe d’Encausse, teria dito que Thiago conseguiu saltar 6,03m por “ter contado com a ajuda de forças místicas, talvez as do candomblé”. Porém, o repórter disse que a citação do candomblé foi uma “extrapolação pessoal” de entrevista com o técnico francês.

O comportamento da torcida já foi destaque internacional nos últimos dias, justamente pelas vaias e pelo barulho em momentos de concentração. “Foi uma péssima imagem para as Olimpíadas. Eu não fiz nada para os brasileiros. Estou muito, muito triste e desapontado com o público brasileiro que estava no estádio”, desabafou Lavillenie, campeão mundial em Londres’2012.

O jornalista francês Clement Repellin, do Canal +, considerou normal o comportamento da torcida. “Não vejo como comportamento ruim. Eu penso que isso faz parte do jogo. Aconteceria a mesma coisa em Paris, por causa da tensão, das fases da competição”, afirmou Repellin ao Estado de Minas. “O Lavillenie é bastante conhecido na França. Ele não é tão amado como Teddy Riner (o imbatível atleta do judô), por exemplo, que é uma grande estrela. Ele é um pouco ‘intocável’, bastante fechado”, explica Clement.

O jornalista mexicano Heriberto Murrieta, da ESPN México, também considerou as vaias nos Jogos Olímpicos do Rio como algo natural. “Os brasileiros são muito festivos e alegres, apoiam muito os atletas do Brasil. Vejo como normal o comportamento com os atletas estrangeiros”, avalia. “Quando eles (os atletas brasileiros) erram, são aplaudidos e incentivados. Quando acontecem as vaias, não creio que sejam por má-fé, é apenas um comportamento natural para os brasileiros”, comenta.

TENDÊNCIA PARA O JAPÃO Para o jornalista Yujin Kitagawa, da rede NHK do Japão, o comportamento também foi natural. Ele crê que o mesmo pode ocorrer em 2020, quando Tóquio sediará os Jogos Olímpicos. “A vaia faz parte da vida do atleta. Ele tem de saber lidar com isso e saber vencê-la. Acredito que daqui a quatro anos, isso também vai acontecer. Isso faz parte do esporte”, conta.

Em entrevista coletiva ontem, o campeão Thiago Braz da Silva contou que há mais de um ano Renaud não conversa com ele. “Faz um ano que não nos vemos muito. Ele mora na Itália e eu na França. Talvez esta seja a segunda competição que disputamos juntos. Acho ele um cara legal, muito talentoso, mas não posso dizer que é meu amigo próximo. Na verdade, não faço salto com vara para fazer amizades e sim para competir”, afirmou o brasileiro.

Tags: rio2016 jogos vaias brasileiros comportamento Jogos Olímpicos

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