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Ostarina: quais são os efeitos da substância que tirou Tandara de Tóquio?

Oposta do vôlei feminino foi pega em exame antidoping e deixou a Seleção na reta final do torneio; entenda efeitos do componente químico

06/08/2021 16:20 / atualizado em 06/08/2021 18:28
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Tandara foi suspensa preventivamente e precisou deixar delegação brasileira em Tóquio por teste positivo para ostarina em exame antidoping
foto: Angela Weiss/AFP

Tandara foi suspensa preventivamente e precisou deixar delegação brasileira em Tóquio por teste positivo para ostarina em exame antidoping


A oposta Tandara, da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, foi flagrada no exame antidoping nesta quinta-feira (5) e precisou deixar a delegação nos Jogos Olímpicos de Tóquio por suspensão. Os exames detectaram a presença de ostarina, um anabolizante, no corpo da atleta. Mas quais são os efeitos da substância proibida que tirou Tandara de Tóquio? O Superesportes ouviu especialista sobre o tema.

O teste foi realizado em 7 de julho, em Saquarema, no Rio de Janeiro, antes do embarque da Seleção Brasileira para os Jogos de Tóquio. Diante do resultado, a oposta precisou retornar ao Brasil e, agora, terá direito à defesa para provar sua inocência.

"A ostarina pertence a uma nova classe de agente anabolizante: os moduladores seletivos do receptor de androgênio (SARMs), ao qual se ligam os hormônios masculinos, incluindo a testosterona", explica Maria Elvira Poleti, professora da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

"Sendo assim, a ostarina tem o potencial de promover o aumento de massa muscular sem causar efeitos indesejáveis na pele, no cabelo e na próstata, comumente associados à testosterona ou outros agentes anabolizantes não seletivos", completou.

O Superesportes questionou Poleti sobre o tempo de permanência da ostarina no organismo e o principal 'benefício' de seu uso. "Depende da quantidade utilizada e da frequência do uso, mas alguns estudos mostram que há casos em que o uso de ostarina pode ser detectado em urina até 15 dias após o uso. O principal benefício para o atleta seria o ganho de massa muscular", afirmou Maria Elvira.

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, em abril deste ano, a Resolução (RE) 791/2021, que proíbe comercialização, distribuição, fabricação, importação, manipulação, propaganda e uso de produtos que contenham SARM, por conta de efeitos desconhecidos no corpo humano a longo prazo. 

"A Ostarina é uma substância não especificada, proibida em competição e fora de competição", informou, em nota, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).


Defesa crê em 'acidente'


Em nota, a defesa da oposta Tandara afirma crer em 'acidente' relacionado ao exame de doping que tirou a atleta dos Jogos Olímpicos de Tóquio. "Confiamos plenamente que comprovaremos que a substância ostarina entrou acidentalmente no organismo da atleta e que não utilizada para fins de performance esportiva", diz um dos trechos do comunicado.

"Ela pode ter consumido algum suplemento contendo a substância ilegalmente, já que não é permitido na sua composição", disse Maria Elvira Poleti.
 

Nota completa da defesa de Tandara

 
"Vimos, por meio desta, apresentar a seguinte nota sobre as recentes notícias envolvendo o resultado analítico adverso da atleta da seleção brasileira de voleibol, Tandara Alves Caixeta.
 
Como pode-se imaginar, a notificação de um resultado analítico adverso às vésperas de uma semifinal olímpica, ensejando o inesperado e abrupto corte da delegação, configura situação extremamente desgastante e traumática para qualquer atletas.
 
Poucos sabem mas anualmente são realizados cerca de 263 mil exames antidopagem no mundo, dos quais apenas 0,97% apresentam resultado analítico adverso, sendo certo que que menos de 0,40% dos casos de doping são de uso intencional de substâncias proibidas.
 
Recentemente, inúmeros atletas no Brasil foram vítimas de incidentes envolvendo a ostarina (SARM-S22), a ponto de a Anvisa intervir para proibir a comercialização de tal substância em território nacional.
 
Até o momento, sequer foi analisada a contraprova da urina da atleta (amostra B), portanto, salvo melhor juízo, não se afigura razoável qualquer pré-julgamento de uma atleta íntegra, sem quaisquer antecedentes e que há muito anos contribui para as conquistas do voleibol brasileiro.
 
Confiamos plenamente que comprovaremos que a substância ostarina entrou acidentalmente no organismo da atleta e que não utilizada para fins de performance esportiva.
 
Tendo em vista o segredo de justiça imposto ao processo, em respeito À ABCD e ao TJD-AD, por nossa orientação a atleta Tandara não se pronunciará até a decisão final sobre o caso".
 
Nesta sexta-feira (6), em entrevista ao programa da jornalista Fátima Bernardes, Adriana Behar, CEO da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), falou sobre os trâmites do processo:
 
"Como a notificação chegou praticamente a 24h de uma partida tão importante como hoje, foi praticamente impossível que a defesa fosse feita a tempo da atleta participar da reta final dos Jogos Olímpicos. Mas por ter direito a defesa é uma suspensão provisória. Só pode ser validada ou não em até sete dias, caso a atleta entre com o processo de defesa", afirmou. 

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