Estádio Mineirão, administrado atualmente pela Minas Arena, poderá ser repassado ao Cruzeiro
Representante do Atlético no Alterosa Esporte desta quarta-feira (5), Fael Lima questionou a possibilidade de o Cruzeiro assumir a gestão do Mineirão, papel exercido atualmente pela Minas Arena. Para o comentarista, a Raposa não é capaz de comandar o projeto devido a problemas financeiros e conflitos de interesse.
"Tendo a Arena MRV de concorrência, para jogos e eventos, o Mineirão vai arrecadar menos. Os investidores, sabendo que arrecarão menos, vão topar? E outro, quem está por trás da Minas Arena não tem força política? Vão perder dinheiro. Eu acho que não", disse Fael Lima.
"O Alexandre Kalil falou em 2013 que esse contrato não estava legal. E tem a dívida do Cruzeiro com a Minas Arena também. É uma dívida milionária. O clube que deve um bilhão e que não pagou conta no primeiro ano de SAF. Ele vai assumir mais R$ 400 milhões de dívida? Como? São interrogações que eu estou colocando como jornalista, sem provocação", completou.
Mineirão
Secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato revelou, em entrevista ao Superesportes no mês de agosto, que o estado cogita romper o contrato de concessão do Mineirão com a Minas Arena a partir de 2023 e promover uma nova licitação.
A medida teria como objetivo reduzir as despesas mensais do governo com os repasses previstos à operadora do estádio até 2037. Interessado em gerir o Gigante, o Cruzeiro acompanha esse processo de perto.
O eventual rompimento unilateral do contrato pelo estado está previsto na Lei nº 8.987, que trata das Concessões Públicas, mas exigiria que o governo indenizasse a Minas Arena à vista. Segundo Marcato, o valor estimado seria de R$ 400 milhões.
Desde 2013, o estado já pagou à Minas Arena R$ 1,054 bilhão como indenização pelos investimentos na reconstrução e na administração do Mineirão. Até o fim do contrato de concessão, com duração total de 27 anos, há a previsão de mais de R$ 800 milhões em repasses. A atualização da dívida é feita pela taxa Selic.
Cruzeiro é o maior interessado no Mineirão
O fim do contrato entre o governo estadual e a Minas Arena seria uma oportunidade, por exemplo, para o Cruzeiro Sociedade Anônima do Futebol (SAF), gerido por Ronaldo Fenômeno, se tornar candidato a assumir o Mineirão em novo processo licitatório.
A operação, no entanto, é complexa. O sócio majoritário da SAF cruzeirense precisaria reunir investidores para criar um novo consórcio capaz de atender às exigências do estado.
Esse novo consórcio, eventualmente composto pelo Cruzeiro SAF, teria que arcar, logo de início, com outorga de R$ 400 milhões. É com esse montante que o governo pretende indenizar a Minas Arena de forma antecipada para romper o vínculo atual.
Dívida do Cruzeiro com a Minas Arena
Desde julho, o Cruzeiro exerce o pagamento de uma dívida de cerca de R$ 11,2 milhões com a Minas Arena. No acordo homologado pela Justiça em novembro de 2020, o clube celeste se comprometeu a pagar o montante em 96 parcelas - cerca de R$ 116 mil cada uma. Sobre esse valor, ainda será acrescido correção monetária.
Se atrasar o pagamento das parcelas, o Cruzeiro terá de assumir multa de 2% e juro de mora de 1%. Se em algum mês o clube atrasar os valores por mais de 90 dias, perderá um desconto de cerca de R$ 12 milhões que foi oferecido pela Minas Arena na negociação.