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Fórmula 1: Saiba a razão de não ter brasileiros correndo desde 2017

Mesmo o Brasil sendo o terceiro país com mais títulos na história, há 4 anos não há nenhum brasileiro correndo em alguma equipe na Fórmula 1

postado em 10/12/2021 09:22 / atualizado em 05/01/2022 13:30

(Foto: Pixabay)

 
Desde 2017 não há um brasileiro correndo por alguma equipe da Fórmula 1, um dado melancólico para o país que é o terceiro com mais títulos na história – 8, atrás de Reino Unido e Alemanha – e com grande histórico de pilotos na maior categoria do automobilismo.
 
Esse desconforto é generalizado no Brasil ainda mais porque ainda há um grande interesse das pessoas pelas corridas. Estas são transmitidas pela BAND depois de décadas na Rede Globo, há jornalistas cobrindo com atenção o calendário e ainda temos o GP do Brasil, no histórico Circuito de Interlagos. Houve inclusive interesse do Governo Federal em construir um novo autódromo no Rio de Janeiro.
 
Então quais são as razões para não termos um piloto na Fórmula 1? 
 

Falta de talento?


São apenas 20 vagas na Fórmula 1 atual e cada posto é batalhado em voltas e mais voltas de teste, corridas das mais diversas categorias e diferenças de segundos e até milésimos. Ter um lugar na F1 não é uma tarefa fácil.
 
Uma matéria do site de apostas online Betway se debruça sobre a questão da Super Licença e também porque os pilotos brasileiros sumiram da categoria. Luciano Burti, que correu na Fórmula 1 em 2000 e 2001 e foi piloto de testes da Ferrari, apresenta vários pontos sobre essa ausência. Um deles é a falta de formação técnica e tecnológica que os pilotos de outros lugares, especialmente da Europa, têm logo quando são jovens. Nesse sentido, segundo a entrevista da Betway, teríamos ficado para trás.
 
O desenvolvimento de soluções tecnológicas no carro no fim dos anos 90 e começo dos 2000 corroboram com essa tese. Todas as nossas conquistas foram antes disso, com Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Nelson Piquet conquistando seus oito títulos somados nos anos 70, 80 e começo dos 90.
 
No pós-Senna tivemos bons pilotos, como Rubens Barrichello e Felipe Massa, que chegaram perto de terem seus títulos (especialmente Massa em 2008), mas nomes como Ricardo Zonta, o próprio Burti, Antônio Pizzonia e mais recentemente Nelson Piquet Jr., Bruno Senna, Lucas Di Grassi e Felipe Nasr não conseguiram ter grande impacto.

Investimento em dólar


Um dos grandes problemas na revelação de talentos no automobilismo é o altíssimo custo para ter um carro, competir, se manter e crescer nas categorias. Ainda mais com os carros sendo cada vez mais modernos e avançados.
 
Outro fator que dificultou a chegada de brasileiros à Fórmula 1 é o aumento do dólar. Se esse investimento já era alto para arcar – especialmente sem a ajuda de patrocínios – a desvalorização do real foi um complicador ainda maior.
 
Não é segredo para ninguém que muitas equipes dependem de patrocínios que pilotos “trazem” para sobreviver e serem competitivas. O brasileiro Felipe Nasr, por exemplo, deixou seu lugar na Sauber depois de não conseguir manter o patrocínio do Banco do Brasil. 
 
O heptacampeão Lewis Hamilton não escondeu seu desconforto e disse que a Fórmula 1 se tornou um clube de meninos bilionários. Dá para citar alguns nomes no grid atual que mesmo tendo se destacado em categorias inferiores, se mantém na Fórmula 1 pelos bolsos cheios de seus patrocinadores.
 

Isso pode mudar?


Por mais que seja um período de vacas magras, ainda há bons nomes no automobilismo brasileiro que podem sonhar com uma posição na Fórmula 1. Conquistar a superlicença não é nada fácil, assim como ter o dinheiro para disputar as chamadas “categorias de base” ou então ter patrocinadores de peso.
 
Mas mesmo assim é possível usar as regras desse jogo para brigar por uma das 20 vagas. Pietro Fittipaldi, por exemplo, é um piloto de testes da Haas e substituiu Romain Grosjean no grid. O brasileiro terminou a corrida na 17ª posição nas suas duas corridas em 2020. 
 
Caso você não tenha notado, o sobrenome diz muito. Pietro é neto de Emerson, sendo o primeiro duo avô-neto a correr na Fórmula 1. Filhos há vários: Max Verstappen, um dos grandes nomes da categoria, é filho de Jos Verstappen e Mick Schumacher é o filho do heptacampeão e lenda da categoria Michael Schumacher.