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Da C à semi com Atlético: presidente prevê Fortaleza sempre protagonista

Em entrevista ao Superesportes, Marcelo Paz repassou trajetória do Leão, que vive temporada histórica, busca reviravolta contra o Galo e é 3º no Brasileiro

postado em 27/10/2021 04:00 / atualizado em 26/10/2021 23:25

(Foto: Reprodução/Instagram @marcelopaz)
Foram oito sofridos anos na Série C do Campeonato Brasileiro até que, em 2017, as decepções ficaram para trás. Vice-campeão, o Fortaleza largou o fardo que tanto amedronta os gigantes afundados em crises. O sonhado acesso veio seguido de mais uma campanha vitoriosa: comandado por Rogério Ceni, o Leão do Pici foi campeão da Segunda Divisão e retornou à elite nacional, da qual não quer sair jamais, como conta ao Superesportes o presidente Marcelo Paz. E o trabalho tem sido executado nesse sentido. Após um 2019 promissor e um 2020 preocupante em campo, o clube vive um momento histórico. Nesta temporada, conquistou o Campeonato Cearense, é o terceiro colocado do Brasileirão e chegou à semifinal da Copa do Brasil pela primeira vez.

A tarefa de alcançar a decisão não é nada fácil. Afinal, o jogo de ida terminou com goleada do Atlético por 4 a 0 no Mineirão. Mas o Fortaleza ainda crê na reviravolta nesta quarta-feira, a partir das 21h30, no Castelão. "A gente já sabia que seria difícil antes mesmo do primeiro jogo, pelo poderio do Atlético. Após o primeiro jogo, a situação se complicou mais, uma diferença muito grande a ser tirada, mas vamos lutar até o final. A história mostra viradas improváveis que ficam na memória do torcedor, do futebol como um todo. É isso que a gente vai buscar", disse Paz.

Mesmo se não conseguir eliminar o Galo, o Fortaleza já terá superado as expectativas. Em campo, a batalha é para conquistar uma vaga inédita na Copa Libertadores. E isso tem sido cumprido pelos comandados do técnico Juan Pablo Vojvoda, "intrusos" entre os ricos Atlético, Palmeiras e Flamengo no G4 do Brasileiro. Fora de campo, a ideia é pavimentar o caminho para que o sucesso nacional deixe de ser "surpresa" e se torne recorrente.

Leia a entrevista com Marcelo Paz, presidente do Fortaleza

Superesportes: Presidente, a partir de 2017, o Fortaleza alcançou feitos em sequência: vice-campeonato da Série C, título da B, classificação à Sul-Americana, semifinal da Copa do Brasil e, agora, busca uma vaga inédita na Copa Libertadores. Fora de campo, o clube se reestruturou e consegue atrair profissionais renomados. Gostaria que o senhor fizesse, por favor, uma rememoração desses anos e das seguidas conquistas. A que o senhor atribui essa mudança de patamar do clube?

Marcelo Paz: "O trabalho que, quando a gente olha para trás, a gente nem acredita em tudo o que aconteceu. Em setembro de 2017, a gente estava na Série C, às vésperas do centenário do clube, sem saber se iríamos subir. O time era muito questionado. Internamente, com fé que seria o ano, depois de oito anos na Série C. Conseguimos subir, conseguimos o vice-campeonato da Série C.

As coisas foram acontecendo, veio o Rogério Ceni. Em 2018, ano do centenário, perdemos o Estadual, foi muita pressão e muita cobrança. Mas ganhamos a Série B, maior título da história do futebol cearense, com uma campanha irretocável, liderando 36 das 38 rodadas do campeonato, fazendo os 14 principais públicos da competição.

E 2019 foi um ano mágico, em que a gente conseguiu ser campeão estadual e campeão do Nordeste. Voltando à Série A depois de 13 anos, fizemos a melhor campanha até então de um clube cearense nos pontos corridos. O nono lugar nos deu vaga inédita na Sul-Americana. Era um sonho jogar uma competição internacional. Enfrentamos o Rey de Copas, o Independiente, fizemos dois grandes jogos. A torcida invadiu Buenos Aires, Castelão lotado no jogo de volta.

Depois, veio o bicampeonato estadual e uma Série A de 2020 com algumas turbulências, mudança de treinador, mas conseguimos nos salvar no final. Em 2021, tivemos o tricampeonato estadual invicto, campanha histórica na Copa do Brasil até aqui e uma campanha até aqui muito boa no Campeonato Brasileiro, já garantindo permanência na Série A para o ano que vem e podendo sonhar com coisas maiores. É uma história bonita, digna de ser contada. Paralelo a isso, a  gente vê a crescente estrutural do clube, de estrutura física, lojas, sócio-torcedor, marca, governança. Tudo isso é motivo para a gente se orgulhar bastante."

SE: Quais são as metas financeiras e esportivas do Fortaleza para os próximos anos?

MP: "Esportivamente, a gente quer se consolidar sempre na Série A, buscando competições internacionais. O campeonato estadual é sempre importante, vamos sempre brigar pelo título, assim como na Copa do Nordeste. Estar na Série A te dá uma condição financeira de sempre acreditar que dá para ser campeão da Copa do Nordeste.

Nossa base crescer cada vez mais, participar das melhores competições, participar de competições internacionais. O clube caminhando sempre para a autossustentabilidade, vendendo jogadores para financiar o próprio clube e investimentos nas categorias de base. E crescer o orçamento para poder, de alguma forma, brigar com os gigantes do país."

SE: Em campo, o Fortaleza chama a atenção do Brasil pelo estilo de jogo ofensivo e corajoso. Como se deu a escolha por Vojvoda? Crê ser possível virar o placar contra o Atlético-MG e avançar à final?

"O Fortaleza tem esse DNA de time ofensivo, de time que busca o gol. A gente teve isso muito forte com o Rogério e agora com o Vojvoda. Por isso contratamos o Vojvoda, porque queríamos um perfil de treinador e identificamos nele, apesar de não ser um nome conhecido aqui no futebol brasileiro. É o perfil que a gente acredita que seja o ideal para um clube como o Fortaleza.

E sobre virar sobre o Atlético, a gente sabe que é muito difícil. A gente já sabia que seria difícil antes mesmo do primeiro jogo, pelo poderio do Atlético. Após o primeiro jogo, a situação se complicou mais, uma diferença muito grande a ser tirada, mas vamos lutar até o final. A história mostra viradas improváveis que ficam na memória do torcedor, do futebol como um todo. É isso que a gente vai buscar."

SE: Que avaliação o senhor faz da gestão dos clubes mineiros? O Atlético com altíssimo investimento em busca de títulos, o América com orçamento mais baixo e perseguindo uma classificação inédita a um torneio continental e o Cruzeiro afundado em uma crise financeira e esportiva...

MP: "Os clubes mineiros têm três momentos bem distintos. O Atlético, turbinado por investimento apaixonado do pessoal da MRV, que admiro muito, também são patrocinadores do Fortaleza, fazem esse investimento legal, lícito, justo, do coração atleticano que vem do Rubens Menin, Rafael e outros apoiadores. Está brigando por hegemonia, chegou muito bem na Libertadores, deve ser campeão brasileiro e com ótima campanha na Copa do Brasil. É um clube que tem estrutura, não é só o dinheiro. Tem a Cidade do Galo, está investindo em estádio, tem um departamento de marketing que está evoluindo muito, cresceu número de sócios, lançando camisa. Não é só recurso que vem de fora, tem gestão também com o presidente Sérgio (Coelho).

O América sempre naquela batida de um clube organizado, que sabe os seus limites, que investe em estrutura e tem gente que comanda o futebol há bastante tempo, como o (Marcus) Salum. Agora, caminha para clube-empresa e a gente vai ver o resultado disso. É um clube que a gente tem muito respeito.

E o Cruzeiro, que é um gigante, multicampeão, que teve muitas dificuldades recentes, todo mundo sabe o que aconteceu, virando, inclusive, páginas policiais. O presidente Sérgio (Santos Rodrigues) pegou um abacaxi enorme, que ele está tentando resolver, com muitas dificuldades, porque são dívidas, falta de credibilidade. Mas é uma instituição enorme, que precisa voltar à Série A. Enquanto não voltar à Série A vai ficar sofrendo muito. Todo o foco deve ser na questão esportiva de voltar à Série A para melhorar a receita e voltar a ser o gigante que sempre foi."


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