America-MG

Prezado amigo Afonsinho

Em maio de 1975, o polêmico armador veio para o América

Eugênio Moreira

Armador, que entrara em litígio com o Botafogo por causa da barba e dos cabelos compridos, acertou com o América em maio de 1975
Afonsinho foi um principais rebeldes do futebol brasileiro. Contestador, mais inteligente que a maioria dos companheiros de profissão e formado em medicina, o jogador conseguiu o passe livre no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em março de 1971, depois de ficar oito meses encostado no Botafogo, com o contrato suspenso. A diretoria alvinegra o impediu de treinar enquanto não retirasse a barba e os cabelos compridos que passou a usar depois de voltar de empréstimo ao Olaria, em julho de 1970.


Em maio de 1975, após passar novamente pelo Olaria (em 1971, 1973 e 1974), defender Vasco (1971), Santos (1972) e Flamengo (1973/1974), o polêmico armador veio para o América. Os entendimentos foram iniciados pelo novo vice-presidente do Coelho, Maurílio Brandão, no Rio de Janeiro. Afonsinho estava sem clube desde que deixara o da Rua Bariri, no início daquele ano.

O acerto foi feito em 23 de maio, quando o jogador veio a Belo Horizonte. “Quem pensou que o América estava blefando ou iludindo sua torcida agora tem de aceitar a realidade dos fatos. Afonsinho foi apresentado ontem aos seus novos colegas do América, no Estádio Independência”, anunciou o Estado de Minas do dia seguinte. O primeiro a abraçá-lo foi Buglê, com quem havia atuado no Vasco.

Afonso Celso Garcia Reis, natural de Marília (SP), emprestou seu passe ao América até dezembro, por Cr$ 4.500 mensais, com direito a correção monetária de três em três meses. O clube até colocou à disposição do jogador a Clínica Infantil Santo Agostinho, na qual poderia exercer a medicina, mas o armador, de 27 anos, decidiu que ainda não era momento de iniciar a nova profissão.

ESTREIA

Seu primeiro treino foi no dia 28, no campo do Itaú, na Cidade Industrial, sob o comando do treinador Cento e Nove. Agradou tecnicamente, mas ainda precisava recuperar o condicionamento físico. “Não sei até que ponto eu posso ajudar e nem conheço a capacidade dos jogadores. Porém você pode estar certo: eu prometo dedicação e amor ao América, o que sempre fiz em todos os times por onde passei”, declarou ao EM, em 1º de junho.

A estreia ocorreu em amistoso contra o Atlético, em 5 de junho, no Mineirão. A partida foi marcada especialmente para que Afonsinho fizesse seu primeiro jogo com a camisa do Coelho. O confronto terminou 0 a 0, e o estreante teve “atuação regular, como estava previsto”, segundo o EM.

Depois de deixar o América, com dificuldade para conseguir clube, ele montou o time Trem da Alegria, com ex-jogadores, para fazer jogos de exibição pelo país. Afonsinho encerrou a carreira no Fluminense, em 1981.