America-MG

Hoje na Segunda Divisão da Colômbia, armador Luciano lembra passagem vitoriosa pelo América

Com dois títulos e três acessos, jogador tem muita importância na história do clube

Rafael Arruda

Luciano participou da conquista do Módulo II de 2008, da Série C de 2009 e da ascensão à elite nacional

Se o América disputa hoje o acesso à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, precisa agradecer muito a Luciano Martins, armador que defendeu as cores do clube entre 2007 e 2012. Afinal, o jogador foi um dos responsáveis pelo ressurgimento do clube no cenário nacional do futebol. Depois de o time alviverde amargar o rebaixamento ao Módulo II, em 2007, Luciano participou da campanha de acesso à elite mineira no ano seguinte, do título da Série C de 2009 e da subida à elite na Série B de 2010. Em seis temporadas, consolidou-se como um dos maiores ídolos da história do Coelho. Hoje, o meia-atacante de 30 anos, que assinou contrato com o Unión Magdalena, da Segunda Divisão Colombiana, relembra com carinho o período vivido no CT Lanna Drumond: “Sem dúvidas foi a fase mais importante da minha carreira”, diz Luciano à reportagem do Superesportes.


“Foram mais de cinco anos de clube. Sou muito grato por tudo que o América representa para mim e para minha família. Independentemente da situação, sempre estarei torcendo pelo América. Tenho muitos amigos no clube, continuo acompanhando e sigo torcendo para que o clube alcance seus objetivos”, acrescenta o jogador.

Revelado no Vila Nova-GO, em 2003, Luciano passou pelo Santa Cruz antes de assinar contrato com o Coelho, em 2007. O começo não foi nada fácil. Salários atrasados, estrutura precária e o fundo do poço com a queda ao segundo escalão do futebol mineiro. Mas nada disso abalou a confiança do jogador. “O América se encontrava numa situação difícil. Primeiro na Série C. Depois, a Segunda Divisão do Mineiro. O clube deu um passo atrás, mas depois deu três para frente. O clube conseguiu crescer”, pontua o armador, referindo-se às conquistas do Módulo II de 2008 e da Série C de 2009.

Em 123 jogos, Luciano marcou 29 gols com a camisa do América. Na primeira temporada foram apenas três (todos na Taça Minas Gerais). Em 2008, balançou a rede 14 vezes. De 2009 a 2012, o jogador teve de conviver com várias lesões e acabou anotando apenas 12 tentos pelo clube. Não fossem os contratempos, os números poderiam ser muito melhores.

“As lesões me prejudicaram muito no América. E na época o clube não tinha a mesma estrutura de hoje. Questão de academia, suplementos, enfim... todos os aspectos. Sempre fui um jogador que se desgastava muito nos jogos e na Série B, muitas partidas em cima – terça, sexta, sábado –, acabei sofrendo muitas lesões. Às vezes voltava no sacrifício para ajudar, então fiquei prejudicado. Hoje o América está com uma estrutura de primeira linha, com academia, fisiologia, etc. Está pronto para subir à Série A e permanecer por lá”, comenta.

Luciano defendeu o América entre 2007 e 2012, disputando 123 jogos. Ao todo, o armador marcou 29 gols

Convivência com Givanildo Oliveira e título da Série C

Entre tantos amigos que deixou no América, Luciano se emociona ao falar de um em especial: o técnico Givanildo Oliveira. A relação entre os dois chega a ser de pai para filho. É o que revela o jogador. “Ele tem seu jeito de valente, de bravo, mas por dentro é um verdadeiro pai. Um dos melhores treinadores que trabalhei na minha vida. Pelo caráter, pelo coração que tem. É muito difícil encontrar um cara que nem ele no futebol. Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de ter trabalhado com ele no América e também no Treze da Paraíba”.

Com Luciano e Givanildo, o América conquistou a Série B, em 2009, fazendo uma campanha incontestável. Venceu nove jogos, empatou dois e perdeu apenas três. Foram 29 gols marcados e 17 sofridos. “Foi sensacional conseguir o título da Série C, que nos deu um acesso tão importante. O América fez por onde durante toda a competição. A equipe foi muito bem. A união do grupo fez a diferença”, relembra Luciano.

Além da Série C, Givanildo foi o responsável por comandar o Coelho em outro título nacional importante: a Série B de 1997. Quase 18 anos depois da conquista nacional, o Coelho tenta novamente batalhar pelo acesso à elite. Na visão de Luciano, as perspectivas são as melhores possíveis em 2015. “Estou acompanhando muito. O time bateu na trave nas duas últimas vezes. Acho que este ano vai brigar lá em cima. Tem um grupo forte, jogadores experientes e principalmente estrutura de Série A”.

Cruzeiro, Atlético e futebol colombiano

Luciano chegou a ser pretendido pelo Atlético
Quando atravessava boa fase no América, Luciano era frequentemente especulado em Cruzeiro e Atlético. O clube celeste, inclusive, chegou a formular uma proposta de compra de 50% dos direitos econômicos do jogador, mas o presidente Antônio Baltazar descartou a negociação. “Meu agente me confirmou a proposta do Cruzeiro, mas o clube não quis liberar”, revela o atleta. Em 2008, a diretoria do Coelho chegou a divulgar que o Atlético estaria interessado nos serviços do meia-atacante, porém o então diretor de futebol do clube, Alexandre Faria, desconversou a situação apesar de achar o jogador “interessante”.

Luciano ainda teve oportunidade de ir para o futebol português. Antônio Baltazar, contudo, novamente vetou a transferência. Sem mágoas dos antigos dirigentes alviverdes, o jogador diz que ainda tem muita lenha para queimar no futebol e vê com bons olhos a oportunidade de vestir a camisa do Unión Magdalena, clube que revelou Carlos Valderrama, camisa 10 da Seleção Colombiana nas Copas do Mundo de 1990, 1994 e 1998. É a primeira experiência de Luciano fora do país.

“Estou muito feliz com a proposta que a equipe fez, com o empresário que nos trouxe. Foi o Paulo Roberto, de São Paulo, que nos levou para a Colômbia. Junto comigo veio o Leandro Franco, um jogador bastante rodado nesses países vizinhos. É experiente e conhece bem aqui. Fomos contratados para ajudar a equipe. O Unión Magdalena é uma boa equipe, de tradição na Colômbia, que revelou o Valderrama para o futebol. Estou contente com a oportunidade. É a primeira vez jogando fora do país e a expectativa é muito boa”, frisa o meio-campista, que também passou por CRB, Ituano, Araxá, Nacional-AM, Treze-PB e Anápolis-GO.

Disputada por 16 clubes - os dois primeiros ascendem à elite -, a Segunda Divisão do Campeonato Colombiano começará dia 11 de julho. O Unión Magdalena estreia fora de casa contra o Barranquilla.

Ao lado de Leonardo Franco, meia Luciano (d) jogará Segunda Divisão Colombiana pelo Unión Magdalena

Três perguntas para Luciano, ex-armador do América

Primeiro, a queda no Mineiro. Depois, os títulos do Módulo II, da Série C e a subida à Série A. Como foi fazer parte de tudo isso?

“O América se encontrava numa situação difícil. Primeiro na Série C. Depois, a Segunda Divisão do Mineiro. O clube deu um passo atrás, mas depois deu três para frente. Durante esse tempo, formamos um família. O Flávio goleiro, o Dudu volante, eu, o Preto, o Leandro Ferreira... jogadores que ficaram no clube por muito tempo. E tinha o Euller, um dos mais importantes do clube. Ele sempre nos orientava e dava uma força muito grande. Creio que isso foi um dos fatores positivos para o crescimento do América. E a diretoria, com o Alexandre Mattos, que fez as contratações, também contribuiu muito. Foi um momento muito difícil cair para o Módulo II, mas eu sabia que tudo isso aconteceu para que o América pudesse crescer. Ganhamos a competição, retornamos à Primeira do Mineiro e no ano seguinte ganhamos a Série C do Brasileiro. Tudo foi acontecendo com muito trabalho. E com a volta do Marcus Salum e a chegada do professor Givanildo, o América cresceu muito. Além disso, os jogadores que eu falei ficaram por muito tempo no clube e ajudaram nessa evolução. Foi sensacional conseguir o título da Série C, que nos deu um acesso tão importante. O América fez por onde durante toda a competição. A equipe foi muito bem. A união do grupo fez a diferença. E a diretoria manteve grande parte do grupo para a Série B, que voltou a corresponder e conseguiu o acesso à Série A. Quase ninguém acreditava, mas nós surpreendemos ao ficarmos na quarta posição”

Por que o América não se firmou na Série A de 2011?

“Pelo nível da Série A, acho que o América precisaria de jogadores mais experientes para não passar a dificuldade de jogar. Começamos a perder alguns jogos bobos, ficamos desesperados e não tivemos aquela maturidade para suportar a experiência da competição. Também faltou tranquilidade, tanto por parte da diretoria quanto de nós jogadores. Além disso, foram várias mudanças no comando: Mauro Fernandes, Antônio Lopes e por último o Givanildo”.

Quais são os planos para a sequência da carreira?

“Estou muito feliz com a proposta que a equipe fez, com o empresário que nos trouxe. Foi o Paulo Roberto, de São Paulo, que nos levou para a Colômbia. Junto comigo veio o Leandro Franco, um jogador bastante rodado nesses países vizinhos. É experiente e conhece bem aqui. Fomos contratados para ajudar a equipe. O Unión Magdalena é uma boa equipe, de tradição na Colômbia, que revelou o Valderrama para o futebol. Estou contente com a oportunidade. É a primeira vez jogando fora do país e a expectativa é muito boa;. Pretendo jogar fora. No Brasil, com 30 anos, já fica complicado você conseguir um contrato bom. E eu sempre gostei de desafio. Essa ida para a Colômbia me abrirá muitas portas, pois pretendo jogar por mais tempo. Os clubes de fora valorizam bastante os jogadores brasileiros, e eu quero aproveitar isso para poder crescer”