America-MG

Manhã solidária no Lanna Drumond: América recebe crianças em tratamento contra câncer

Ação foi idealizada por jogadores Tony e Messias e preparador físico Wellington Vero. Crianças fazem parte da Casa de Acolhida Padre Eustáquio, no Bairro São Luiz, em BH

Rafael Arruda

Em atitude solidária, jogadores do América deram alegria às crianças que foram ao Lanna Drumond

Definitivamente, futebol não se resume a um jogo. Não são apenas 22 homens correndo atrás da bola. É bem mais que isso. Na manhã desta quinta-feira, logo depois do treino recreativo que encerrou a preparação para o jogo com o Oeste, o grupo do América deu uma goleada de solidariedade. O CT Lanna Drumond recebeu visitas de crianças que estão em tratamento contra o câncer e são auxiliadas pela Casa de Acolhida Padre Eustáquio (CAPE), localizada no Bairro São Luiz, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. A iniciativa de proporcionar um dia de sorrisos aos pequenos partiu do armador Tony, do zagueiro Messias e do preparador físico Wellington Vero. Os três estiveram na CAPE e conheceram o trabalho realizado pela organização sem fins lucrativos.


“Nós acreditamos no trabalho deles. Como não há apoio governamental, tivemos a ideia de proporcionar isso. Fiquei muito feliz e tenho certeza que eles ficaram também”, justificou Tony, ao ser perguntado a respeito da iniciativa.

Ao acompanhar o projeto, Tony, pai de duas filhas gêmeas de quatro anos, comentou que a aceitação dos colegas ocorreu por unanimidade. “Tenho duas filhas e imagino como seja o sofrimento dos pais ter que lidar com essa doença. Esse câncer é uma coisa bem difícil. Quando chegamos com a ideia, o pessoal aceitou na hora. Esse grupo é bem bacana, um dos melhores que já trabalhei. Foi muito legal reunir o pessoal”.

A manhã foi de muita animação no Lanna Drumond. A CAPE, que atende mais de 60 pessoas, levou 11 crianças ao CT alviverde. Com direito a lanche reforçado (salgadinhos, sucos e doces), apresentação teatral e bate-bola com os jogadores dentro de campo, os meninos se divertiram muito. Manoel Lucas, de 10 anos, sonha em ser jogador de futebol quando crescer. “Quero entrar e fazer gols”, disse o garotinho, que mostrou muita intimidade com a bola ao fazer várias embaixadinhas.

O “parceiro de ataque” de Manoel foi o armador Mancini. Depois do treino, o experiente jogador, ainda calçado, correu para o gramado e trocou passes com os pequenos. “São crianças que precisam de atenção e carinho. Muita gente tem tudo, uma saúde de ferro, e ainda reclama. E essas crianças lutam diariamente pela vida e estão aqui sorrindo. O que pudermos fazer por isso, nós vamos fazer”, frisou o veterano de 35 anos.



A instituição

Há dois anos em funcionamento, a Casa de Acolhida Padre Eustáquio vive de donativos de pessoas comuns e empresas. De acordo com Simone Souza, coordenadora do projeto, os custos mensais chegam a R$ 100 mil (Clique aqui e saiba mais sobre a organização).

“A maior parte dos recursos vem da Associação Dona Lucinha, que é a mantenedora, de pessoas e empresários. Nós recebemos doações de alimentos e materiais. Nós ainda não temos isenção fiscal e pagamos impostos. É um custo muito alto”, revelou Simone.

Segundo a coordenadora, a visita ao CT Lanna Drumond pode contribuir de maneira significativa para elevar a autoestima das crianças que enfrentam diariamente uma difícil batalha contra o câncer. “Eles têm uma rotina diária de tratamento médico. Então quando têm a oportunidade de sair, ficam felizes. São fanáticos por futebol, tanto as meninas quanto os meninos”.

Exemplos recentes

A atitude dos jogadores americanos é mais uma prova de que o futebol pode ser utilizado para disseminar o bem. No domingo, o garoto Matheus Teodoro, de 6 anos, entrou em campo com a equipe do Cruzeiro na partida contra o Fluminense, no Mineirão. Nos braços do atacante Willian, o pequeno torcedor, que sofre de displasia neuronal intestinal – doença rara que lhe impede de se alimentar por vias naturais –, teve o nome gritado pela torcida celeste e foi “pé quente”, já que a Raposa venceu por 2 a 0. Agora, há uma mobilização na internet em prol de arrecadação de fundos para Matheus conseguir realizar tratamento em Miami, nos Estados Unidos.

Há alguns dias, o atacante Rubens, do Coelho, visitou o setor de Oncologia Pediátrica da Santa Casa e, junto da namorada, Isabela, distribuiu vários presentes às crianças.

Idealizador da ação solidária desta quinta-feira, Tony espera que o exemplo se espalhe por todo o Brasil. “Eu gosto de ajudar, mas não para aparecer. Se pudesse, nem precisaria de fotos e repercussões. Mas entendo o trabalho da imprensa, sei que vocês precisam mostrar isso. Tenho certeza que há muitas pessoas que não aparecem e ajudam. E o futebol, por ser um esporte influente no país, pode ser uma arma do bem para ocorrer outras situações do tipo”, encerra o jogador.

Zagueiro Messias (foto) e meia Tony idealizaram ação para crianças da Casa de Acolhida Padre Eustáquio