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OPINIÃO

Escolhas malsucedidas encerraram quarta passagem de Givanildo Oliveira pelo América

Insistência com atletas em má fase foi um dos motivos para a queda de técnico

postado em 04/06/2016 09:44 / atualizado em 04/06/2016 09:49

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Givanildo Oliveira merece todo o respeito da diretoria e da torcida América, mas não pode ser isento de culpa pelo desempenho desanimador do time no começo do Campeonato Brasileiro. Afinal, ele e o assistente técnico Cláudio Prates tiveram suas parcelas de responsabilidade tanto em decisões malsucedidas quanto na montagem do elenco, que perdeu atletas titulares por lesão e não encontrou em seu banco de reservas a devida reposição. A saída do pernambucano de 67 anos após a derrota de quinta-feira para a Ponte Preta (2 a 1), resultado que manteve o Coelho na lanterna da competição, com dois pontos em cinco jogos, esteve longe de ser surpresa para torcedores e profissionais que acompanham o dia a dia do clube.

As dificuldades já eram evidentes no Campeonato Mineiro. O título conquistado na base da raça “maquiou” as deficiências da equipe, classificada apenas na quarta colocação e sem ganhar um jogo sequer fora de Belo Horizonte (perdeu para Guarani, Tricordiano e Tombense e empatou com a URT). O gol de empate do lateral-esquerdo Danilo na decisão contra o Atlético quebrou um jejum de 16 anos do time sem vencer o Estadual, contudo não corrigiu os problemas visando à Série A.

Na elite nacional não havia espaço para invenções e nem insistências com atletas em fase ruim. Mas Givanildo teimou. Na estreia diante do Fluminense, preferiu improvisar o zagueiro Artur na lateral direita, mesmo depois de ter solicitado à diretoria a regularização de Hélder no BID da CBF. Teve muita paciência com o inconstante Rafael Bastos, que viveu de lampejos e um gol marcado quase do meio-campo num clássico contra o Atlético. Talvez tenha sido o jogador mais contestado pela torcida americana nos últimos tempos. Apostou bastante no inseguro Sueliton, de rebaixado à Série C com o ABC a zagueiro titular do Coelho na Primeira Divisão. Esgotou todas as forças do veterano Leandro Guerreiro, de 37 anos, em natural desaceleração do condicionamento físico por causa da avançada idade.

O excesso de lesionados também foi problema para Givanildo. No departamento médico estão jogadores de extrema importância, como o volante Pablo, os armadores Tony e Osman e os atacantes Victor Rangel e Borges. Talvez com todos os atletas à disposição, o América não se encontraria numa situação tão desconfortável na tabela. Porém, o número de contusões poderia ser menor se o treinador optasse pelo rodízio de peças em determinadas partidas e os escalasse somente em condições físicas adequadas. O entrosamento entre os suplentes, por exemplo, deveria ser aprimorado em coletivos e treinos técnicos.

Givanildo é, sim, o maior treinador da história do América. Ganhou a Série B em 1997, a C em 2009 e o Mineiro em 2016. Comandou o time em 235 jogos, conquistou mais de 100 vitórias e não à toa virou cidadão honorário de Belo Horizonte. Suas convicções, entretanto, já não eram mais compatíveis com a atuais condições do clube. A diretoria, que reconhece a falha no planejamento para a Primeira Divisão, deve apostar as fichas no português Sérgio Vieira, compatriota do cruzeirense Paulo Bento.

Prever que Vieira conseguirá salvar o Coelho do descenso? Difícil, pois o treinador pegará a equipe no decorrer do Brasileiro e precisará, o mais rápido possível, conhecer o grupo a tempo de começar uma reação. Quanto ao demitido Givanildo, fica a sensação de que ele cavou o próprio buraco nesses últimos meses e fez, junto do assistente Cláudio Prates – que segue no clube –, escolhas equivocadas até chegar ao fim de sua quarta e duradoura passagem de 625 dias pelo Lanna Drumond. Sorte ao Rei do acesso em seus novos caminhos.

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