Superesportes

AMÉRICA

Entrevista: Enderson analisa chances do América, permanência no clube e planejamento para 2017

Treinador concedeu entrevista ao Superesportes e falou sobre a boa sequência vivida pelo Coelho, saída de contratação badalada, mudanças e aproveitamento da base

Túlio Kaizer
Enderson Moreira vive bom momento no comando do América e completa 45 anos de vida em alto astral - Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press

É dia de “festa” no AméricaO técnico Enderson Moreira completa, nesta quarta-feira, 45 anosO presente desejado pelo treinador é o mesmo que o torcedor do Coelho sonha em todos os dias: a permanência do clube na Série A do Campeonato Brasileiro

O comandante acredita na campanha de recuperação, mas admite que já trata o planejamento para a próxima temporada em duas frentes: uma pensando na permanência na elite e outra imaginando a possível quedaE, em qualquer uma delas, Enderson Moreira pensa em dar continuação ao seu trabalho no América

Em entrevista exclusiva ao Superesportes, o técnico do América afirmou que, mesmo que receba uma proposta para dirigir outro clube no próximo ano, pensa em continuar exercendo sua função no CoelhoEle ainda comentou a saída de Eisner Loboa, colombiano que veio para o América com um salário astronômico e só jogou 36 minutos e também os desafios de trabalhar com nove presidentes

Confira a entrevista completa de Enderson Moreira ao Superesportes

Nesta quarta-feira você completa 45 anosEsse reconhecimento do bom trabalho feito no América é o seu maior presente?

Sinceramente, gostaria de ganhar um outro presente, que o torcedor americano também gostaria muito, que é de comemorar, no fim do ano, como se fosse um título mesmo, a permanência do AméricaÉ uma situação muito complicada, muito difícilMas é um presente participar do crescimento da equipe, ver os atletas se dedicando muito, fazendo bons jogos, honrando muito essa camisa tão tradicional do América
Espero que a gente possa continuar fazendo isso durante as últimas 11 rodadas do campeonato.

Enderson afirmou que, caso o América queira, vai continuar no comando do clube em 2017 - Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A PressVocê chegou com o rebaixamento do América quase que concretizadoIsso fez o seu trabalho ser um pouco mais leve, e os jogadores se apegarem mais ao seu estilo de trabalhar?

Acho que num primeiro momento nãoNo começo, todos viviam a expectativa que a gente pudesse pegar uma sequência de vitóriaTivemos bons jogos, uma sequência de bons resultadosLogo em seguida, tivemos uma sequência de derrotasFoi um momento extremamente complicadoHoje, a equipe está mais tranquila, mais ciente do que pode ser feito, mais consciente do que é necessário fazerHoje, a gente está mais “tranquilo” diante dessa situação, que é extremamente complicada.

O América vem de uma boa sequência no Campeonato BrasileiroVocê acha que bons resultados fora de casa nessa sequência podem dar um novo gás na sequência da briga contra o rebaixamento?

Estivemos muito perto da primeira vitória fora de casa em duas situaçõesNo jogo contra o Sport, levamos o empate no último lance, e no jogo contra o Figueirense, que mesmo saindo perdendo por 2 a 0, buscamos o empate e criamos oportunidades para virar o jogo
Isso tudo para mim faz parte da maturação de uma equipeConseguir virar jogos, vencer fora de casa, reverter situaçõesA gente tem expectativa que isso possa acontecer na próxima rodadaEles têm atletas de altíssimo nível, têm feito jogos bons diante de adversários capacitadosA expectativa é que, mesmo com todas as dificuldades, a gente consiga fazer um bom jogo contra o Coritiba.

Se o rebaixamento for mesmo confirmado, como fica a sua situação no América?

Vim para o América com o contrato até 30 de junho de 2017Gosto de cumprir meus contratosUm contrato tem cláusulas de quebra para os dois ladosSe for interessante para o América a continuidade, vai ser um grande prazer para mim participar da reconstrução, do planejamento para 2017O principal desafio para o América é passar por esse momento fortalecido, com uma bagagem maior, uma maturidade maior, tendo mais certeza do que dúvidasIsso é fundamental para que, mesmo que a gente seja rebaixada, a gente possa ter uma equipe competitiva e tenha a chance de retornar à elite já imediatamente.

E como está o planejamento para o próximo ano? As mudanças já começaram a ser discutidas?

Existem alguns indícios de conversas de planejamento, mas nada que possa ser repassado, até porque ainda não é o momentoAinda estamos em setembroA gente ainda está na briga, temos que nos concentrar nissoNós nos aproximamos de algumas equipesÉ importante manter essa chama vivaNão é momento de conversar sobre issoEstou fazendo uma avaliação muito criteriosa sobre o nosso elenco, sobre os atletasA medida que os jogos vão acontecendo, vamos tendo uma visão mais detalhada do que temos em mãos, para que a gente possa fazer os movimentos necessários no fim do ano.

Pelo seu bom trabalho no América, caso aconteça o rebaixamento e surja proposta de outro clube da Série A, você continuaria no Coelho?

Eu gosto de cumprir os contratosNão tenho nenhum tipo de interesse em sairMeu foco é o AméricaMas tem que ser uma coisa que seja boa para os doisTalvez, no fim do ano, o América tenha outro pensamentoMeu objetivo é claro, de permanecer, cumprir o contrato, fazer o que foi combinadoMinha expectativa é de dar continuidade a esse processo, para ter o América em 2017 mais forte do que agora.

Você chegou com o time em uma grande criseOnde acha que o América errou no planejamento deste ano?

É difícil falar assim, não estava presente nos momentosMas tudo que aconteceu de errado, de alguma forma, serve para buscar outros caminhosTenho certeza absoluta que os erros foram no sentido de poder acertarNinguém erra porque quer errarErra porque está tentando achar um caminhoSe a gente não conseguir permanecer na Série A, temos que ter consciência que nem tudo foi erradoNós temos bons atletas, qualificados, que serão muito importantes em 2017Assim também, como se a gente conseguir ficar na Série A, temos que entender que não está tudo certo, que tem muita coisa para ser ajustadaEssa frieza na avaliação que é muito importanteTem que ter consciência de que, quando ganha, não está tudo certo, e quando perde, está tudo errado

Técnico afirmou que saída de Eisner Loboa do clube foi decisão da diretoria do América - Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A PressO América contratou 30 jogadores neste anoMuitos não estão mais no clube e alguns nem jogaramMas um caso chama a atenção que é o do LoboaEle veio como um grande investimento da diretoria e atuou por apenas 36 minutos e foi dispensadoComo foi possível avaliar um jogador e liberá-lo com tão pouco tempo de jogo?

A direção teve a atitude de tirar o jogadorEu respeito muitoEle estava integrado ao nosso trabalhoTodo jogador que vem de fora passa por um processo de adaptaçãoTem que ter muita força de vontadeNunca tive problemas com ele, que veio e participouA diretoria decidiu interromper o trabalho dele e teve seus motivosEstava acompanhando o processo de adaptação deleA gente estava dando um tempo necessário para ele se adaptar a essa nova realidade.

Por falar em jovens jogadores, você tem dado oportunidade para alguns, especialmente Roger e MatheusinhoQual o seu estilo para trabalhar com atletas revelados pela base?

O América tem a tradição de ser uma grande escolaÉ um caminho maravilhoso como um clube formadorA oportunidade não é dada, é conquistadaTanto o Matheusinho, como o Roger e o Christian aproveitaram essas oportunidadesTemos outros da base como o Xavier, Makton, Messias, Sávio, Vitinho, Renato Bruno, GlaucoSão atletas que estão buscando e conquistando seu espaçoNão tenho uma “obrigação” de lançar garotosEu sempre coloco para jogar, independentemente de idade, os jogadores que acho que estão vivendo o melhor momento tecnicamenteFoi o caso do Matheusinho e do RogerEles estão vivendo um momento muito bomExiste uma competição muito abertaNão chego em um clube separando quem é da base e quem não éTento trabalhar com as mesmas oportunidades para todos, tentando ser justo com todos os atletas.

Como é trabalhar com nove presidentes? Existem divergências? Existe uma cobrança de um e outro não cobrar pela mesma coisa?

É inédito na minha carreiraNunca tinha passado por essa situaçãoNão tento pensar muito nissoÉ difícil agradar a todosÉ complicado agradar um presidente, imagina noveÉ um exercício contínuo de democracia, saber escutar, esperar sua vez de falar, aceitar a decisãoA decisão que sai dali é uma decisão que vale para todosNão adiantar falar que foi contrárioA partir do momento que tomam uma decisão, em uma votação, independentemente do resultado, é uma ideia de todos que prevaleceNão é fácil, mas tem muita coisa positiva, quando tem mais pessoas para discutirem um assunto.

Como é seu relacionamento com o departamento de análise de mercado e observação de jogadores pensando em 2017?

Tenho contato com elesEsse departamento te oferece as informaçõesEles não falam quem você deve contratarEles oferecem inúmeras oportunidadesSe você quer um zagueiro rápido, eles apresentam opções dentro do mercadoMas a decisão sempre é do treinador, juntamente com a diretoriaEsse departamento funciona como uma ferramentaEles não têm o poder de chegar e contratar um atletaMas é uma conversa sempre bacana, proveitosaA gente sempre troca ideias e informações sobre atletasA contratação de um atleta não pode ser feita por achismo, por vídeoPrecisamos de outras informações, precisamos de outras fontes para dissecar melhor a contratação que você está trazendo para sua equipeA gente sempre vai errar, mas temos que tentar minimizar o erroIsso ajuda muito, saber qual o tipo de atleta que está trazendo para o seu clube, em questão comportamental, de personalidade, aquilo que ele pode produzir dentro de campo e o que é o jogador fora das quatro linhas.