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Próximo rival do América, Internacional tem 2ª melhor campanha do returno

Colorado tem 72,2% de aproveitamento, até então, na segunda metade do Campeonato Brasileiro; equipe gaúcha não perde em casa há mais de três meses

11/10/2021 12:15
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Internacional vive ótima fase na Série A do Campeonato Brasileiro
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Internacional vive ótima fase na Série A do Campeonato Brasileiro


Próximo rival do América na Série A do Campeonato Brasileiro, o Internacional tem a 2ª melhor campanha do returno. Com quatro vitórias, um empate e uma derrota, o Colorado soma 72,2% de aproveitamento na segunda metade da competição e fica atrás apenas do líder Atlético neste quesito.
 
 

Em franca ascensão, o Inter ocupa a 7ª colocação na tabela, com 36 pontos. A equipe comandada pelo uruguaio Diego Aguirre almeja uma vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores de 2022.

Há 21 jogos no comando do Inter nesta segunda passagem, Aguirre soma oito vitórias, nove empates e apenas quatro derrotas - para Palmeiras (2 a 1), São Paulo (2 a 0), Athletico-PR (2 a 1) e Atlético (1 a 0).
 
Diego Aguirre acumula bons números em sua segunda passagem pelo Inter
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Diego Aguirre acumula bons números em sua segunda passagem pelo Inter

 

Se, por um lado, o Inter ostenta a segunda melhor campanha do returno, o América vem logo atrás. Com três vitórias e três empates (66,6% de aproveitamento), o Coelho é um dos dois times que ainda não perdeu neste recorte do torneio - ao lado do rival Atlético.

Força no Beira-Rio


A evolução do Internacional no Brasileirão passa, também, pela crescente de desempenho jogando como mandante, no Beira-Rio, em Porto Alegre. O Colorado não é derrotado em casa desde 7 de julho, quando perdeu por 2 a 0 para o São Paulo ainda pela 10ª rodada.

De lá para cá, a equipe gaúcha disputou sete jogos em seus domínios. Apesar da queda na Copa Libertadores diante do Olimpia, foram cinco vitórias e dois empates neste período. Os resultados conferem uma invencibilidade que dura mais de três meses no Beira-Rio.

  • 18/07 - Internacional 1x0 Juventude - Campeonato Brasileiro
  • 22/07 - Internacional (4) 0x0 (5) Olimpia - Copa Libertadores
  • 31/07 - Internacional 0x0 Cuiabá - Campeonato Brasileiro
  • 15/08 - Internacional 4x2 Fluminense - Campeonato Brasileiro
  • 19/09 - Internacional 1x0 Fortaleza - Campeonato Brasileiro
  • 26/09 - Internacional 2x0 Bahia - Campeonato Brasileiro
  • 10/10 - Internacional 5x2 Chapecoense - Campeonato Brasileiro

Ainda que ostente bons números num recorte recente em casa, o Inter é apenas o 11° melhor mandante da Série A. O Colorado somou cinco vitórias, três empates e três derrotas em seus domínios na competição - 54,5% de aproveitamento.

Análise tática


O Superesportes ouviu o analista de desempenho Pedro Quadros, do Rio Grande do Sul, que fez uma avaliação completa do Internacional. Ele apontou as principais valências da equipe de Diego Aguirre e também uma vulnerabilidade que pode ser explorada pelo América. 
 
"O time do Inter, com o Aguirre, vem num momento bem sólido desde o jogo contra o Flamengo - que foi quando ele adotou o sistema com dois volantes alinhados, fixou o Dourado com o Lindoso. A partir disso, dando mais liberdade para o Edenílson e o Taison, o time encaixou bem e vem evoluindo dentro desse modelo.

Em organização ofensiva, parte de um 4-2-3-1, com os dois volantes, Taison de 10, o Edenilson na ponta direita e o Patric na ponta esquerda. Com o Edenilson na Seleção Brasileira, vem jogando o Maurício (ex-Cruzeiro). Foi o time do jogo contra a Chapecoense e vai ser o time de quarta-feira também.

O Inter sempre foi um time muito forte em transição ofensiva, mas que vem evoluindo também em organização ofensiva - já tem alguns padrões bem estabelecidos. Faz uma saída de três, com o Dourado um pouco mais à frente e o Lindoso descendo entre os zagueiros. 

Os dois pontas afunilam bem para fazer um jogo interior bem forte com o Taison e o Yuri Alberto, liberando os laterais para gerar amplitude (próximos à linha lateral). É o que tem sido padrão. Em alguns jogos, dependendo do adversário, existem algumas adaptações acerca desse modelo: altura dos laterais, quem vai ocupar a amplitude etc.

A gente já viu, em alguns jogos, o time adotando uma estrutura diferente. Os laterais mais baixos para gerar algum espaço mais à frente, buscando fixar a segunda linha de marcação do adversário - foi assim contra o Sport, por exemplo.

É um time que está conseguindo ser perigoso tanto em ataque posicional quanto em ataque rápido e contra-ataque. Eu diria que o contra-ataque é o ponto forte do time, tendo o Taison como o cara para puxar essa transição. É um cara com uma condução em velocidade, uma mudança de direção absurda.

O Yuri é um cara que, tendo espaço para atacar, é muito forte, muito rápido, e finaliza muito bem com as duas pernas. Está numa fase muito boa, é o artilheiro do Brasileirão junto com o Hulk.
 
Yuri Alberto é o grande nome do bom momento do Inter
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Yuri Alberto é o grande nome do bom momento do Inter

 

Em organização defensiva, tem sido um time bem sólido também. Muda o sistema a partir da altura do bloco. Sobe pressão em bloco médio-alto com um 4-2-3-1. Quando a primeira pressão é vencida, se torna um 4-4-2, deixando o Yuri e o Taison no balanço ofensivo (preparados para um possível contra-ataque, são os homens-alvo da transição).

Os dois extremos (Patrick) e Maurício têm bastante responsabilidade defensiva. Têm que descer até o fim para não deixar o lateral em inferioridade. Isso é algo que eu tenho valorizado bastante no Patrick, por exemplo - que é um cara contestado pela torcida, mas vem jogando bem. Muitas vezes, ele baixa e corre até o final para recuperar. É um cara que compete demais. O Edenilson, pelo outro lado, também é assim. 

O Maurício (substituto de Ed), por sua vez, não tem esse senso competitivo tão forte. É um cara que, às vezes, larga o encaixe, não acompanha até o final - e isso pode se tornar uma vulnerabilidade. Esse é o detalhe que eu deixaria como possível ponto a ser explorado pelo América.
 
O Inter se defende com uma marcação individual por setor, e os laterais realizam um encaixe bem distante. Às vezes, a gente vê o Saravia (lateral-direito) bem perto ali do Lindoso, acompanhando o extremo para não deixar os volantes em inferioridade - do outro lado da mesma forma. 

O time com Dourado e Lindoso protegendo o corredor central está muito bem. O Lindoso nunca foi um cara muito marcador, mas tem uma boa leitura para interceptar. Percebo, assistindo aos jogos, que eles se comunicam bastante.

O Rodrigo Dourado é um volante de nível altíssimo. Um cara com um senso de cobertura muito forte, deslocamento para frente muito forte, pressão pós-perda absurda. Acho que é uma dupla de volantes que se completou muito bem.

A dupla de zaga (Cuesta e Méndez) também está muito bem. Muito sólidos. Também têm essa leitura de quando quebrar a linha para interceptar e proteger o entrelinhas quando preciso.

Para completar, tem o Daniel (goleiro), que assumiu a titularidade. Ainda antes do Aguirre chegar, com o Osmar Loss (interino). Ele vem evoluindo e está muito bem. Seguro para sair da meta, fazendo defesas difíceis. Um goleiro que a torcida sempre quis que tivesse chances.

É basicamente isso. Os destaques individuais são o Taison e o Yuri, que vêm muito bem. No domingo, o Taison deu sua primeira assistência nesse retorno ao Inter - apesar de já ter criado várias chances em jogos anteriores. Também marcou gol.

O Yuri... mais um hat-trick. Já são três pelo Inter. Isso é bem absurdo. Um cara de 20 anos que tem a maturidade dele é inacreditável. Mas acho que o ponto forte do Inter é o coletivo. O quanto o time é sólido em todas as fases do jogo, e também a capacidade do Aguirre de variar a estrutura conforme o adversário".

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