Atletico-MG

Paredão alvinegro

Bom momento atleticano não se limita ao ataque. Chegada de Victor deu fim à desconfiança que marcava a camisa 1 do time. Sem gritaria, ele orienta a defesa e tem sido um dos destaques

Roger Dias

Debaixo das traves, ele vibra intensamente com cada êxito de seu time. Procura orientar quando há algo errado, mas sem gritos ou palavrões. Para ele, a melhor forma de se dar bem no grupo é agir com companheirismo. Somente assim é que se começa um trabalho de sucesso. Na semana em que um ex-goleiro do Atlético domina os noticiários do país em situação nada abonadora, um paulista de Santo Anastácio cresce gradativamente e toma o posto de ídolo que pertenceu ao seu antecessor em 2005 e 2006. Hoje, Victor reconhece o investimento depositado em seu futebol, a rápida adaptação ao Galo e a Belo Horizonte e a boa fase de sua equipe na Copa Libertadores.


O goleiro considera-se tranquilo no jeito de ser, familiar e adora passear pela cidade. Da Região da Pampulha, onde reside, até a Cidade do Galo, são cerca de 30 minutos, evitando o tumultuado trânsito do Centro da cidade. Mas ele gosta de se aventurar pelos restaurantes da Savassi com a esposa, Gisele Bueno, com quem está há sete anos, e conhecer novos lugares, como cidades históricas e pontos turísticos importantes de Minas. Já foi passear em Ouro Preto e Tiradentes.

Dentro do campo, ele tenta misturar várias características. Gosta de ser sério, mas responsável e exigente quando necessário. Prefere não perder a razão ou ficar nervoso. “Minhas atitudes variam de acordo com o momento. Procuro orientar a defesa e passar tranquilidade, orientando, falando, motivando os companheiros”. O comportamento do goleiro interfere nos outros jogadores, por isso procuro manter a calma”, diz o camisa 1, cujos ídolos são Taffarel, Velloso, Dida, Marcos e Rogério.

Ele acredita que vive a melhor fase da carreira, justamente por conviver com Ronaldinho Gaúcho, um jogador de fama internacional. “Quero contar a meus filhos ou meus netos que joguei com o Ronaldinho, e isso é motivo de felicidade e orgulho. Aqui o ambiente do clube e da torcida é muito bom, o que nos dá motivação para continuar o trabalho com dedicação”.

Diferentemente do camisa 10, que normalmente é muito assediado pelos torcedores, Victor conta com mais tranquilidade para passear. Mas ele acredita que o apoio do torcedor é um item a mais para o sucesso em campo. “Esse assédio em cima do Ronaldinho é justificável pela história dele no futebol. mas há o reconhecimento sobre os demais jogadores também. Nunca tive problema. É sempre dentro de um limite, mas a lembrança da torcida é importante para nosso bem-estar e performance nos gramados.”

Victor foi contratado no meio do ano passado numa transação que custou 3 milhões de euros aos cofres do Galo. Na época, o presidente Alexandre Kalil disse que o ex-gremista encerraria de vez os as dúvidas da torcida sobre a posição titular da meta atleticana. Com oito meses de trabalho, Victor assumiu a responsabilidade, acumulou boa sequência de partidas e se transformou em herói alvinegro, como no empate com o Fluminense por 0 a 0, no Engenhão, e a goleada sobre o Palmeiras por 3 a 0, no Independência, ambas pelo Brasileiro, em que salvou o Galo com defesas importantes.

Desde Diego Alves, em 2008, o Atlético não teve um goleiro que caiu nas graças da torcida. Victor afirma que o que ajudou muito em sua carreira foi ter substituído o experiente Danrlei no Grêmio no fim de 2007, até então ídolo da torcida tricolor. “Ninguém tinha se firmado. Fui obrigado a jogar e a mostrar serviço. Era uma novidade para mim, mas graças a Deus tudo deu certo. Agora encaro essa pressão e responsabilidade com muita naturalidade. Sei que a torcida do Atlético espera grandes atuações, mas quero sempre corresponder”.

Uma das paixões de Victor é a criação de cachorros. Ele tem um golden, um dachsund (salsicha), e até um vira-lata. “Tenho de todos os tipos e tamanhos. Gosto de passear com eles nas minhas folgas. É um hobby que tenho há muito tempo”. Como todo jogador de futebol, ele também curte música nas concentrações para passar o tempo.

Altitude Victor está atento à maior velocidade da bola devido à altitude de La Paz, próximo destino do Galo na Copa Libertadores – contra o Strongest, quarta-feira. Mas está ciente de que os treinos que a equipe fará em solo boliviano serão fundamentais para se adaptar ao clima da cidade. “Será um jogo importante para nossas pretensões. Teremos de mostrar paciência e ter atenção nos chutes de longa distância do adversário”.

VICTOR LEANDRO BAGY

Nascimento: 21/1/1983, em Santo Anastácio-SP
Altura e peso: 1,93m e 83 kg
Clubes: Paulista (2001 a 2007), Grêmio (2008 a 2012) e Atlético (desde julho’2012)
Títulos: Copa do Brasil’2005, Copa das Confederações’2009 e Campeonato Gaúcho’2010
Convocações para a Seleção Brasileira: 5, No Atlético
Estreia: 2 x 0 Portuguesa, em 8/7/2012
Jogos: 35
Gols sofridos: 37