A PM insistia em conduzir todos os jogadores e integrantes da comissão técnica e da diretoria para a delegacia, para registrar um boletim de ocorrências. Eles, obviamente, se recusavam, mas de fato acabaram sendo conduzidos pelos policiais. A coronel Cláudia, comandante do policiamento da capital, estava à frente da operação e se manteve firme em levar toda a delegação para a delegacia do próprio estádio. “Pelo menos quatro jogadores argentinos irão responder pelas agressões ocorridas contra militares e contra um radialista (Nilber Rodrigues, da Rádio Novidade, de Capim Branco), no Independência. Um deles, inclusive, foi identificado pelo radialista”, adiantou a militar. O principal agressor seria o lateral o Nervo, que teria atirado uma cadeira contra o profissional de comunicação, acertando sua cabeça.
Ainda segundo a coronel, ela avisou à diretoria do clube argentino que ninguém ficaria sem ser ouvido. “Esses jogadores serão levados para a delegacia que funciona no estádio, com toda a estrutura”, disse. A previsão era que os depoimentos entrariam madrugada adentro. “Eles serão ouvidos e depois será aberto o boletim de ocorrências e, automaticamente, depois disso serão encaminhados ao delegado de plantão e à juíza do Juizado Especial Criminal”, frisou.
A própria coronel, que estava à frente das ações, revelou que foi agredida. “A polícia se posicionava para dar segurança aos adversários, na saída dos jogadores, depois da partida. Inexplicavelmente, eles partiram para a agressão contra a polícia. Eu mesma fui agredida (ela levou uma pisada no peito)”, disse. “Ainda tem outro policial ferido.” Uma equipe da perícia e um médico-legista estavam à caminho do estádio para fazer o levantamento e exame de corpo de delito. “O jornalista também será ouvido como vítima.”
PUNIÇÃO Uma das preocupações é que o clube mineiro seja punido pela Confederação Sul-Americana por ser o mandante da partida, a exemplo do que aconteceu com o São Paulo, quando o também argentino Tigre perdia a final da Copa Sul-Americana do ano passado para o tricolor paulista por 2 a 0 quando, no intervalo, o time adversário entrou em confronto com a PM paulista e abandonou o jogo. O São Paulo acabou perdendo um mando de campo em competições promovidas pela entidade, cumprido nesta Libertadores.
O presidente atleticano, Alexandre Kalil, garantiu que o clube não pensa nesta possibilidade. “Absolutamente não estou preocupado. O Atlético assistiu a uma briga de um time argentino contra a Polícia Militar mineira. Acho um absurdo isso. A punição tem que existir, para eles. Eu nasci, moro e vou morrer em Belo Horizonte e nunca vi a PM mineira apanhar aqui. Eles (argentinos) tomaram de 10 nos dois jogos e foi tudo roubado? Aqui ninguém vai bater na polícia. A briga é entre a PM de Minas contra um time de Sarandí. O Atlético não tem nada a ver com isso”, frisou o dirigente, revelando que, além da confusão em campo, os argentinos quebraram o vestiário do Independência.