Ele garante que atos como esse estão sendo coibidos pela Confederação Sul-Americana: “O que a polícia do Brasil fez aos jogadores do Arsenal é imperdoável e incompreensível, e não se pode repetir”. A entidade abrirá investigação do caso assim que obtiver o relato do delegado da partida, o paraguaio Leonardo Flores, que já encaminhou a súmula para análise. “O ocorrido foi um caso de má aplicação das medidas de segurança, porque o que a polícia local fez foi um ato antinatural para uma sociedade moderna”, reforçou Meiszner.
Para o Atlético, porém, a responsabilidade recairia sobre os visitantes. “Se tiver punição pelas imagens, vai ser para o time da Argentina”, defendeu-se o presidente Alexandre Kalil. É o mesmo pensamento do representante da Conmebol no Brasil, Hildo Nejar. “Pelo que vi na televisão, o Atlético não teve interferência nenhuma. O problema foi causado pelo Arsenal. Porém, é preciso verificar o origem da confusão. Até hoje (sexta-feira), o relatório (do árbitro) deve ser enviado à Conmebol e aí o tribunal poderá tomar uma decisão”, afirmou.
Por causa da confusão, o Arsenal foi multado em R$ 38 mil e pegou empréstimo com a diretoria do Galo para o pagamento. Atingido por uma cadeira atirada pelos argentinos, o radialista Nilber Rodrigues recebeu indenização de R$ 4 mil, assim como os policiais militares Edson Henrique Rabello de Souza Mendes, Cícero Leonardo da Cunha – pelos crimes de lesão corporal, desacato a autoridade e danos materiais, o valor pago foi de R$ 26 mil, doados a cinco instituições filantrópicas. A coronel Cláudia abriu mão de sua indenização, depois de o volante Ivan Marcone pedir-lhe desculpas formais pela agressão.
O diretor de futebol Eduardo Maluf disse que o Atlético não tem o que temer: “A súmula da partida e o delegado não têm como nos incriminar. Conseguimos oferecer todas as condições de segurança para os times e os torcedores e não há porque ter medo. O Independência tem estrutura para abrigar esse grandes jogos de Libertadores”.
Ele cobrou rigor contra os argentinos: “A Conmebol tem de tomar medidas fortes e punir na parte disciplinar. Essas coisas estão ultrapassadas no futebol. O Atlético vai fazer a ocorrência e esperar por uma solução”.
DEPOIMENTOS NA MADRUGADA
Os jogadores do Arsenal ficaram no Independência durante toda a madrugada de ontem prestando depoimentos à juíza Patrícia Froes Belo. Inicialmente, foram identificados quatro agressores: os laterais Hugo Nervo e Damian Perez, o volante Jorge Ortiz e o atacante Milton Celiz, levados para a delegacia do Independência. Depois que a juíza expediu ordem requisitando as imagens de uma rede de televisão, mais quatro atletas foram reconhecidos – o zagueiro Lisandro López, os volantes Marcone e Nicolas Aguirre e o atacante Benedetto, que marcou o segundo gol dos visitantes. O quarteto também foi detido. O técnico Gustavo Alfaro prestou depoimento à polícia e acompanhou o caso até o fim.
A coronel Cláudia Romualdo, comandante do Policiamento da Capital, não cedeu às pressões dos dirigentes do clube visitante, que queriam a liberação imediata dos jogadores da arena – eles embarcariam às 2h30 em voo fretado para Buenos Aires. Enquanto os oito atletas envolvidos na confusão prestaram esclarecimentos, os demais e integrantes da comissão técnica ficaram retidos no vestiário. O único a comentar rapidamente o incidente foi o auxiliar técnico Carlos González: “É lamentável que tudo isso manche a partida, mas sabemos que nosso time foi prejudicado pela arbitragem. Logo, nossos atletas perderam o controle da situação”.
O presidente do clube, Júlio Grondona, se desculpou com a polícia e com Maluf, bem como o cônsul argentino José Cafiero, que acompanhou o desenrolar da ocorrência policial. O representante legal do Independência, Castellar Modesto Guimarães Neto, também abriu mão, em um primeiro momento, de indenização pelos possíveis danos materiais sofridos no estádio em decorrência dos incidentes. (Com agências)