“Na infância, ele jogava nos campinhos de terra de Ariranha. Primeiro, fez teste no Mirassol. Após oito meses, não quis ficar. Em 2003, fez teste no Paulista e ficou. Todo fim de semana vinha passear e não queria voltar. Saía chorando. Por um ano, eu tive de insistir. Uma vez ele ficou três dias na casa da minha irmã, em Campinas. O diretor do Paulista me ligou e tive de inventar que o pai não estava passando bem e ele não queria sair de perto”, conta a mãe.
Réver Humberto Alves Araújo, de 28 anos, sempre teve o apoio dos pais, do irmão e da avó. Aos 17 anos, ingressou na base do Paulista como volante, mas devido à altura virou zagueiro. No primeiro ano, custou a se adaptar. “Ele ia desistir. Mas eu disse que se voltasse para casa teria de trabalhar na roça com o pai. Naquele dia, minhas palavras soaram como um soco do Mike Tyson. Ele mesmo admitiu isso em uma entrevista, quando estava no Grêmio”, revela dona Sônia.
Em uma das coincidências da bola, Réver reencontrou o goleiro Victor depois de atuarem no Paulista e no Grêmio. “Na base, meu filho ganhava R$ 300. Várias vezes Victor pagou a passagem para ele visitar a família em Ariranha. Meu filho, muito quieto, calado e tímido, se soltou depois dessa amizade. Em 2005, ganharam a Copa do Brasil. Depois, Réver começou a frequentar a igreja, ganhou aumento e financiou um carro. Posso dizer que a partir daí ele começou a tomar gosto.”
EXPERIÊNCIAS FORA O zagueiro atuou duas vezes no exterior. Em 2007, forçou a volta depois de seis meses emprestado ao Al-Wahda (Emirados Árabes). Para sair, aproveitou uma lesão no joelho e usou até cadeira de rodas. Compensou financeiramente, mas foi duro”, lembra a mãe.
Em 2010, o Grêmio o negociou ao Wolfsburg. Com pouco tempo, pediu para sair também. “Ele fez apenas dois jogos e estava chateado. Na época nasceu minha neta, Alícia. Fomos para a Alemanha lhe dar apoio. Corinthians, Palmeiras e Atlético se interessaram. Só o Galo pagou a multa.”
De acordo com dona Sônia, Réver é o único cidadão de Ariranha a defender a Seleção. Ontem, a mãe viu o capítulo final da volta por cima do filho. Na goleada por 6 a 1 para o Cruzeiro em 2011, Réver chegou em casa chateado: “Torcedores disseram que ele falhou. Ele só me disse que jogador não brilha todo dia, mas gostaria de dar a resposta em campo. Eu havia dito que ele ergueria a taça da Libertadores, e meu filho sempre mostrou confiança de que faria isso.”
o grande momento
O GOL DE EMPATE COM A EQUIPE MEXICANA NO DRAMÁTICO SEGUNDO JOGO PELAS QUARTAS DE FINAL, NO INDEPENDÊNCIA
ATLÉTICO 1 X 1 TIJUANA