Atletico-MG

Saída de Kalil aumenta autonomia de Maluf e transforma Atlético em 'negociador frio'

Diretor é conhecido entre agentes por ser menos emotivo que ex-presidente

Thiago de Castro

Futebol do Galo tinha Kalil e Maluf em trabalho conjunto nos últimos anos; diretor agora tem mais autonomia

Razão, estatística e metodologia são os pilares que sustentam a atuação do diretor de futebol Eduardo Maluf e transformam o perfil do Atlético no mercado. Menos emotivo e mais frio. Assim o clube se estabelece na visão dos agentes brasileiros desde dezembro, com a saída de Alexandre Kalil da presidência.


Não se trata de uma questão de acertar ou errar mais ou menos. É um alinhamento mais baseado na razão que o Atlético incorpora para tratar de renovações de contrato e transferências. Por ainda não ter a experiência de Kalil ou Maluf no mercado, Daniel Nepomuceno aumentou a autonomia do seu diretor de futebol.

A maior atuação de Maluf já é clara nos bastidores alvinegros. O caso com mais evidência envolve a renovação de contrato de Guilherme. Baseado na frequência do meia-atacante nos jogos desde a sua chegada, em 2011, o diretor reluta em ceder a uma pedida salarial considerada “fora da realidade”.

Renovação de Guilherme tem sido tratada com muita cautela financeira por Maluf
Maluf se municia de estatísticas em reuniões com empresários. Para manter Guilherme no elenco, ele quer manter o atual salário do jogador, que pode aumentar com bônus por produtividade. Essa proposta não agradou o staff do atleta. Para aceitá-la, foi pedido um valor adicional de “luvas”, um prêmio por assinatura. O Galo não concorda e oferece em troca cerca de 40% dos direitos econômicos para o caso de uma transferência futura durante o período do novo contrato. No momento, as conversas estão estagnadas.

Outros casos retratam bem a 'frieza' de Maluf com renovações. Algumas realizadas nos últimos meses foram com salários ligeiramente inferiores aos que os atletas recebiam. Os aumentos dados foram pouco volumosos.

Mas isso não significa que o Atlético deixou de investir, como mostra a contratação de Lucas Pratto. O lateral-direito Marcos Rocha, por exemplo, foi valorizado pela diretoria em seu novo vínculo. A estratégia é frear a ansiedade do jogador e valorizá-lo para o mercado europeu, de olho em uma futura venda, que pode ser breve, já após a Copa Libertadores.

Uma das opções para substituir Marcos Rocha é Patric, cujo contrato se encerra em dezembro. A renovação está em andamento. O empresário do lateral, José Reginaldo, recebeu uma proposta no início do ano e pediu uma revisão para o diretor de futebol. Na sexta-feira passada, Maluf reenviou praticamente os mesmos números para avaliação do agente, que agora fará uma contraproposta.

Lado passional de Kalil aflorava em determinados momentos da sua gestão
Alexandre Kalil, que colheu grandes frutos nos seus seis anos de administração, tinha voz forte ao lado de Maluf no comando do futebol. O lado emocional do ex-presidente foi muito notório entre 2011 e 2014.

Grandes atuações em jogos importantes já valeram a promessa de aumento salarial para atletas alvinegros ainda no vestiário do Independência. Vitórias expressivas deixavam Kalil em estado de êxtase. Na reta final do Brasileirão 2012, por exemplo, o presidente avisou aos jogadores que todo o dinheiro da renda seria dado como premiação pela vitória, após um dos triunfos com o Horto lotado que deixavam o clube na briga pelo título nacional.