A venda, no entanto, esteve ameaçada pela carta de um conselheiro, que desabonava a liberação do atacante. Segundo o missivista, cuja identidade não foi revelada pelo EM, a negociação seria um prêmio à indisciplina e, como em outros casos, traria prejuízo ao Atlético. O argumento era de que outros jogadores que desejassem deixar o clube provocariam problemas com treinadores para alcançar o objetivo.
Mas à noite a diretoria confirmou a venda de Carlyle para um clube diferente dos que já haviam manifestado interesse. “Um emissário do Fluminense, chegado à capital às últimas horas da tarde de ontem, provocou verdadeira reviravolta nas negociações que vinham sendo mantidas”, anunciou o EM no dia 8. O tricolor carioca ofereceu Cr$ 300 mil, CR$ 100 mil a mais do que as outras propostas. O atleta também receberia Cr$ 200 mil por dois anos de contrato.
COMPENSAÇÃO No dia seguinte, o Estado de Minas dava em manchete: “Batido o recorde de transferências. As cifras compensaram a perda de um ótimo craque”. “Carlaile foi protagontista da transferência mais vultuosa e sensacional que já se fez no futebol mineiro”, anunciava o texto, que descrevia o atacante como “jogador de magníficas virtudes técnicas, duas vezes convocado para a Seleção Brasileira, em sua curta e brilhante carreira esportiva”.
O Flu ainda ofereceu a um amigo do jogador, Bruno Breno, um emprego com salário de Cr$ 2 mil mensais, provavelmente para ser fotógrafo do clube. O Palmeiras, que tinha a preferência pela compra, se recusou a igualar a proposta tricolor. O Vasco também tinha interesse, mas o atleta havia pedido para não ser vendido ao clube de São Januário. No mesmo dia, Carlyle viajou para se apresentar nas Laranjeiras, onde ficou até 1952, fez 102 jogos e 64 gols. Depois, jogaria no Santos, Palmeiras, Botafogo e Portuguesa-RJ.
Ele morreu atropelado, em novembro de 1982, próximo à Vila Olímpica do Galo, quando estava aposentado como comentarista esportivo.