O dia seguinte ao anúncio, que repercutiu no mundo inteiro, foi marcado por especulações. Pessoas ligadas a Ronaldinho evitam cogitar publicamente o fim da carreira, por causa dos diversos contratos publicitários do jogador ainda em vigor, e analisam o melhor a ser feito. Uma das hipóteses é esperar o “furacão” de nova rescisão passar e buscar um contrato em mercados de menor pressão, como Estados Unidos, Oriente Médio ou China.
Em conversa com amigos e familiares antes de se desligar do Flu, Ronaldinho havia falado que não sentia mais vontade de jogar. Surpreso, o estafe do Gaúcho pediu tranquilidade ao armador antes de uma decisão definitiva. Incomodado por não conseguir render o esperado e pressionado pela torcida, o camisa 10 cogitou abandonar o clube das Laranjeiras há alguns dias, mas teve a ideia demovida por Assis, o irmão e empresário.
“Não deu liga. O Ronaldo não estava feliz lá”, afirmou Assis, pelo telefone, ao Estado de Minas. “Mas ele não parou, ainda vai jogar em alto nível”, declarou. Sobre o Galo, comentou que recebeu muitos telefonemas de atleticanos com elogios ao ídolo, “mas não houve nenhum contato oficial do clube”.
Após uma semana inteira de treinos e desempenho ruim nos 45 minutos em campo na vitória sobre o Goiás por 2 a 0, sábado, no Maracanã, R10 desistiu de vez. Segunda-feira, comunicou aos integrantes do departamento de futebol que não iria treinar por “problemas particulares” e na sequência solicitou reunião com o vice do setor, Mário Bittencourt, e com o diretor-executivo Fernando Simone. Era o fim da breve passagem de nove jogos pelas Laranjeiras.
“Muito me orgulhou vestir esta camisa, muito mesmo. Estamos hoje (ontem) anunciando o fim do vínculo empregatício, mas não o fim de uma relação importante, que foi construída com verdade, com respeito e honestidade”, escreveu Ronaldinho nas redes sociais.
FRUSTRAÇÃO Poucas horas depois de anunciar a saída de Gaúcho, a diretoria do tricolor explicou a rescisão. “O Fluminense não errou. O Fluminense aproveitou uma oportunidade. Ontem (segunda-feira), de maneira grandiosa, ele foi muito claro ao dizer que não estava dando ao clube a reciprocidade que este merecia. Fizemos tudo para que ele pudesse melhorar o futebol dele, manter a forma”, lamentou Mário Bittencourt.
“A palavra é frustração. Quando ele chegou, esperávamos que fizesse aqui o que fez em outros lugares. Quando você contrata um atleta, pensa que ele pode dar o melhor. Quantas vezes vimos jogadores considerados com a carreira em declínio fazerem grandes atuações? O próprio Ronaldo no Atlético foi um exemplo. Não fez boa temporada no México, mas apostamos que voltando ao Rio poderia render”, afirmou o dirigente.
Nas redes sociais, torcedores do Atlético se dividem: uns sonham com o retorno do ídolo, outros acham que seu tempo já passou. (com Jaeci Carvalho)
SAÍDAS CONTURBADAS
Grêmio
Sem aval do clube, Ronaldinho assinou pré-contrato com o PSG em fevereiro de 2001, desagradando a dirigentes e torcedores gremistas. Uma briga na Justiça se arrastou até agosto, quando o jogador vestiu a camisa do clube francês
Barcelona
Depois de viver o auge em 2005 e 2006, o craque caiu de produção nos anos seguintes, já ofuscado por Messi. Chegou a ir para a reserva antes da saída para o Milan, em julho de 2008
Milan
Fora da Copa'2010, passou a faltar a treinos e, segundo dirigentes da época, a não se concentrar com a equipe, o que acelerou sua saída do clube, em janeiro de 2011.
Flamengo
Recebido com festa, teve saída traumática: rescindiu contrato em junho de 2012 e cobrou mais de R$ 40 milhões entre salários e direitos atrasados.
Querétaro
Depois de nove meses, 32 partidas e oito gols, anunciou que estava deixando o clube mexicano para descansar e fazer novos planos. Apesar da saída precoce, o acordo foi amigável.
Fluminense
Um mês depois, em 11 de julho, fechou com o Fluminense, mas o desempenho irritou os torcedores. Segunda-feira, anunciou a rescisão do contrato depois de apenas nove jogos, sem gols nem assistências.