Atletico-MG

Duelo decisivo 'em casa'

Confronto com o Coritiba vale a sobrevivência do Atlético na briga pelo título com o Corinthians. Levir volta à cidade natal para a disputa com o time que o lançou no futebol

Roger Dias

Para Levir, atuar na capital paranaense será um duplo desafio
Se depender de identidade, Levir Culpi se sentirá mais do que em casa, hoje, em Curitiba, lugar ao qual ele está ligado desde sempre. Foi na capital paranaense que o treinador do Atlético nasceu, em 1953, casou-se com Marília, teve suas duas filhas, Janaína e Mayra, deu os primeiros passos como zagueiro nas categorias de base do Coritiba e começou sua carreira à beira do campo. Há alguns anos, ele continuou os laços com o município, desta vez no ramo dos negócios, abrindo dois restaurantes – de comida mineira e japonesa. Ele está de volta às origens e à cidade natal para tentar ajudar o Galo a se manter vivo na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Por isso, a vitória se tornou obrigação contra o Coxa, às 18h30, no Couto Pereira, estádio que o comandante conhece bem e onde esteve por diversas vezes.


Caso os mineiros conquistem os três pontos, Levir ironicamente prejudicará a equipe em que foi revelado, que luta contra o rebaixamento. Mas o time alvinegro não pode nem pensar em empatar, já que está sete pontos atrás do líder, Corinthians, principal concorrente na luta pela conquista nacional. Na rodada anterior, o Galo jogou fora dois pontos importantes ao ficar no 2 a 2 com o lanterna, Joinville, no interior catarinense.

Muito conhecido em Curitiba, Levir admite que fica em situação incômoda quando retorna na condição de adversário do time local: “Não me sinto muito confortável quando vou jogar em Curitiba por algumas razões. O início da minha carreira foi no Coritiba, aos 14 anos. Joguei também no Colorado, que depois passaria a ser o Paraná. E ainda treinei o Atlético-PR. Tenho restaurantes lá, minha família tem torcedores dos três times, tem o relacionamento com os clientes. Não me sinto muito à vontade, mas treino o Atlético e vamos batalhar pela vitória. O lado bom é que vou reencontrar meus amigos e familiares, que não são fanáticos. Isso tira um pouco o peso”.

O treinador estava no Galo na última vitória sobre o Coxa na capital paranaense, pela Série B do Brasileiro de 2006. A virada atleticana por 3 a 2, depois de começar perdendo por 2 a 0, garantiu matematicamente o retorno à Primeira Divisão. Depois disso, o Galo jogou seis vezes no Couto Pereira, com cinco vitórias dos donos da casa e um empate.

Para Levir, a partida de hoje será de muito equilíbrio e de marcação: “Vai ser um jogo de pegada, e de oportunidades para ambos os lados, mas vai ser decidido dentro de campo. É o que a gente, no mínimo, espera. Não pode ser decidido fora de campo, com guerra. Espero que vença quem tiver o melhor posicionamento”. Ele brincou, sugerindo que os torcedores atleticanos que forem à partida poderão almoçar de graça em seu restaurante: “Torcedor não paga. Se aparecer com camisa do Atlético, não precisa pagar. Eu vou assumir isso, nem que perca meu emprego no casamento”.

FUGIR DA MARCAÇÃO Assim como Levir, o volante Leandro Donizete tem familiaridade com o Coritiba, pelo qual atuou de 2008 a 2011 e pelo qual disputou mais de 150 jogos. Para ele, o principal desafio é superar o forte esquema ofensivo proposto pelo adversário: “O jogo será difícil, porque eles brigam para não cair. É complicado jogar no Couto Pereira, eles marcam em cima e com pressão. Na época que eu jogava lá, o time era mais solto e técnico. Hoje é de mais briga e chegada firme. Não podemos ficar com medo. Vamos marcar em cima para vencer”.

A única mudança alvinegra será na esquerda do ataque, teoricamente a única posição sem um dono absoluto. Com sete gols no Brasileiro, Thiago Ribeiro será escalado na vaga de Dátolo, ainda se recuperando de corte profundo na perna esquerda. A estratégia da equipe é aproveitar os contra-ataques e a fragilidade do rival no jogo aéreo.


FICHA TÉCNICA
Coritiba x Atlético

Coritiba: Wilson; Leandro Silva, Wallison Maia, Rafael Marques e Carlinhos; João Paulo, Thiago Galhardo, Lúcio Flávio e Esquerdinha; Negueba e Henrique Almeida
Técnico: Ney Franco
Atlético: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Leandro Donizete, Rafael Carioca e Giovanni Augusto; Luan, Lucas Pratto e Thiago Ribeiro
Técnico: Levir Culpi
Estádio: Couto Pereira
Horário: 18h30
Árbitro: Péricles Bassols (RJ)
Assistentes: Alessandro Rocha de Matos (BA) e Cleriston Barreto Rios (SE)
TV: Sportv

CONFRONTOS
Coritiba Atlético
Geral (42 jogos)
13 Vitórias 24
5 Empates 5
48 Gols 69
Brasileiro (36 jogos)
11 Vitórias 20
5 Empates 5
37 Gols 53


O ADVERSÁRIO
Matemática do desespero

Os cálculos dos jogadores do Coritiba são muito simples: se a equipe vencer três dos cinco jogos no Couto Pereira, alcançará seu objetivo de permanecer na elite do Brasileiro. Além do Atlético, o time paranaense enfrentará em casa São Paulo, Figueirense, Santos e Vasco. O clube conseguiu efeito suspensivo de punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e poderá receber seus torcedores diante do Galo, adversário considerado dos mais difíceis pelos jogadores alviverdes. “Temos de respeitar muito, pois é um time perigoso, chega muito ao ataque e é o vice-líder. Mas, diante da nossa torcida, dentro de casa, temos de impor nosso ritmo”, ressalta o atacante Negueba, que cumpriu suspensão automática na derrota para o Cruzeiro por 2 a 0, em Belo Horizonte. Absolvido pela expulsão diante do Atlético-PR, o experiente armador Lúcio Flávio também reforça a equipe, assim como o atacante Henrique Almeida, outro que volta de suspensão. O zagueiro Rafael Marques (ex-Atlético) vai substituir Juninho, expulso contra o Cruzeiro.

 

ATLETICANAS...

 

De volta
A novidade no treino recreativo de ontem foi a presença do lateral-esquerdo e volante Lucas Cândido (foto), que participou pela primeira vez de uma atividade de mais esforço físico. Ele se recuperou de lesão nos ligamentos do joelho esquerdo e pode ficar à disposição nas rodadas finais do Brasileiro. Seu caso foi um dos mais graves no clube nos últimos anos, e o retorno será gradual.

De folga

Depois do jogo contra o Coritiba, os jogadores do Atlético terão dois dias de folga, já que a equipe só volta a campo no dia 14, em casa, contra o Internacional. O período de descanso seria maior (três dias seguidos), mas os atletas e a comissão técnica chegaram a um acordo e trocaram a folga de terça-feira para o próximo domingo.