Atletico-MG

Da maior decepção à década mais vitoriosa: veja como o Atlético cumpriu essa caminhada

Há dez anos, clube era rebaixado. Apoiado pela massa, Galo encarou novos obstáculos, mas se reconstruiu, conquistando a América, além da Copa do Brasil em cima do rival

Luiz Martini Rodrigo Fonseca

Na transição de Alexandre Kalil para Daniel Nepomuceno, conquistas do Galo no período foram exibidas

Faltavam poucos minutos para as 18h do dia 27 de novembro de 2005. O desespero batia no coração do torcedor. O Atlético estava rebaixado à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro ao empatar com o Vasco, por 0 a 0. Revolta pela maior decepção da história do clube. Mas o atleticano já acreditava. Acreditava na paixão. A camisa e o escudo do Galo deixaram o Mineirão sob aplausos, ao som do hino. Era o início de uma dura caminhada. Dez anos depois, ele pode ter certeza: o Atlético deu a volta por cima. Não foi fácil, mas o clube construiu a década mais vitoriosa da história iniciada em 25 e março de 1908.


O começo após a queda não foi simples. O clube viu as receitas caírem com a Segunda Divisão e percorreu uma trilha de recuperação na Série B de 2006, sempre apoiado pela torcida, recordista de público em todas as séries do Campeonato Brasileiro daquele ano. Levir Culpi chegou durante o torneio e levou o Galo de volta ao seu topo. Mesmo na elite, a mudança de patamar não foi instantânea. O Atlético havia acumulado dívidas trabalhistas e contratava dezenas de atletas a cada temporada.

O primeiro grande passo da reviravolta alvinegra não foi dentro do campo. O “reforço” de peso estava em Vespasiano. O Atlético começou a realizar melhorias no CT e deu a largada para a Cidade do Galo se tornar o melhor centro de treinamento do país em poucos anos. Além da estrutura, a parte financeira foi outro componente essencial para o Atlético deletar a queda. As dívidas trabalhistas foram equacionadas e o clube traçou outros voos, com mais foco no gramado.

Os "Libertadores do Galo"


Dois personagens entraram para a história como marcas da mudança no Atlético. O presidente Alexandre Kalil e Ronaldinho Gaúcho. A contratação do camisa 10 trouxe a confiança necessária ao Galo para ser protagonista no país e no exterior. A visibilidade do armador é algo inegável, mas, aliada à representatividade do craque, houve a recepção alvinegra, casa perfeita para o astro reencontrar o bom futebol: um clube centenário, com uma torcida apaixonada e sedento para viver novos momentos de glórias.

A união em 2012 rendeu o segundo lugar no Brasileiro, pouco para a vontade do Atlético, mas semente para o auge no ano seguinte. A Copa Libertadores da América foi a libertação dos atleticanos. O técnico Cuca foi o responsável pelo montagem do time vencedor, que contava com nomes como Victor, Réver, Leonardo Silva, Pierre, Diego Tardelli, Bernard, Jô. O fim de 2013 terminou com a frustração no Mundial de Clubes, com o Galo surpreendido pelo Raja Casablanca nas semifinais.

Porém, o Atlético não se abateu. O clube começou 2014 como o melhor time da América do Sul e sexto entre as equipes de todo o mundo, atrás apenas de Bayern de Munique-ALE, Real Madrid-ESP, Barcelona-ESP, Chelsea-ING e Atlético de Madri-ESP, segundo lista feita pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística), em março.

A repercussão internacional do Atlético foi ainda agraciada com o título da Recopa Sul-Americana, em final diante do Lanús, no Mineirão. O Galo havia vencido na Argentina e ficou com a taça na prorrogação, vitória por 4 a 3.

Em cima do arquirrival



Para encerrar 2014, a inédita Copa do Brasil. Não bastasse a conquista, o título foi sobre o maior rival. Depois de viradas sobre Corinthians e Flamengo, o Galo bateu o Cruzeiro na finalíssima, com vitórias no Independência e no Mineirão.

A Copa do Brasil e a Recopa foram sob a batuta de Levir Culpi, técnico que deixou o Galo nessa quinta-feira. O paranaense se despede com o Alvinegro garantido em mais uma edição de Libertadores, a quarta consecutiva, feito alcançado apenas por outros seis clubes brasileiros ao longo da história.

Além de novas conquistas, o Atlético projeta outras ações para o futuro. O sonhado estádio é algo mais próximo da realidade, embora a parte financeira ainda seja entrave. O clube já tem terreno, busca aprovação das licenças e encontrar investidores para ter sua própria casa na capital mineira.