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Time, adversários e mercado na mira: conheça o trabalho do olheiro digital do Atlético

Lucas Gonçalves é o novo analista de desempenho do clube alvinegro

Rodrigo Fonseca
Lucas Gonçalves: tecnologia a serviço do futebol - Foto: Divulgação
A preparação de uma equipe ou de uma estratégia de jogo, atualmente, vai além do campo de treinamentoEla pode passar por softwares, relatórios, vídeos, estatísticasO “olheiro digital” está escaladoNo Atlético, essa atividade, desde a semana passada, está sob o comando do gaúcho Lucas Gonçalves, de 34 anos, filho do ex-treinador de futebol Otacílio Gonçalves, que passou inclusive pelo Galo em 1994Ele vai ocupar a lacuna deixada por Alexandre Ceolin, ex-auxiliar de tecnologia esportiva do clube.

Um dos responsáveis pela chegada de Lucas Gonçalves ao Atlético é o coordenador técnico alvinegro, Carlinhos Neves“Conheço o Carlinhos e o Tico, auxiliar do Marcelo OliveiraEles acompanham e acreditam no meu trabalhoO Carlinhos me fez o conviteEle trabalhou com meu paiAlém da amizade, criou-se um vínculo profissional, falamos muito de futebol”, diz o analista, em entrevista ao Superesportes.

Carlinhos Neves: amizade e vínculo profissional - Foto: DivulgaçãoFormado em Educação Física na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) em 2004, Lucas especializou-se em Técnico Desportivo em Futebol e Fustal na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 2006Com grande experiência em categorias de base – foram quase 10 anos de Grêmio –, passou ainda por clubes como Cabofriense e Tombense
Nessa caminhada, descobriu a análise de desempenho e apostou tudo nela.

A ordem é estudar, destrinchar jogadores e timesO trabalho, apenas no começo no Atlético, terá três pilares.

“O setor de análise de desempenho do Atlético vive um processo de desenvolvimentoNão é um setor já completoFui convidado para implementar issoEstou aqui há uma semanaPrimeiro, vou fazer um diagnóstico para depois fazermos uma propostaA ideia é trabalhar em três pilares: a análise da própria equipe, a análise do adversário e a captação de jogadoresSão eles que vão sustentar o setor de análise de desempenho”, diz.

Apoio para estratégia de jogo

Lucas Gonçalves ao lado do pai Otacílio Gonçalves e de Leandro Gaviolle, dirigente do Tombense - Foto: DivulgaçãoCom vídeos de jogos e de treinamentos, o analista tem o auxílio de softwares para preparar relatóriosTudo é encaminhado ao treinadorCabe ao comandante explorar, ou não, toda essa informação, que vai muito além dos números.

“É um setor novo no futebol brasileiro
Por ser uma função nova, talvez, as pessoas não conheçamÉ muito mais do que númerosOs números são indicativos que a gente usa para fundamentar algum tipo de comportamento da equipe ou do adversárioAlém deles, a gente analisa muito as imagensCom a tecnologia que temos, podemos observar o jogo por meio de vídeos editados, destacando jogadores, para facilitar o entendimento do atleta e da comissão técnicaSão duas maneiras de observar, a qualitativa e a quantitativa.”

Lucas cita exemplos de como o trabalho pode ser exploradoUma postura tática pode ser baseada também em estudos“Uma estratégica para um jogo específico, a bola parada, por exemploPara um jogador ou um time que tem aproveitamento muito grande em bola parada, certamente vai existir uma estratégica para tentar anular esse pontoO trabalho vai além disso, como o comportamento de uma equipe que joga com uma linha mais alta de marcação, a gente sabe que vai achar espaçosMostramos para o treinadorA decisão, claro, é deleSe entender que pode jogar com bolas mais longas, vai criar um plano para isso.”

Abastecimento até durante os jogos


Lucas: passagem por categorias de base do Grêmio - Foto: DivulgaçãoNo Galo, Lucas terá a companhia do observador técnico Bernardo Motta, no clube há alguns anos“Ele observa o adversário, faz o relatório e traz para mimAnalisamos também vídeos, entendemos as características de comportamento tático do adversárioEu faço a edição de vídeo e passo para o Marcelo e seus auxiliaresDentro disso, eles desenvolvem o trabalho da semanaNosso principal cliente é o treinador”, ressalta.

O trabalho pode avançar nos dias dos jogos, inclusive durante as partidasO abastecimento de dados no intervalo faz parte do projeto“Hoje a gente atende o Marcelo com itens que ele gosta de controlar durante o jogo.Fornecemos esse material no intervaloIsso depende do gosto do treinador, podemos avançarEstrutura para isso teremos, com filmagens e fotosVai depender do treinador trabalhar assim ou nãoO Marcelo controla alguns itens pelos números.”

Marcelo Oliveira é o principal consumidor dos relatórios, mas os jogadores também podem usufruir das informaçõesLucas cita que trabalhos voltados a determinados atletas também podem ser desenvolvidos“Os goleiros gostam de receber, antes dos jogos, compactos de bolas paradas, de cobranças de pênaltis dos adversários e chutes de fora da áreaIsso pode ser feito também para jogadores de linha”, explica.

De olho no mercado

Nos últimos anos, o Atlético não tem medido esforços para fazer grandes investimentos no timeSeja para trazer jogadores consagrados, como Ronaldinho Gaúcho e Robinho, ou promissores como Douglas Santos e Cazares, o Galo terá um banco de dados completo para avaliação de atletasO intuito é encontrar peças que se encaixem no perfil desejado pelo clubeA análise de mercado entra em ação.

“É uma das propostas que temos para o setorCriar um banco de dados de jogadores, principalmente um monitoramento de jogadoresÀs vezes, não é darmos sugestões de contratações, mas, pelo contrário, se o clube busca um jogador, a gente tem todo o material à disposição para avaliarem esse atleta: quantos jogos fez, de que maneira joga, qual a característicaTudo isso para fundamentar uma contratação”, destaca Lucas.