O Galo publicou uma nota de pesar pelo falecimento do ex-atleta.
“O Atlético lamenta o falecimento de Hector CincuneguiCampeão Brasileiro em 1971, o lateral esquerdo uruguaio vestiu a camisa do #Galo entre 1968 e 1973Cincunegui faleceu na noite desta quinta-feira, em Montevidéu, no UruguaiNossos sentimentos aos familiares e fãs do atleta que tanto honrou a camisa do Clube Atlético Mineiro”.
O Gringo, como também era conhecido, vivia com debilidade desde 2006, quando sofreu o primeiro AVC, que deixou sequelas graves, como a dificuldade de se expressar e a perda da memóriaO derrame o acometeu após um jogo do Danubio pelo Campeonato UruguaioDepois de assistir a peleja, ele voltou para casa e começou a sentir uma forte dor de cabeçaReceoso de ficar internado em um hospital, proibiu a mulher de acionar o sistema de atendimento de urgência de MontevidéuA esposa chamou o filho Fernando, que logo pediu uma ambulância.
Fernando, em entrevista ao Superesportes em 2015, explicou com detalhes o episódio: “Ele voltou do estádio, e ficou deitado na cama em casaQuando minha mãe chamou para comer, ele não queria levantar
A cirurgia foi um sucesso, e Cincunegui se recuperou bem, tomando uma medicação prescrita pelos médicosDepois de um tempo, contudo, as sequelas se potencializaram"Acredito que por causa da medicação ele começou a sentir os resultados da doençaFicou duro, com muita dificuldade de locomoção, faz muita força para poder caminhar, pegar uma coisa qualquerOutro problema é que ficou muito quieto, sem se comunicar bemAté hoje ele tem muita dificuldade de reconhecer as pessoas", afirmou o filho do ex-jogador, em depoimento no ano passado.
Passagem pelo Atlético
Em depoimento ao Superesportes, Fernando disse que o pai sempre contava, saudoso, dos tempos em que jogou no Atlético
"Ele lembrava com muito carinho do Brasil, sobretudo, do GaloEle jogou no Náutico também, mas falava mesmo era do GaloEle brincava e dizia sempre que era como Roberto Carlos, que tinha 'um milhão de amigos' no Brasil", relembrou FernandoEm Minas Gerais, muito se falava sobre a vida boêmia do ex-jogadorUma edição da revista Placar confirma essa fama: “Como adorava a noite, foi dispensado pelo técnico Yustrich, mas voltou ao time a pedidos do povão”, publicou, citando o treinador linha dura Dorival Knipel, o YustrichAutoritário, o comandante não perdoava atrasos e nenhum tipo de desobediência ou enfrentamento por parte dos jogadores.
Cincunegui e Yustrich tinham uma relação conturbadaCerta vez, o uruguaio retardou seu retorno a Belo Horizonte, sendo duramente criticado pelo treinadorAs cobranças eram tantas que os dois protagonizaram cenas de discussões ásperasYustrich deixou o Galo em 1969, aliviando a situação do uruguaio.
O curioso é que no mesmo ano em que sofreu o AVC, Cincunegui esteve em Belo Horizonte pela última vezEm agosto de 2006, ele visitou a capital mineira, reencontrou antigos amigos, caso do ponta-direita Natal, ex-jogador do CruzeiroEles protagonizaram grandes duelos em clássicos no MineirãoO uruguaio aproveitou para passar no Bar do Salomão, sendo homenageado pelos atleticanos em um dos mais tradicionais redutos alvinegros da capital
Durante os jogos da Copa Libertadores, que são transmitidos no Uruguai, Fernando disse que sempre conversava com o pai, buscando resgatar memórias"Sempre digo: 'pai, olha o Galo na TV, olha a camisa alvinegra, lembra?' Ele ri, mas não sei se ele realmente entende", contou Fernando.
As maiores conquistas da carreira de Cincunegui foram logradas no Atlético: o Brasileiro de 1971 e o Mineiro de 1970Na Seleção Uruguaia, Cincunegui foi campeão Sul-Americano em 1964 e disputou a Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966.