Foi um fim de tarde para celebrar uma ilustre atleticana e as palavras. A paixão pelo clube e pela literatura. Adélia Prado, poetisa e escritora mineira, de 81 anos, deixou Divinópolis, onde nasceu e vive, para receber em Belo Horizonte a máxima honraria do Atlético, o "Galo de Prata". A comenda é oferecida a personalidades, como ex-jogadores, políticos, autoridades, entidades e organizações que enobrecem o nome do clube pelo mundo.
"Eu levei um susto com essa história. Uma vez, em uma entrevista, perguntaram se eu tinha time. Sem o menor cuidado com o que estava falando, disse que torcia para o Atlético. A coisa mais bonita que estou recebendo aqui, o que mais me interessa em tudo isso, é o afeto que senti. Estamos com tanta falta de afeto. As pessoas estão ressequidas com relação aos amores. Eu sinto que não é uma sessão protocolar. É afetiva. A coisa mais difícil é receber homenagem. Eu tenho muita dificuldade com isso. A homenagem eleva você a um patamar que de fato você não é", diz.
Adélia Prado publicou seu primeiro livro de poesia, Bagagem, em 1976, quando tinha 41 anos. Em 1978, lançou O coração disparado, que é agraciado com o Prêmio Jabuti. Agora, na homenagem na sede do clube, cunhou uma declaração ao time do coração: "É fácil ser atleticana. A palavra proparoxítona é chique. Bárbaro, Atlético. Tem uma elegância. Demos sorte com as palavras. Galo tem um poder sonoro muito grande. Falar Galooooo!, é melhor que falar Coelhoooo, Peixeeeee. Eles não tiveram a sorte de ter um nome tão poderoso."
Adélia Prado recebeu ainda flores, uma camisa personalizada e uma imagem de São Francisco de Assis, santo que é devota. No "Galo de Prata", entregue pelo presidente Daniel Nepomuceno e pelo presidente do Conselho Rodolfo Gropen, a inscrição de um fragmento da obra da poetisa. "Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor", seguido de "Aqui é Galo".
A escritora foi saudada pelo jornalista Fred Melo Paiva, colunista do Estado de Minas. Nas suas palavras, mais homenagens: "Adélia é Galo. Adélia só podia ser Galo. Porque a sua poesia, assim como a história do nosso Galo, mistura, nas palavras de Augusto Massi, 'provocação e respeito, despudor e humildade".
"Agora estou metida de fazer parte dessa seleção de torcedores. Galoooo", agradeceu Adélia Prado.