O dia 29 de junho de 2012 ficará marcado como aquele em que o torcedor do Atlético bombou o Twitter depois de uma postagem eufórica do então presidente Alexandre Kalil. “Torcida mais chata do Brasil, se o problema era goleiro não é mais. Victor é do #Galo”. Com a contratação do camisa 1 ao Grêmio, há exatos cinco anos, o clube alvinegro pôs fim a um histórico ruim de jogadores da posição. Mas a chegada de Victor foi mais do que isso. Esse paulista de Santo Anastácio (SP), que desembarcou em Confins de forma discreta, não só se transformou em ídolo como foi santificado pela torcida. “Essa tuitada do Kalil mudou minha vida”, afirma o goleiro, um dos heróis da inédita conquista da Copa Libertadores de 2013, sobretudo depois de defender pênalti cobrado por Riascos nos acréscimos, contra o Tijuana, pelas quartas de final. Em entrevista para o Superesportes/ Estado de Minas, Victor, aos 34 anos, diz esbanjar energia para levantar outros troféus, de preferência o do Campeonato Brasileiro, e relembra momentos épicos com a camisa do Galo ao longo de meia década em Belo Horizonte.
A tuitada do Kalil
"Impossível não lembrar. Foi numa sexta-feira. Eu tinha treinado no Grêmio para enfrentar o Atlético no domingo. Na saída do Olímpico, eu estava no telefone com meu empresário falando da negociação. Meia hora depois, veio a tuitada que mudou totalmente a minha trajetória no futebol."
Situação na época
"Eu não tinha planejado sair do Grêmio, tinha mais três anos de contrato, havia recém-construído minha casa em Porto Alegre. Mas, no futebol, as coisas acontecem de forma muito dinâmica. A vinda para o Atlético foi um grande desafio, e vim movido por esse desafio, de construir uma história vencedora. Claro que vim também movido por um bom contrato. Aliar um contrato que dê segurança a um clube que tem uma estrutura maravilhosa, como a do Atlético, com os jogadores que o Atlético tinha, sem dúvida foi um grande salto na minha carreira, que me possibilitou ganhar grandes títulos que eu não tinha com o Grêmio."
Cinco anos de Atlético
Momentos de instabilidade
"Os momentos ruim foram muito pontuais, são pouquíssimos nesses cinco anos. Se você pegar, em cada ano em que estou aqui tive pelo menos uma conquista importante. Viver momentos de instabilidade é normal em qualquer clube, mas eu prefiro focar naquilo que aconteceu de bom, e não foi pouco."
Pênalti contra o Tijuana
Parceria com Chiquinho
"Além da relação profissional, posso dizer que ele é quase um pai para mim. Estamos juntos desde 2008, trabalhamos por quatro anos e meio no Grêmio, na Seleção e agora fechando cinco anos de Atlético. Tudo o que conquistei, o crescimento do meu trabalho, devo muito à competência dele. É um cara extremamente exigente, me cobra demais, não me deixa acomodar. Quando o ser humano entra em uma zona de conforto, é um momento perigoso, e ele não me deixa entrar nela."
Relação com goleiros mais jovens
Manifestações de carinho
"Na semifinal da Copa do Brasil, contra o Inter, no ano passado, quando tomei aquele gol numa bola recuada pelo Erazo, imediatamente depois do lance o torcedor gritou meu nome. E após o jogo, continuou me incentivando. Isso me marcou. Recentemente, quando meu pai faleceu, eles fizeram uma faixa e fizeram um minuto de silêncio. Foi a única vez que eu vi quando o minuto de silêncio realmente foi de silêncio, o que também foi algo que marcou. Fora tatuagem, pessoas colocando meu nome nos filhos, beijando meu pé esquerdo, abraçando. São tantas manifestações de gratificação que às vezes não conseguimos retribuir a todos. Não consigo atender a todos e até peço desculpas por não conseguir agradá-los. Mas agradeço pelo carinho e isso é o combustível que nos move."
Vida de ídolo
Pressão pelo título brasileiro
"Eu me cobro tanto quanto a torcida por essa conquista. É um título que não tenho. Tenho três vices, dois pelo Atlético e um pelo Grêmio. Então, é um objetivo de carreira, não só objetivo do clube."
Relação com cruzeirenses
"Nunca tive maiores problemas em relação aos torcedores rivais, até porque o respeito também. Nunca criei polêmica com eles e acho o respeito é mútuo. Já recebi elogios de rivais dizendo que gostam muito do meu trabalho. Isso demonstra respeito e admiração ao que faço dentro de campo."
Retorno à Seleção
"A Seleção não fecha a porta para ninguém. Tudo vai depender do trabalho que você faz no clube. Hoje o Brasil tem inúmeros goleiros com condições de chegar à Seleção. E não me vejo fora. Aos 34 anos, me vejo em totais condições de voltar à Seleção, só que depende de escolhas, do meu desempenho, daquilo que o Atlético conseguir render. Mas não é algo que tire meu sono. Tinha um sonho de disputar uma Copa do Mundo e o realizei, infelizmente o desfecho não foi o esperado. Hoje meu principal objetivo é buscar conquistas pelo Atlético."