Superesportes

COPA LIBERTADORES

Alex Silva confia em ofensividade e paixão da torcida boliviana para surpreender Atlético

Brasileiro destaca ressurgimento no Wilstermann, rival do Galo nesta quarta

José Cândido Junior Matheus Adler
Alex Silva exalta ímpeto do Wilstermann, que já bateu outros campeões da Libertadores em casa - Foto: AFP / NELSON ALMEIDA
Adversário do Atlético nas oitavas de final da Copa Libertadores da América, o Jorge Wilstermann tem, entre os principais destaques, um rosto bastante conhecido do torcedor brasileiro: o zagueiro Alex Silva. Com passagens por grandes clubes, como São Paulo, Cruzeiro, Flamengo e Hamburgo-ALE, além da Seleção Brasileira, o defensor de 32 anos demonstrou confiança na boa arrancada da equipe no mata-mata diante do Galo, nesta quarta-feira, às 21h45, em Cochabamba. Irmão do também zagueiro Luisão, o paulista apontou a vibração da torcida no Estádio Félix Capriles, com capacidade de 30 mil espectadores, como trunfo para desbancar o favoritismo alvinegro e avançar na competição.
 
“A torcida do Wilstermann é apaixonada. Já foram vendidos mais de 7 mil ingressos, e o jogo é só na quarta. Temos uma torcida que canta e nos empurra o tempo todo. Isso é comprovado pela nossa campanha em casa na Libertadores. É muito difícil a gente perder um jogo aqui. Nossa campanha não é boa na liga nacional, mas é bom ressaltar que a prioridade do clube é a Libertadores. Como o foco é a Libertadores, você acaba perdendo alguns pontos na liga local. Mesmo assim, perdemos poucos jogos em casa no campeonato. O poder da nossa torcida é muito importante”, declarou o Pirulito, como é apelidado, em entrevista ao Superesportes.
O Jorge Wilstermann teve a segunda pior campanha entre os classificados às oitavas de final da Libertadores. No entanto, o desempenho como mandante na fase de grupos foi perfeito: três vitórias, incluindo a goleada por 6 a 2 sobre o tradicional Peñarol. Atlético Tucumán e Palmeiras também sucumbiram em Cochabamba. Apesar das três derrotas fora de casa, o ‘Aviador’ garantiu a segunda colocação do Grupo 6, abaixo da equipe paulista. Já o Atlético fechou a fase classificatória como líder geral, com 13 pontos – quatro vitórias, um empate e um revés

Alex Silva destacou o espírito ofensivo do Wilstermann, que já marcou 12 gols no torneio, e apostou em ótimo jogo contra o Galo. Ele ainda garantiu que a equipe boliviana está preparada para o esquema do técnico atleticano Roger Machado devido a trabalho minucioso do departamento de análise e desempenho do clube.

“Todos nós sabemos o poder do Atlético. Basta só olhar o elenco do Atlético. Nós os respeitamos muito. Sabemos que será um jogo muito difícil. Eles têm um treinador que sabe muito de tática, que sabe armar o time. Da mesma forma que o Atlético apresenta um forte poder de marcação, nós temos um forte poder de ataque. Somos jogadores rápidos, e a campanha mostra que o Wilstermann foi o melhor segundo colocado com maior número de gols na Libertadores. Creio que será um grande jogo entre uma equipe que marca muito contra outra bastante ofensiva. Respeitando o Atlético, espero que o Wilstermann se saia bem nesses primeiros 90 minutos. Enfrentei o Atlético em outros jogos, e sempre foi difícil. O pessoal da análise e desempenho do Wilstermann tem acompanhando o Atlético e vai nos passar a melhor maneira de surpreender o Atlético aqui e em Minas”, vislumbrou.

Revelado pelo Vitória, Alex Silva viveu a melhor fase da carreira no São Paulo, entre 2006 e 2007, se sagrando bicampeonato brasileiro. Ele fez parte do grupo da Seleção Brasileira que ganhou o título da Copa América, em 2007. No ano seguinte, disputou os Jogos Olímpicos de Pequim e conquistou a medalha de bronze. Apesar do início promissor, o ‘Pirulito’ passou por problemas pessoais e não repetiu o bom desempenho em Flamengo e Cruzeiro. Após passagens sem brilho por Boa Esporte, São Bernardo, Rio Claro, Hercílio Luz e Brasiliense, o zagueiro teve a oportunidade de atuar no futebol boliviano, em 2017.

Grande preocupação de times visitantes, a temida altitude boliviana não foi problema na adaptação de Alex Silva. Cidade do Jorge Wilstermann, Cochabamba está a 2.500 metros acima do nível do mar. Vivido no mundo da bola, o defensor analisou as características do futebol local, agradeceu ao clube pela chance de se recuperar na carreira e exaltou o objetivo de provar que ainda pode atuar em alto nível em qualquer time importante.
 
“Eu não tive problema com adaptação à altitude. Atuei desde a primeira rodada em que cheguei aqui. É um futebol mais rápido, corrido, para frente o tempo todo. As equipes buscam o resultado. A adaptação veio rapidamente, porque vinha jogando em divisões do futebol brasileiro parecidas com o futebol daqui. Não tive problema. Estou conseguindo me destacar cada vez mais no futebol boliviano. A expectativa sobre os jogadores brasileiros é sempre grande. A desconfiança, também. Eu vim do Brasiliense, mas, aos poucos, fui conquistando a confiança da torcida, da diretoria, da comissão técnica e dos companheiros. Por se tratar de um clube boliviano, eu já entrei para a história, porque eu sou o segundo brasileiro a conquistar a classificação à segunda fase da Libertadores, depois do Jairzinho (ex-atacante do Botafogo, que atuou no Wilstermann no início da década de 1980). Eu almejo mais. Temos total convicção de avançarmos ainda mais. É uma oportunidade muito boa para a minha carreira, principalmente por tudo que eu estava passando no futebol brasileiro, sem chances em grandes clubes. O Jorge Wilstermann me deu essa oportunidade de jogar futebol e mostrar ao meu país que eu tenho totais condições de atuar em qualquer clube brasileiro", projetou.