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Sinais de mudança: Galo amplia repertório, reduz cruzamentos em 60% e volta a vencer

Vitória sobre o Flamengo trouxe alívio ao time no Campeonato Brasileiro

Rodrigo Fonseca
Micale diz que jogadores sentem que a equipe precisa de um maior repertório de jogadas nas partidas - Foto: Bruno Cantini/ Atlético
Depois de ir à lona, o Atlético não tem saída. Precisa se reinventar para evitar final pior na temporada. A primeira reação, em meio a um ambiente tenso e de cobranças após a eliminação para o Jorge Wilstermann, na Copa Libertadores, foi aliviadora. O previsível futebol da equipe foi deixado de lado. Foi apenas um passo de uma caminhada que pode ser dura, mas o Galo mostrou alguma evolução na vitória sobre o Flamengo, por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. O time do “chuveirinho” (bola levantada na área, na maioria das vezes da intermediária, facilitando o corte de zagueiros e goleiros) ampliou seu repertório. E essa mudança de comportamento é evidenciada pelos números.

Contra o Jorge Wilstermann, conforme o tempo passava e a equipe não encontrava saída para furar a defesa boliviana, o desespero aumentava e cada vez mais se apelava para os cruzamentos: foram 43, sendo 37 errados. Os seis corretos não surtiram efeito. O empate sem gols encerrou o sonho da Libertadores. Esse mesmo cenário desgastado de bola aérea já serviu de fundo para resultados negativos do Atlético na Copa do Brasil e no primeiro turno do Brasileiro.

Já diante do Flamengo, foram apenas 17 bolas levantadas na área, queda de 60% em relação ao fracasso contra o Wilstermann. É verdade que a postura do rubro-negro carioca, permitindo espaço para que o Atlético se organizasse, também ajudou. Mas o alvinegro soube aproveitar e ampliou seu repertório, uma premissa para o time reagir na reta final de 2017.

No Independência, o Galo não abriu mão dos cruzamentos, mas arriscou também chutes de fora da área, as tabelas renasceram. Aliando velocidade e troca de passes, fez jogadas de ultrapassagem, chegou à linha de fundo – território pouco explorado anteriormente. A área adversária, até então pouco povoada de atleticanos, ganhou reforços de jogadores como Adílson, Elias e Fábio Santos nos lances de ataque.

Mudança gradativa

É um início de trabalho, ressalta o técnico Rogério Micale. Porém, se o Atlético quer mudanças, elas precisam aparecer gradativamente. “Os jogadores estão sentindo que precisamos ter um repertório maior de jogadas. Não podemos abandonar a bola na área em momento ofensivo, mas não podemos ter apenas ela. Precisamos construir jogadas e trabalhar a linha de passe para termos opção de levantar na área ou passar na entrada dela, para a chegada de homem surpresa. É trabalho, é conversa. A equipe está evoluindo. Os jogadores são experientes e sabem que é importante ter variação.”

Micale ainda tem muito a fazer. Ainda que de maneira indesejada, com as eliminações precoces nas Copas, o treinador ganhou tempo para reorganizar o time. O objetivo inicial é afastar o Atlético da zona de rebaixamento. A meta final é levá-lo à zona de classificação à Libertadores. Depois da vitória sobre o Flamengo, o Galo deu um pequeno passo rumo a seus alvos. O time arranca no segundo turno a quatro pontos do Z-4 e a três do G-6.

“A gente sabe das nossas deficiências e do que precisamos corrigir. Vamos intensificar o trabalho e fortalecer o que temos mostrado de bom. O time tem tido um volume de jogo interessante. Vejo que os jogadores estão evoluindo. Precisamos estar atentos ao descanso, coisa que não tínhamos. Nosso objetivo agora é o G-6, é isso que foi estipulado. Iniciamos o returno com a vitória que nos ajuda muito para que estipulemos metas”, diz o comandante alvinegro.