Início promissor e problema de saúde
Apesar da atuação decisiva, Denílson não foi aproveitado com frequência no time principal. Tanto é que foi com a equipe sub-20 que o atacante passou um dos maiores sustos da vida. Em 12 de abril de 2014, sentiu-se mal durante voo a caminho de Dallas, nos Estados Unidos, onde disputaria a Dallas Cup.
Por conta do problema, foi medicado e precisou voltar ao Brasil a contragosto, pouco depois de aterrissar nos EUA. No Rio de Janeiro, os médicos identificaram que Denílson teve uma síncope vasovagal. A recuperação envolveu quatro semanas de tratamento para evoluir a parte cardiovascular. Depois, foi liberado para atuar normalmente.
Passagem frustrante pela Europa
Retorno ao Brasil
A volta para ‘casa’ foi proveitosa para a carreira de Denílson. Emprestado ao Avaí em 2017, o atacante recomeçou a trajetória no Brasil com oito gols e uma assistência em 21 jogos disputados. Descontente por ter virado reserva na equipe então comandada por Claudinei Oliveira, pediu para deixar o clube em junho.
A partir de indicação do treinador Rogério Ceni - que atualmente dirige o Fortaleza na Série B -, o São Paulo pagou taxa ao Granada para poder contar com o atacante, também por empréstimo. A passagem de Denílson pelo clube paulista foi frustrante. Em 12 jogos disputados, marcou apenas um gol.
Apesar da curta e apagada trajetória no São Paulo, Denílson teve tempo para viver no clube paulista um momento curioso. Em 19 de julho de 2017, o novo jogador alvinegro enfrentou pela primeira vez o irmão Paulo Vitor, atacante de 18 anos do Vasco. Os dois, entretanto, nem entraram em campo na vitória tricolor por 1 a 0 no Morumbi, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. A título de curiosidade, o único gol da partida foi marcada por Lucas Pratto, que teve passagem marcante pelo Atlético.
Denílson em foto com o irmão Paulo Vitor, jovem atacante de 18 anos do Vasco - Foto: Reprodução
Ano novo, clube novo
Sem sucesso no São Paulo, assinou contrato de empréstimo para atuar no Vitória durante a temporada 2018. No futebol baiano, despertou amor e ódio dos torcedores. Foram 27 partidas disputadas e 11 gols marcados. No momento em que as negociações com o Atlético se iniciaram, essa era a segunda maior marca entre atletas do time rubro-negro na temporada, inferior apenas à de Neilton, que havia balançado as redes rivais 16 vezes. Apesar da curta passagem pelo clube, viveu em seis meses alguns dos principais momentos da carreira.
Gol antológico
Em 4 de fevereiro, Denílson marcou o famoso ‘gol que Pelé’ não fez na estreia na Copa do Mundo de 1970, na vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Tchecoslováquia (assista no vídeo acima). No Barradão, o atacante arriscou do meio-campo e venceu o goleiro Jair, do Bahia de Feira (veja abaixo). A partida, válida pela quarta rodada do Campeonato Baiano, terminou com triunfo rubro-negro por 3 a 0.
Confusão generalizada
O problema é que, apenas 14 dias depois do golaço, Denílson se envolveu em uma briga que repercutiu nacionalmente. Em 18 de fevereiro, Vitória e Bahia se enfrentaram pela sexta rodada do Estadual. O novo atacante do Atlético abriu o placar aos 33’ do primeiro tempo e levou ao delírio a torcida rubro-negra, que ocupava 90% do Barradão.
Aos 4’ do segundo tempo, foi a vez dos 10% restantes comemorarem. De pênalti, Vinícius empatou. Ao festejar, partiu em direção à torcida do Vitória, fez uma dancinha - gesto tradicional do meia após marcar gols -, apontou o dedo para os rubro-negros e disse: ‘Eu sou pi**”.
A reação foi imediata. O goleiro Fernando Miguel, que atualmente defende o Vasco, não gostou e foi tirar satisfações. Daí em diante, uma confusão generalizada tomou o gramado do Barradão. Kanu, Yago e o próprio Denílson dispararam socos contra Vinícius. Em outras partes do campo, mais atletas brigavam. Tudo isso durante um Ba-Vi em que, minutos antes de a bola rolar, os jogadores se manifestaram, juntos, contra a violência. No fim das contas, foi decretado W.O. e triunfo tricolor por 3 a 0.
Pela atitude durante a briga, Denílson foi expulso e, posteriormente, considerado culpado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), que o aplicou suspensão. Vinícius foi à Central de Flagrantes, em Salvador, e prestou queixa contra o atacante por agressão.
O tema voltou à tona em 22 de abril, quando o Atlético derrotou o Vitória por 2 a 1, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, Denílson encontrou o amigo Ricardo Oliveira. Em entrevista, o experiente centroavante de 38 anos revelou os conselhos que deu ao novo companheiro de clube.
“Eu já conheço o Denílson lá de São Paulo, quando ele esteve lá no São Paulo. A gente faz muitos amigos. A gente se encontrava semanalmente lá. Na verdade, dei conselho para ele se concentrar só em jogar bola. É um jovem talentoso. Obviamente, vocês devem fazer a leitura, pelo que ocorreu lá na Bahia, ele foi um dos envolvidos. Mas conheço ele, é um menino bom. Falei para ele mandar um abraço para a família e se concentrar só em jogar bola, porque ele tem um futuro promissor”, disse Ricardo Oliveira.
Mau comportamento
Por conta do episódio, classificado pela diretoria do Vitória como “um ato de indisciplina e insubordinação”, Denílson foi multado em 25% do salário. Depois, voltou a jogar e retomou a condição de titular do time.
Nova chance
Apesar dos contratempos, Denílson chega ao Atlético com moral. Em momento financeiro complicado, o clube alvinegro aceitou pagar 300 mil euros (R$ 1,3 milhão) ao Granada para contratá-lo em definitivo. O contrato com o jovem jogador é válido por cinco anos. A diretoria mineira entende que o atacante pode evoluir e, futuramente, gerar retorno técnico e econômico.
No Atlético, Denílson tem a meta de se firmar como um concorrente de Ricardo Oliveira. O experiente centroavante é o artilheiro do clube alvinegro na temporada, com 15 gols, além de ter distribuído seis assistências. Outra possibilidade é que o novo reforço atue pelas pontas. É a chance de recomeço para uma atleta cuja carreira é cheia de altos e baixos.
Quem é Denílson?
Nome: Denílson Pereira Júnior
Data de nascimento: 18 de julho de 1995 (22 anos)
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Atacante (centroavante ou pelas pontas)
Pé preferencial: Direito
Clubes em que jogou: Fluminense (2012-2014), Granada B (2014-2016), Neftchi (2016), Avaí (2017), São Paulo (2017), Vitória (2018) e Atlético (2018)
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