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Vida, histórias e bastidores: 'spoilers' do livro que Victor citou no adeus

Ídolo do Atlético terá a trajetória contada por torcedor alvinegro

João Vitor Marques
Victor chora após despedida dos gramados na vitória do Atlético sobre a URT - Foto: Pedro Souza/Atlético
Em 21 de janeiro de 1983, nascia, na pequena Santo Anastácio, Victor Leandro Bagy. À época, mal sabiam os pais que, 30 anos mais tarde, aquele bebê carregaria, junto ao seu nome, parte da cidade onde nasceu e se tornaria “santo” para milhões de “devotos”. Aquele garoto introspectivo cresceu, mas manteve a serenidade na vida e no campo. Frio, operou “milagres” que o fizeram ser "canonizado", em uma história de glórias concluída no último domingo e que, agora, vai virar livro.


Relembre momentos marcantes de Victor com a camisa do Atlético

Victor é apresentado como reforço do Atlético em 4 de julho de 2012 - Bruno Cantini/Atlético
Victor é apresentado como reforço do Atlético em 4 de julho de 2012 - Arquivo/EM
Victor fez sua estreia pelo Atlético com vitória sobre a Portuguesa por 2 a 0 pelo Brasileirão - Alexandre Guzanshe/EM
Campeonato Mineiro de 2013 marcou o primeiro título de Victor com o Atlético - Rodrigo Clemente/EM
Victor comemora ao lado dos companheiros após pegar pênalti de Riascos, do Tijuana, na copa Libertadores de 2013 - Rodrigo Clemente/EM
Victor foi protagonista no jogo contra o Newell's Old Boys na Copa Libertadores de 2013 - Ramon Lisboa/EM
Victor foi peça importante do Galo diante do Olimpia, do Paraguai, na final da Copa Libertadores de 2013 - Alexandre Guzanshe/EM
Victor ao lado da taça da Copa Libertadores de 2013 - Rodrigo Clemente/EM
Victor foi convocado para a Copa do Mundo de 2014 - Vanderlei Almeida/AFP
Victor e Réver comemoram título da Recopa Sul-Americana de 2014 sobre o Lanús, da Argentina - Rodrigo Clemente/EM
Após a vitória sobre o Lanús, Victor segura a taça da Recopa Sul-Americana de 2014 - Alexandre Guzanshe/EM
Victor exibe troféu de campeão da Copa do Brasil de 2014 - Bruno Cantini/Atlético
Victor ao lado de Tardelli e Leonardo Silva com a taça da Copa do Brasil de 2014 - Divulgação/Atlético
Em 2015, Victor foi bicampeão do Estadual sobre a Caldense - Rodrigo Clemente/EM
Em 2016, Victor se machucou em um lance durante um jogo beneficente e teve o ombro direito operado - Reprodução
Victor comemora o título do Campeonato Mineiro de 2017 - Rodrigo Clemente/EM
Victor defendeu três pênaltis do Unión La Calera, do Chile, pela Sul-Americana 2019 - Divulgação/Atlético
Em 2019, Victor foi afastado dos gramados para a recuperação de uma lesão no joelho esquerdo - Bruno Cantini/Atlético
Em 2020, Victor comemorou seu quarto título do Estadual pelo Atlético - Alexandre Guzanshe/EM
Victor fez seu último treino com a camisa do Atlético no sábado (27/2) - Pedro Souza/Atlético
Todas as camisas usadas pelo goleiro Victor durante sua trajetória no Atlético - Divulgação/Atlético

O ‘adeus’ aos gramados não foi uma despedida do futebol. Victor está eternizado na galeria dos imortais - como são as criaturas divinas - do Clube Atlético Mineiro. Sem as luvas e o uniforme de jogo, assumiu o traje social para seguir no vestiário, espaço que conhece tão bem. Agora, como gerente de futebol.

Com as lágrimas secas, o maior goleiro da centenária história alvinegra revelou, nos últimos minutos da entrevista coletiva de despedida, que terá a trajetória contada por um atleticano. “Escrevendo um livro aí… Espero que tenha muitas boas histórias para contar e apresentar aos que apreciam meu trabalho. Dei um spoiler… (risos)”, disse, no domingo.

O responsável por transformar em palavras 38 anos de vida, conquistas, decepções e idolatria será Roberto Marques, o Betinho. “Eu não tenho data (de lançamento), mas, de alguma forma, ao dar esse spoiler, ele me pressiona a terminar (risos)”, conta, em entrevista ao Superesportes.



A obra está em processo de produção e ainda não tem nome, capa e editora definidos. A ideia do autor - que já publicou um livro sobre Zé do Monte, outro ídolo atleticano - é contar a história de Victor a partir de relatos do próprio ex-goleiro e de quem o acompanhou desde a infância no interior de São Paulo.

“Já tem um tempo que eu combinei com o Victor e o empresário dele. A gente acordou de contar um pouco a história dele desde que começou a jogar bola, dos tempos de Paulista. Tem muita história. Fui à cidade dele de carro, conheci o pai e a mãe. Conversei com gente que conviveu com ele, com professores, com gente que jogou bola com ele, amigos... Tem muita coisa para contar”, diz.

Páginas perdidas


Victor cumprimenta companheiros de Atlético em despedida dos gramados - Foto: Pedro Souza/Atlético

A viagem até Santo Anastácio foi em janeiro de 2017. De lá para cá, capítulos da trajetória de Victor foram escritos - na vida real, pelo ex-jogador, e no papel, pelo autor. Muitas das páginas construídas pelo torcedor ao longo dos últimos anos, no entanto, têm paradeiro desconhecido.



“Quebraram o meu carro, levaram pertences importantes, fotos que eu tinha do meu filho na infância. E levaram também o notebook que tinha mais de 50% do livro escrito. Estou reescrevendo. Anoto em vários lugares, foi um trauma danado. Escrevo no caderno, no Google Drive, mando por e-mail e vou documentando. As coisas estão caminhando”, relembra, já de forma serena, o torcedor do Atlético.

Histórias


“A ideia é contar a história dele mesmo, como pessoa. Ele já tem livros sobre o dia do ‘Milagre do Horto’, essas coisas todas. Quero contar a trajetória. É basicamente uma biografia”, afirmou Betinho, que adiantou algumas das histórias que estarão no livro, cujo prefácio deverá ser assinado pelo próprio Victor.

“Um fato interessante é que ele estava para ser dispensado no Paulista porque não estava pegando pênalti. Aí o treinador de goleiros foi fazer uma análise, que virou um artigo para a faculdade. Na capa dessa tese, tem o goleiro pegando um pênalti com o pé”, conta, em menção à defesa da canhota de Victor contra o Tijuana, em 30 de maio de 2013, data da “canonização”.


Homenagens ao goleiro Victor, do Atlético

Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Atlético / Divulgação
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS
Goleiro foi homenageado na despedida dos gramados - Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS

As histórias vão desde a primeira luva - presenteada pela avó - e a estreia como profissional diante do Palmeiras até a ascensão no Grêmio e o brilho no Atlético. A chegada ao clube alvinegro, em 29 de junho de 2012, será contada por um personagem simbólico: o ex-presidente Alexandre Kalil.

“Eu sou foda para montar uma boa equipe, sei colocar cada um no seu lugar [...] Presidente não sobrevive sem goleiro ou centroavante. Eu busquei o Victor, numa confusão que é difícil de explicar. Victor: eu busquei”, contou, ao autor do livro, o atual prefeito de Belo Horizonte.


No Atlético, o goleiro realizou o sonho de disputar a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Mas pouca gente sabe que, quatro anos antes, quando ainda defendia o Grêmio, viu os 20 mil habitantes da cidade-natal se frustrarem com a convocação que não veio. “Vou contar a história da Copa de 2014 e a Copa anterior, em que fizeram uma festa porque ele ia ser convocado, mas não foi e gerou uma frustração em Santo Anastácio…”, diz Betinho.



A intenção do autor é que o livro tenha também um espaço para que Victor conte a própria visão sobre tudo o que viveu. Só no Atlético, foram quase nove anos, 424 jogos, oito títulos e a idolatria de milhões.