Denílson Pereira Júnior tem apenas 22 anos, mas já viveu muita coisa no futebol. Natural da cidade do Rio de Janeiro, o novo atacante do Atlético tem no currículo passagens pelo futebol europeu e por grandes times do Brasil. Nesse período, envolveu-se em confusões, foi punido por mau comportamento, teve boas atuações, fez gol antológico e teve de superar um problema cardíaco. Conheça um pouco mais a carreira do reforço alvinegro, que chega ao clube com contrato de cinco anos e a missão de disputar posição com o centroavante Ricardo Oliveira, apesar de também poder atuar pelas pontas.
Início promissor e problema de saúde
O CT em Xerém, na capital carioca, foi a ‘casa’ de Denílson durante a formação nas categorias de base. Destaque nas divisões inferiores do Fluminense, o atacante estreou pelo time profissional em 9 de junho de 2013, quando tinha apenas 17 anos. E, logo de cara, mostrou que tem estrela. Aos 41’ do segundo tempo, fez o gol da vitória tricolor por 2 a 1 sobre o Goiás, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo foi disputado no estádio Cláudio Moacyr, em Macaé.
Apesar da atuação decisiva, Denílson não foi aproveitado com frequência no time principal. Tanto é que foi com a equipe sub-20 que o atacante passou um dos maiores sustos da vida. Em 12 de abril de 2014, sentiu-se mal durante voo a caminho de Dallas, nos Estados Unidos, onde disputaria a Dallas Cup.
Por conta do problema, foi medicado e precisou voltar ao Brasil a contragosto, pouco depois de aterrissar nos EUA. No Rio de Janeiro, os médicos identificaram que Denílson teve uma síncope vasovagal. A recuperação envolveu quatro semanas de tratamento para evoluir a parte cardiovascular. Depois, foi liberado para atuar normalmente.
Passagem frustrante pela Europa
No início de 2015, o Fluminense emprestou Denílson ao Granada, da Espanha, por 18 meses. Durante e mesmo depois desse período, jogou pelo time B do clube europeu, mas não se firmou e foi emprestado ao Neftchi. Atuou pouco no Azerbaijão e encontrou no Brasil uma chance de retomar o bom futebol.
Retorno ao Brasil
A volta para ‘casa’ foi proveitosa para a carreira de Denílson. Emprestado ao Avaí em 2017, o atacante recomeçou a trajetória no Brasil com oito gols e uma assistência em 21 jogos disputados. Descontente por ter virado reserva na equipe então comandada por Claudinei Oliveira, pediu para deixar o clube em junho.
A partir de indicação do treinador Rogério Ceni - que atualmente dirige o Fortaleza na Série B -, o São Paulo pagou taxa ao Granada para poder contar com o atacante, também por empréstimo. A passagem de Denílson pelo clube paulista foi frustrante. Em 12 jogos disputados, marcou apenas um gol.
Apesar da curta e apagada trajetória no São Paulo, Denílson teve tempo para viver no clube paulista um momento curioso. Em 19 de julho de 2017, o novo jogador alvinegro enfrentou pela primeira vez o irmão Paulo Vitor, atacante de 18 anos do Vasco. Os dois, entretanto, nem entraram em campo na vitória tricolor por 1 a 0 no Morumbi, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. A título de curiosidade, o único gol da partida foi marcada por Lucas Pratto, que teve passagem marcante pelo Atlético.
Ano novo, clube novo
Sem sucesso no São Paulo, assinou contrato de empréstimo para atuar no Vitória durante a temporada 2018. No futebol baiano, despertou amor e ódio dos torcedores. Foram 27 partidas disputadas e 11 gols marcados. No momento em que as negociações com o Atlético se iniciaram, essa era a segunda maior marca entre atletas do time rubro-negro na temporada, inferior apenas à de Neilton, que havia balançado as redes rivais 16 vezes. Apesar da curta passagem pelo clube, viveu em seis meses alguns dos principais momentos da carreira.
Gol antológico
Em 4 de fevereiro, Denílson marcou o famoso ‘gol que Pelé’ não fez na estreia na Copa do Mundo de 1970, na vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Tchecoslováquia (assista no vídeo acima). No Barradão, o atacante arriscou do meio-campo e venceu o goleiro Jair, do Bahia de Feira (veja abaixo). A partida, válida pela quarta rodada do Campeonato Baiano, terminou com triunfo rubro-negro por 3 a 0.
O problema é que, apenas 14 dias depois do golaço, Denílson se envolveu em uma briga que repercutiu nacionalmente. Em 18 de fevereiro, Vitória e Bahia se enfrentaram pela sexta rodada do Estadual. O novo atacante do Atlético abriu o placar aos 33’ do primeiro tempo e levou ao delírio a torcida rubro-negra, que ocupava 90% do Barradão.
Aos 4’ do segundo tempo, foi a vez dos 10% restantes comemorarem. De pênalti, Vinícius empatou. Ao festejar, partiu em direção à torcida do Vitória, fez uma dancinha - gesto tradicional do meia após marcar gols -, apontou o dedo para os rubro-negros e disse: ‘Eu sou pi**”.
A reação foi imediata. O goleiro Fernando Miguel, que atualmente defende o Vasco, não gostou e foi tirar satisfações. Daí em diante, uma confusão generalizada tomou o gramado do Barradão. Kanu, Yago e o próprio Denílson dispararam socos contra Vinícius. Em outras partes do campo, mais atletas brigavam. Tudo isso durante um Ba-Vi em que, minutos antes de a bola rolar, os jogadores se manifestaram, juntos, contra a violência. No fim das contas, foi decretado W.O. e triunfo tricolor por 3 a 0.
Pela atitude durante a briga, Denílson foi expulso e, posteriormente, considerado culpado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), que o aplicou suspensão. Vinícius foi à Central de Flagrantes, em Salvador, e prestou queixa contra o atacante por agressão.
O tema voltou à tona em 22 de abril, quando o Atlético derrotou o Vitória por 2 a 1, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, Denílson encontrou o amigo Ricardo Oliveira. Em entrevista, o experiente centroavante de 38 anos revelou os conselhos que deu ao novo companheiro de clube.
“Eu já conheço o Denílson lá de São Paulo, quando ele esteve lá no São Paulo. A gente faz muitos amigos. A gente se encontrava semanalmente lá. Na verdade, dei conselho para ele se concentrar só em jogar bola. É um jovem talentoso. Obviamente, vocês devem fazer a leitura, pelo que ocorreu lá na Bahia, ele foi um dos envolvidos. Mas conheço ele, é um menino bom. Falei para ele mandar um abraço para a família e se concentrar só em jogar bola, porque ele tem um futuro promissor”, disse Ricardo Oliveira.
Mau comportamento
Após a confusão, Denílson voltou a jogar e a fazer gols. Em 16 de maio, entretanto, protagonizou outro episódio polêmico. O atacante decidiu não viajar com a delegação do Vitória até o Maranhão para o jogo de ida das quartas de final da Copa do Nordeste. O time rubro-negro perdeu por 3 a 0, no Castelão, e foi eliminado após empate sem gols no Barradão.
Por conta do episódio, classificado pela diretoria do Vitória como “um ato de indisciplina e insubordinação”, Denílson foi multado em 25% do salário. Depois, voltou a jogar e retomou a condição de titular do time.
Nova chance
Apesar dos contratempos, Denílson chega ao Atlético com moral. Em momento financeiro complicado, o clube alvinegro aceitou pagar 300 mil euros (R$ 1,3 milhão) ao Granada para contratá-lo em definitivo. O contrato com o jovem jogador é válido por cinco anos. A diretoria mineira entende que o atacante pode evoluir e, futuramente, gerar retorno técnico e econômico.
No Atlético, Denílson tem a meta de se firmar como um concorrente de Ricardo Oliveira. O experiente centroavante é o artilheiro do clube alvinegro na temporada, com 15 gols, além de ter distribuído seis assistências. Outra possibilidade é que o novo reforço atue pelas pontas. É a chance de recomeço para uma atleta cuja carreira é cheia de altos e baixos.
Quem é Denílson?
Nome: Denílson Pereira Júnior
Data de nascimento: 18 de julho de 1995 (22 anos)
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Atacante (centroavante ou pelas pontas)
Pé preferencial: Direito
Clubes em que jogou: Fluminense (2012-2014), Granada B (2014-2016), Neftchi (2016), Avaí (2017), São Paulo (2017), Vitória (2018) e Atlético (2018)