Santa Cruz x Bahia: Conheça a história de um dos principais confrontos do Nordeste

O dia era 21 de fevereiro de 1932, o Santa Cruz sequer sonhava com a possibilidade de ter um estádio no bairro do Arruda, ainda assim, recebia o Bahia, no primeiro entre os dois tricolores. Com uma vitória do Esquadrão por 3 a 2, nascia um dos maiores clássicos do Nordeste. Desde então, o confronto já se repetiu outras dezenas de vezes e marcou a memória de pernambucanos e baiano. Amanhã os rivais voltam a se enfrentar, no 79º clássico, responsável por abrir a Copa do Nordeste para os rivais.

Com bases ainda em tempos do futebol amador, a história de Santa Cruz x Bahia está a poucos dias de completar 88 anos. Os primeiros jogos foram, todos, amistosos. Se o Tricolor de Aço venceu o primeiro por 3 a 2, o Tricolor do Arruda venceu o segundo por 3 a 0, mas a força coral foi exposta de verdade apenas no quinto jogo, em 1939, vencido por 5 a 0, naquela que é, até hoje, a maior goleada já aplicada pelo Santa contra o Bahia. Os três gols de Jango também foram o primeiro hat-trick do clássico.

Depois de um hiato de oito anos, o clássico voltou a ser disputado em 1947, com o Esquadrão engatando uma boa sequência de sete vitórias que só seria interrompida seis anos depois. Nesse meio tempo, inclusive, ocorreu o primeiro confronto oficial entre as equipes, no Torneio dos Campeões do Nordeste de 1948. Naquela competição, os campeões de Bahia e Pernambuco entraram na semifinal e se enfrentaram na decisão, vencida pelo Esquadrão por 1 a 0.

Nos anos 50, o confronto entre os rivais do próximo sábado foram muito comuns em torneios amistosos. Após os confrontos, o Bahia se sagrou campeão do Quadrangular de Salvador de 1954 e o Quadrangular Vivaldo Rodrigues de 1955. Os corais, por outro lado, venceram o Torneio Pernambuco-Bahia de 1956, apesar de uma dura derrota por 3 a 0 frente ao Esquadrão. Os clubes ainda se enfrentaram no Quadrangular do Recife de 1955, vencido pelo Vasco da Gama.

Em dez jogos disputados na década de 1960, a igualdade prevaleceu. Quatro vitórias para cada lado e dois empates. O destaque, porém fica para o último confronto da década, empatado em 1 a 1, na primeira rodada da Taça Brasil de 1969. Aquele jogo foi o terceiro do Santa Cruz na história dos Campeonatos Brasileiros, depois de ser eliminado no primeiro mata-mata pelo Fortaleza na disputa de 1960. Além disso, era a estreia coral em seu segundo Campeonato Brasileiro, o primeiro sem ser em mata-mata.

Com regras que mudavam a cada ano sobre a formação das divisões, Santa Cruz e Bahia se encontraram na elite do futebol brasileiro por diversas vezes depois daquele jogo de 1969. Os confrontos se espalharam entre os anos de 70, 71, 72, 75, 76, 78, 79, 81, 85, 87 e 88, com destaque para as várias goleadas entre as duas décadas.

Em 1976, o Bahia aplicou um 3 a 0. Cinco anos mais tarde, 4 a 0 para os recifenses, com gols de Joãozinho, Isidoro, Dario e Baiano, mas, como tudo que é bom fura pouco, 21 dias depois, os baianos devolveram com juros: 5 a 0, com gols de Gílson Gênio (2), Toninho Taino (2) e Dirceu Catimba, exatamente no placar que precisava para avançar e eliminar o Santa em seu grupo. Essa foi a maior goleada do Bahia no clássico. Em 1985, o Bahia ainda aplicou outro 3 a 0.

Com novas formulações na estrutura do futebol nacional, o clássico dos tricolores foi ficando mais raro. Em 1993, o Torneio Pernambuco-Bahia contou com dois confrontos e deu o título ao Bahia. No ano seguinte, a primeira edição da Copa do Nordeste viu o Tricolor de Aço vencer a Cobra Coral por 2 a 1 na semifinal, em jogo único em Alagoas. O destaque, porém, fica para 1999, quando o quadrangular de acesso da Série B contou com os rivais, que se enfrentaram na segunda e na penúltima rodada. O Bahia venceu o primeiro, mas o Santa levou o segundo e conseguiu o acesso ao final da disputa.

Em momentos seguidos nos anos 200, Bahia e Santa Cruz viveram os piores momentos de suas vitoriosas histórias, com o baianos chegando à Série C e os pernambucanos indo até a D. Assim, os poucos confrontos ficaram restritos ao início do século, com três jogos no Nordestão e outros três no Brasileiro. Aí, inclusive, ocorreram os primeiros clássicos válidos pela Série B, com vitória do Bahia em 2004 e do Santa em 2005, em um 4 a 2 que ajudou a equipe a conquistar o acesso ao final do ano.

Com o restabelecimento da Copa do Nordeste no calendário oficial, Santa Cruz e Bahia voltaram a se enfrentar com maior frequência. Os confrontos aconteceram nas primeiras fases de 2010, 2014, 2016 e 2019. O primeiro clássico de destaque na década, porém, veio pela Série B de 2015, que terminou com o acesso do Santa após duas vitórias sobre o rival. A última, inclusive, nas rodadas finais, impulsionou os corais a uma boa sequência que culminou com o retorno à elite.

Outro confronto marcante aconteceu um ano depois, quando, com um empate em 2 a 2 e uma vitória pelo placar mínimo, o Santa superou o Bahia na semifinal da Copa do Nordeste, naquele que foi o penúltimo passo antes do título mais importante de sua história centenária. Agora, neste sábado, abrindo o Nordestão, o clássico será um dos primeiro passos dos clubes nos anos 2020.

11/12/1994 - Santa Cruz 1 x 2 Bahia (campo neutro)

10/02/2001 - Santa Cruz 3 x 0 Bahia

17/02/2002 - Bahia 2 x 0 Santa Cruz

05/10/2010 - Bahia 4 x 1 Santa Cruz

22/01/2014 - Bahia 1 x 1 Santa Cruz

02/02/2014 - Santa Cruz 2 x 0 Bahia

14/02/2016 - Santa Cruz 0 x 1 Bahia

23/03/2016 - Bahia 1 x 0 Santa Cruz

13/04/2016 - Santa Cruz 2 x 2 Bahia

17/04/2016 - Bahia 0 x 1 Santa Cruz

26/01/2019 - Santa Cruz 1 x 3 Bahia

78 Jogos

23 Vitórias do Santa

18 Empates

37 Vitórias do Bahia

108 Gols marcados

134 Gols sofridos

-26 Saldo do confronto

37% de aproveitamento