Superesportes

FUTEBOL DE LUTO

Até então, empresa aérea que realizou voo não tinha problemas

Avião da Lamia tinha 17 anos e não havia registro de incidentes. Companhia era indicada pela Conmebol para vários times por oferecer preços mais baixos

Isabella Souto
O que falhou? O piloto Miguel Quiroga era boliviano e um dos donos da LaMia. Ele vivia em Epitaciolândia, no interior do Acre, com a mulher e três filhos. Ele teria reportado %u201Cfalhas elétricas graves%u201D à torre de controle do aeroporto antes da queda do avião. Na foto, Quiroga com jogadores da Chapecoense. - Foto: Twitter/Reprodução da internet

A Linha Aérea Mérida International Aviation Company Limited, ou LaMia, foi criada em Mérida, na Venezuela, em 2009, ano em que recebeu a sua primeira aeronave, um ATR 72 212 AA companhia operou uma pequena frota de aviões regionais até deixar de voar em 2013No ano seguinte, ressurgiu na BolíviaAtualmente, a empresa operava com dois aviões British-Aerospace BAe-Avro 146, de quatro reatores, que deixaram de ser fabricados em 2001Um tem 16 anos e o outro, que levava o time da Chapecoense até Médelin, na Colômbia, 17 anos.

No site da companhia, ela se apresenta como especializada em serviços aéreos e comerciais, transporte regular de passageiros, transporte de carga tanto nacional quanto internacional – de entidades privadas e governamentais em aviões e helicópteros aprovados pela autoridade aeronáutica da BolíviaHá ainda garantias de “tripulações qualificadas”, treinadas semestralmente pela Swiss AviationMas de voos turísticos a LaMia foi se especializando em voos charter para equipes de futebol da região.

Avião em BH Recentemente, a mesma aeronave acidentada na noite de segunda-feira esteve em Belo Horizonte, transportando a seleção da Argentina, que no último dia 10 jogou contra o Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 2018 e perdeu de 3 a 0Entre os principais clientes da companhia estão, atualmente, o Atlético Nacional da Colômbia – time contra o qual o Chapecoense disputaria o título da Copa Sulamericana –, a Seleção da Venezuela, o The Strongest (Bolívia), o Olimpia (Paraguai) e o Fénix (Argentina).

A LaMia ainda costuma alugar aeronaves para empresas de exploração mineral e de petróleoA Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) recomenda a contratação da companhia por oferecer os preços mais baixos do mercado.

DIFERENCIAL
O modelo usado pela LaMia foi um dos principais jatos regionais das décadas de 1980 e 1990, mas já não era produzido desde 2002De origem britânica, o Avro RJ85 nasceu como British Aerospace 146 e tinha uma configuração original, com asas altas e quatro pequenos motores turbofans sob as asas, além de capacidade para transportar de 70 a 100 passageiros.

Um dos seus diferenciais é operar em pistas curtas, característica necessária para regiões com pouca infraestrutura aeroportuária ou mesmo montanhosa, como o local do acidente da noite de segunda-feira.

A aeronave que transportava a delegação catarinense foi fabricada em 1999 e entregue originalmente para a companhia regional americana MesabaEm 2007 a unidade foi repassada para a empresa irlandesa CityJet e chegou a voar com as cores da Air France
Em 2013, foi comprada pela LaMia para operar na VenezuelaNo ano passado, passou a voar na Bolívia.

Durante 23 anos foram produzidas 387 unidades da aeronave, e a linha de montagem foi encerrada em 2001, época em que novos jatos como o brasileiro E190, mais econômicos e modernos, tornaram o modelo inglês caro para esse tipo de operaçãoNo Brasil, inclusive, o jato chegou a voar na extinta companhia regional Taba, que operava na região amazônicaNo começo dos anos 1990, a companhia Air Brasil, do grupo mineiro Líder Aviação, chegou a trazer ao país duas unidades para início de operação, porém, o projeto foi cancelado.

De acordo com o National Transportation Safety Board (NTSB), responsável pela investigação de acidentes aéreos nos Estados Unidos, apenas dois incidentes com a aeronave Avro RJ85 foram registrados nos últimos anos: um em Oklahoma, em 2005, e outro em Norwich (Inglaterra), em 2013Não há informações sobre mortes nestes incidentes(Com agências)



Tragédias nos ares

Confira alguns dos mais graves acidentes aéreos da história do futebol