Acho a decisão de Sette Câmara acertada e providencial, já que Oliveira tem história, títulos e é um homem do bem, de caráter e muito querido no meio futebolístico. Conseguiu, em tão pouco tempo, recuperar jogadores como Robinho e dar um padrão de jogo ao time atleticano. O futuro presidente sabe que terá problemas, pois a grana está curta para todos os clubes do Brasil. Porém, inteligente e bem relacionado, saberá achar as peças certas para ajustar o time e brigar por taças em 2018. Como não há nenhum clube despontando, nem o Corinthians, novo campeão, com um pouco de ajuste a equipe ficará em condições de brigar pelos títulos.
Para quem não sabe, Sérgio Sette Câmara é atleticano de quatro costados, fez parte da gestão do eterno e mais vencedor presidente da história atleticana, Alexandre Kalil, sendo inclusive indicado por ele para substituir Daniel Nepomuceno. Sérgio vai sempre se aconselhar com Kalil, pois não abrirá mão de receber sugestões de um homem que mudou a história do clube no quesito conquistas. Mas, é claro, terá sua gestão, sua forma de dirigir.
Ele é realista em relação à atual situação do clube, e conta com o apoio da torcida para entender o momento. Todos os clubes brasileiros terão de enxugar despesas, pois a realidade do futebol é outra. A não ser que haja um parceiro, como o Palmeiras tem, que ganha dinheiro emprestando a juros, não há como fazer grandes contratações. Mesmo porque não há jogadores de nível no mercado.
Gostei muito quando Sette Câmara disse que vai investir pesado nas divisões de base. Esse é o caminho para os grandes clubes revelarem novos valores. Contratar ex-jogador em atividade só inflaciona a folha de pagamento e não acrescenta nada em termos técnicos. Acredito muito nesta nova gestão e espero que o torcedor dê seu aval e jogue junto com Sette Câmara e o time.
Denúncias
O julgamento de José Maria Marín e de outros ex-dirigentes presos na Suíça há dois anos, em Nova York, tem agora um novo delator, o argentino Burzaco, que está jogando tudo no ventilador. Diferentemente do Brasil, acordo de delação premiada para réu nos Estados Unidos não é esta moleza que vemos por aqui. Mesmo colaborando com a Justiça norte-americana, Burzaco pode pegar 60 anos de cadeia e morrer dentro de uma cela. É o preço que se paga pela corrupção. É preciso que ele mostre provas do que está dizendo, pois a delação só tem valor caso as provas sejam apresentadas. Por enquanto, Burzaco atira para todos os lados, mas, de concreto, ainda não mostrou absolutamente nada. O maior delator de todo o esquema foi o brasileiro J. Hawilla, que ficou em prisão domiciliar, usando tornozeleira, e devolveu US$ 750 milhões ao governo americano. Teria sido ele o delator contra Marín e Ricardo Teixeira. Hawilla ainda não se livrou da Justiça americana, e, com os novos depoimentos, muita coisa ainda pode surgir e complicar sua vida.
Campeão
O Corithians é o novo campeão brasileiro, mas sua equipe não é brilhante como em outras épocas. Apenas um time esforçado, limitado, mas superior aos concorrentes. Grêmio, Palmeiras e Flamengo optaram por usar reservas em vários jogos do Brasileiro, quando disputavam a Libertadores. Isso, com certeza, deu essa vantagem ao Timão, que se manteve na ponta desde a quinta rodada. Não se pode tirar o mérito de uma conquista assim. Parabéns ao Timão, mas que o futebol brasileiro está muito pobre, disso não há a menor dúvida.