Cruzeiro
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ENTREVISTA

Cury abre o jogo sobre bastidores e dívidas de Atlético e Cruzeiro; assista

Ao Superesportes, empresário - que participou de algumas das maiores negociações da história do futebol - detalhou relação com os principais clubes de Minas

O mineiro André Cury deixou Poços de Caldas cedo. Até a adolescência, alternava entre a cidade natal e São Paulo, onde efetivamente fixou raízes e iniciou uma trajetória de quase três décadas no futebol. As voltas a Minas Gerais, no entanto, são frequentes. O empresário, de 49 anos, tornou-se um dos atores mais influentes nos bastidores de Atlético e Cruzeiro.
Nesta entrevista exclusiva ao Superesportes (assista no vídeo acima, ouça o podcast ou leia a íntegra ao fim do texto), Cury não se utilizou de meias palavras ao responder sobre os negócios, os bastidores e as dívidas dos dois principais clubes do estado. “Quando vem o profissionalismo, o futebol paga pelos serviços que solicita. A gente nem estaria discutindo sobre ação (judicial), situação do Cruzeiro, do Atlético, do Santos, do Vasco, do Botafogo, do Corinthians, que estão em fase pré-falimentar”, disse.

O agente criticou severamente a postura do Atlético no mercado de transferências e na vã tentativa de renegociar uma dívida que, em seu entendimento, supera os R$ 40 milhões em comissões. Ele ainda lamentou a crise financeira do Cruzeiro e projetou serem necessários ao menos “15 anos” para o clube voltar a ser competitivo.

Na conversa com a reportagem, ele ainda detalhou sua participação em transferências milionárias, como as de Neymar, Philippe Coutinho, ArrascaetaLucas Pratto, dentre outras.

(Foto: Arquivo pessoal/André Cury)


Leia a seguir a íntegra da entrevista de Cury, dividida em quatro blocos (trajetória, Atlético, Cruzeiro e futebol mineiro):

Trajetória


Superesportes: Como é a sua história, a sua formação e como entrou no futebol?

André Cury: “Eu sou mineiro de Poços de Caldas. Meu time é a Caldense. Sempre acompanhava o time quando o estádio era no centro da cidade, depois passou para o Ronaldão. Mas fui sempre radicado em São Paulo. Minha família tem negócios em Poços de Caldas, também tem casa. Até a minha adolescência, meus 15 anos, eu praticamente morava entre Poços de Caldas e São Paulo. Fazia um meio a meio.

Eu começo no futebol por volta do ano de 1992. Um amigo meu, que é o Giuliano Bertolucci (também empresário de futebol), começa a namorar uma menina. O pai dela tem dois times de futebol em São Paulo: Nacional e Juventus. Eu começo a dar uma assessoria para eles. Eu sempre estava no meio, eu já era assessor do J. Hawilla na Traffic em 93, então eu, como já conhecia bem as federações, alguns treinadores, tudo, comecei a colaborar e trabalhar diretamente com o Giuliano na antiga Eurosport. Começamos no futebol por volta aí de 1992 e 1993.”

(Foto: Eugênio Gurgel/EM/D. A Press)
Você tem um histórico de trazer muitos jogadores de outros países da América do Sul para o Brasil. Como construiu essa rede internacional? 

“Em 1999, eu conheci dois espanhóis que trabalhavam aqui na Nike no Brasil, e acabamos sendo campeões do mundo com a Seleção Brasileira, em 2002, que erar o Sandro Rossell (empresário e ex-presidente do Barcelona) e o Pepe Costa (amigo e conselheiro de Messi). O Pepe ainda trabalha no Barcelona, diretamente com o Messi, e eu sempre fazia consultoria de serviços para eles. Acabei trabalhando na Copa de 2002, a gente fez todo o ambiente da Seleção Brasileira, que acabou com o título. 

Logo depois, o Sandro vai embora do Brasil e concorre à vice-presidência do Barcelona. Acaba ganhando. Então, como eu já tinha a relação, comecei a fazer muitas consultorias para o Barcelona. Dentre elas, a primeira contratação que fizemos foi o Ronaldinho Gaúcho.

Quando eu comecei a ter essa consultoria, passei a andar muito pela América do Sul. Obviamente, recrutei alguns scouts e tenho essa informação mais privilegiada. Então, de dez anos para cá, o mercado nacional abriu mais as portas. Devo ter trazido uns 60 jogadores para o Brasil. Desses, 90%, 95% foram de sucesso, tanto na parte desportiva, como na econômica.” 

A participação maciça dos intermediários nas negociações hoje é uma mistura de  incompetência dos clubes na captação e no relacionamento externo ou é mais porque os empresários estão sempre no pé dos clubes? Porque não se negocia mais de clube para clube, como antigamente?

“Existem dois tipos de empresários. Tem o empresário que em 95% dos casos detém o jogador. É um mercado paralelo que sou contra no Brasil e na Europa também, de você dar dinheiro para o jogador para assumir a representação dele. Essa troca começa de uma maneira que não é certa para a relação, você não pode se propor a trabalhar para uma pessoa e ainda pagar por isso.

Mas essas empresas do futebol, muitas novas, para elas terem acesso aos jogadores, por não terem histórico de vendas e negociações, elas oferecem dinheiro. Obviamente, quando o jogador está no sub-17, no sub-20, ganha muito pouco, qualquer R$ 100 mil ou R$ 200 é um negócio importante para a família. Mas não acho que montar uma relação a partir disso seja sadia para o futuro.

Os outros 5% ou 10% são a parte que mais gosto de fazer. É a parte mais desafiadora, que é ser intermediário. Você tem que linkar o grupo comprador com o grupo vendedor, com o agente, com a família. E neste processo, você sempre é a parte mais fraca. Você tem uma ponta, no máximo. É desafiante porque você precisa linkar isso.

O empresário, hoje, é um facilitador de negócio. Existem os bons e os ruins. Os bons facilitam o negócio para o clube. (O negócio) já vem pronto, já vem com acordo pronto, pode ser outra língua, pode ser que você não tenha que ir lá. Eu fiquei agora na Argentina 22 dias para contratar o Borré (Rafael Santos Borré, do River Plate, para o Palmeiras, mas o negócio não saiu). O diretor de clube não pode ficar 22 dias na Argentina. Eu acho que ele não tem nem paciência para isso. 

São estratégias de negócio que você usa e a gente vai atendendo o clube em tudo que precisa. Dificilmente um clube chega para mim e fala: ‘André, vai lá contratar o João’. Isso acontece só como no caso do Arrascaeta: ‘É o seguinte, André. Tem um problema lá do Arrascaeta, que tem 246 mil mensagens da torcida (do Cruzeiro) ameaçando ele, o Flamengo não fala com Itair (Machado, ex-vice de futebol celeste), o Itair não fala com o Flamengo, o uruguaio já fugiu para o Uruguai. Dá para você ir lá?’. Quando eles te chamam, é para fazer algo quase impossível de fazer. 

Normalmente é você que oferece a operação para o clube quando é intermediário. Eu que ofereci o Pratto para o Atlético. Eu que ofereci o Otero. Eu que ofereci o Arrascaeta para o Cruzeiro. Eu que ofereci o Ariel Cabral para o Cruzeiro. Então, essas coisas, o clube não tem a entrada, não tem a rapidez, não tem o tempo. O diretor tem que tocar o time, tem que olhar o vestiário, lidar com o treinador. Ele não consegue o tempo para fazer a operação e descobrir jogadores.” 

Atlético


Cury, você acionou o Atlético na Justiça cobrando mais de R$ 40 milhões referentes a negociações de 16 jogadores e o técnico Rafael Dudamel. Nessa quarta-feira, o clube publicou uma nota para te criticar, dizer que está investigando os contratos e que vai debatê-los na Justiça. Qual seu posicionamento diante do posicionamento do Atlético nesse caso?

“Aqui no Brasil, infelizmente, há inversão de valores nas coisas. Eu trabalhei para o Atlético na última década em muitos negócios, eu presto serviço para o Atlético há mais de dez anos diariamente. A minha empresa, igual à empresa em que vocês trabalham, igual a uma farmácia, igual a qualquer outra, tem despesa.

Por exemplo: eu fui a Minas Gerais mais de 200 vezes. Eu não estou devendo para empresa de aviação, hotel, restaurante, para o cara da gasolina. Eu paguei todas as contas. Então, tem dívida desde 2013, do Rosinei, que, se vocês forem lembrar, é o cara que deu o passe para o Jô fazer o gol na final da Libertadores. Tem dívida do Luan, que foi um ídolo recente da torcida do Atlético.

Essas coisas a gente, pela parceria com o clube, nunca entrou na Justiça. E fomos levando. Chegou a um determinado momento em que eu avisei ao ex-presidente, o Sérgio (Sette Câmara). Falei: ‘Sérgio, a dívida aqui é gigante. A gente tem que começar a montar um jeito de sanar a dívida’.

E aí se combinou que, a cada transferência que eu fizesse, tirava 500 mil euros da transferência e abatia a dívida. Eu devo ter vendido uns cinco jogadores do Atlético. Nunca cumpriu (o pagamento). Depois, falei: ‘Paguem a dívida em 60 parcelas, não tem problema nenhum, vamos fazer’.

A gente estava montando esse acordo. Foi quando apareceram, de forma mais próxima, a MRV e o Renato Salvador. Ele me pediu para ir a uma reunião. Eu fui, sentei, propus de novo o acordo. Minha advogada fala sempre com o Procópio (José Murilo Procópio, vice-presidente do Atlético). E a última resposta do clube foi para ir para a Justiça: ‘Entra na Justiça e lá a gente vê o que faz’.

Então, isso que aconteceu. Foram colocados na Justiça os processos, nada mais do que isso. Quando você me pergunta da nota, a ‘nota firme’. Acho que a nota não tem contexto nenhum, é uma nota sem pé, nem cabeça. Porque o Atlético, o departamento jurídico dele, primeiro tem a obrigação de saber que vocês, que colhem a informação, não colhem de mim, colhem no Tribunal, na Vara ou onde quer que seja, porque as ações são públicas.

Eu nunca liguei para nenhum jornalista para dizer que o Atlético me deve. Quando entro com ação lá... Eu entrei com o pedido agora, e o repórter do Uol já sabia qual era o pedido e qual não era. Então, ele (o Atlético) não pode fazer uma afirmação como essa, uma afirmação falsa.

Diz que eu queria fazer um constrangimento com o clube. Não concordo também. Porque uma pessoa para estar constrangida com uma dívida é uma pessoa que nunca deveu nada para ninguém. E isso, nos últimos dez anos, não é o caso do Atlético. O Atlético, só na Fifa, já teve mais de dez processos de cobrança.

Então, não concordo com nada que ele (o Atlético) escreveu. Não achei de bom tom, não concordo e acho que o Atlético deveria ser mais sério com os prestadores de serviços dele. Porque eles se esquecem de falar que nessa lista das cobranças tem R$ 350 milhões de venda de jogador que eu fiz. Por que que desses R$ 350 milhões não tiraram o dinheiro e pagaram?

E eu não estou perguntando para eles onde é que gastaram os R$ 350 milhões. Porque eu vendi 45 milhões de euros. Eu não estou perguntando, isso não é problema meu. Mas também não tem que perguntar. Ah, agora decidiu estudar o contrato? Então estuda o contrato do Lucas Pratto, do Maicosuel, do Otero, do Emerson Royal, e aí devolve todo o dinheiro que entrou no clube também.”

Por que existe uma variação tão grande de valores das dívidas por um jogador e outro? Por exemplo: a dívida pelo Mansur, que não teve tanto sucesso no Atlético, é maior do que a do Guilherme Arana, convocado para a Seleção Brasileira?

“O Mansur veio... A gente passou um tempo no Vitória, esperando terminar o contrato. Obviamente, nesse momento, o jogador vai cobrando muito menos. O Mansur veio livre para o Atlético. Por ele ter vindo livre, o Atlético pagou, se não me engano, R$ 3 milhões, que seria mais ou menos a aquisição. Como não tinha um clube para ele pagar, ele fez um acordo para pagar esse valor maior, porque o jogador estava livre. Não teve valor de transferência.

Arana, não. Pelo Arana, ele teve que pagar 5 milhões de euros por 90% do jogador ao Sevilla-ESP mais os 20% para mandar o dinheiro para a Espanha, que já são 6 milhões (de euros). E aí se pagou uma comissão.

Para deixar claro para vocês: nunca foi pago, pelo menos desconheço, inclusive acho que nunca foi pago para ninguém... Em todos os meus casos no Atlético ou no Cruzeiro, nunca foi cobrado mais de 10% de comissão, que é praxe do mercado e pode ser cobrado.”

O Erazo é um jogador que não deixa saudade por aqui, mas foi uma negociação importante na época. E tem um valor muito elevado, a dívida é superior a R$ 7 milhões. Por quê?

“O Erazo fez a temporada anterior no Grêmio. Ele e o (Pedro) Geromel tiveram a defesa menos vazada do Campeonato Brasileiro, é só vocês consultarem. Ele tinha um pré-contrato assinado com o Estoril, de Portugal. E o Atlético nos ligou e queria o jogador. Fizemos um acordo com o Estoril para o Atlético pagar, não me lembro, acho que era 1,1 milhão de euros. Não me lembro exatamento.

Eu que fiz a intermediação junto com o Estoril. O Atlético não conseguiu pagar, e isso foi atrasando, atrasando, atrasando, até que eu fiz um acerto com o Estoril. E o Estoril cedeu o crédito para mim. Eu tive que pagar uma conta que não era minha, porque eu tinha muitos outros negócios com eles (Estoril), e eles me cederam o crédito.

Falei: ‘Atlético, você não consegue pagar o Estoril, então vou pagar. Ele (Estoril) vai ceder o crédito para mim, vocês anuem a cessão’. Sem problema, isso foi feito, normal, tudo dentro da lei, como manda o figurino.

Erazo chegou em janeiro ou fevereiro. Em julho, teve uma oferta pelo Erazo de 5 milhões de euros do Basel, da Suíça. E o Atlético não quis vender. Também tem muita coisa que talvez eles não contem para você.

Eu trouxe cinco ofertas pelo Cazares. De 8 milhões, de 6, de 5 e de 3. E eles não quiseram vender em nenhuma das vezes. Pelo Luan, idem”.

Alguns atletas da lista de negociações que geraram dívidas para o Atlético ainda estão no clube: o Arana, o Vargas e o Dylan Borrero. Você teme que a sua ação judicial possa afetar de alguma maneira a sequência desses atletas no clube?

“De forma nenhuma, uma coisa não se mistura com a outra. Primeiro que, como já falei, foram impetradas as ações a pedido do próprio Atlético. Foi oferecido a eles acordo para pagar em 60 vezes, foi discutido em mais de dez, 15 vezes, foram várias viagens a Belo Horizonte. E eles optaram pelas ações.

Depois, do mesmo jeito, acho que continua tudo igual... Eu sou um fomentador de negócio, e o Atlético é um grande clube da América do Sul. Enquanto o Atlético me devia, nunca deixei de prestar serviços para o Atlético.

O Atlético me deve há sete, oito anos. E eu sempre continuei. Só que chega um momento em que você tem que cobrar a dívida, senão a dívida caduca. Os processos têm validade. O Atlético já tinha feito um documento extra alongando várias dívidas dessas.

Aí é que me surpreende quando diz que ‘vai estudar’. Mas vai estudar o quê? Se você mesmo já me deu documento para alongar a dívida, documento para garantir o euro, documento para garantir o dólar... 

Qual sua relação hoje com os dirigentes do Atlético? Esse momento de racha em que você decidiu acionar a Justiça foi durante este mandato atual ou ainda no período anterior, com o Sérgio Sette Câmara? Ainda há um diálogo com a parte esportiva, com o Rodrigo Caetano, mas não tem com a parte jurídica?

“Não, não. Só para te explicar: eu tenho uma ação contra o Inter, de Porto Alegre, e tenho também um acordo assinado, que eles não cumpriram, por volta de R$ 30 milhões também. Eu tenho ação contra o Inter, e os três melhores jogadores do Inter, que são valiosíssimos, fui eu que trouxe para o Inter em negócios espetaculares, que são o Praxedes, o Maurício e o Yuri Alberto, eu fiz com o Rodrigo Caetano.

Rodrigo Caetano encabeçou as contratações, que são excepcionais para o clube tanto na parte desportiva, quanto na parte econômica. Só para você ter ideia: esses três jogadores podem valer em torno de R$ 300 milhões. Quem trouxe os jogadores fui eu, e eu tenho uma ação contra o Inter. Acho que isso não atrapalha em nada”.

Nessa lista, há muitos jogadores da época do Sérgio Sette Câmara. Por que você era sempre escolhido por ele? Como era essa relação?

“Eu nunca fui escolhido pelo Sette Câmara. Quando você está precisando comprar um remédio em Minas Gerais, em Belo Horizonte, você vai lá na Drogaria Araújo, não vai? Por que você vai na Drogaria Araújo? Porque o cara tem 30 lojas, é a melhor, é iluminado, tem segurança, você sabe que o remédio vai ser bom.

É igual o futebol. Nunca o Atlético me ligou, não me lembro de nenhum caso em que o Atlético me ligou e falou: ‘André, você quer entrar nessa operação?’. Não, não. Por exemplo: Guilherme Arana, que é a única que eles me pedem para entrar, porque eu ofereço o jogador e eles me falam que o  ngelo Pimentel (empresário) já tinha a procuração do clube, do Atlético, para contratar o Arana. Então, não podiam fazer a operação comigo.

Aí o Ângelo Pimentel não conseguiu fazer a operação. Ele mesmo se demitiu da operação. Isso me contaram o presidente (Sette Câmara) e o Rui Costa (então diretor de futebol do Atlético), me mandaram um Whatsapp dizendo que não conseguiria trazer o jogador. Foi quando pude entrar. Mesmo assim, eu tinha ligado para eles para oferecer o jogador.

Então, qualquer operação dessas que você for ver, o Lucas Pratto, o Otero... É que eu não vou me lembrar de todas aqui... O Edcarlos, o Erazo, o Maicosuel, o Luan, o Rosinei... Foram todos jogadores que eu apresentei para o clube a oportunidade de negócio. Então, é muito diferente do que todos acham.

‘Ah, por que você…’. Não, eu nunca tive privilégio nenhum no Atlético. Zero. Inclusive, para você constatar isso é muito fácil. É só ver que eu recebo zero.”

Cruzeiro


Qual era sua relação com o ex-presidente Wagner Pires de Sá e com o ex-vice de futebol, Itair Machado? Qual sua opinião sobre essa administração, especificamente? 

“Eu conheci o Itair nos anos 2000, não vou lembrar ao certo, mas foi, inclusive, na casa do Zezé Perrella (ex-presidente do Cruzeiro). Ele (Itair) era presidente do Ipatinga. Cheguei a fazer alguns negócios com ele. Alguns bons outros ruins. Quando ele voltou para o Cruzeiro… O Wagner (Pires de Sá, ex-presidente) eu conheço muito pouco. Se vi duas vezes na minha vida foi muito. E o Itair, quando voltou, Cruzeiro é um grande clube, eu já prestava serviço no clube desde 1996, sou parceiro do clube há 25 anos, obviamente começamos a tentar a realizar negócio.

O primeiro jogador que eles queriam, inclusive, era o Lucas Pratto. Eu falei que era impossível, pelo dinheiro. Depois, trouxeram o Fred. Deste negócio do Cruzeiro, logo no primeiro ano em que contrataram jogadores, foi Mancuello, aquele que veio do Botafogo (Bruno Silva), o outro que veio do Grêmio, o lateral-direito (Edilson), o Fred… Eu vendi só um para eles, que foi o David. Os outros jogadores que a gente representava já tinham vindo para o Cruzeiro, casos de Maurício, Ederson e Rômulo.

Depois, no ano subsequente, eu fiz três operações com ele, se não me engano. Eu trouxe o Zé Eduardo, centroavante, trouxe o Vinícius, goleiro, e o Jadsom (Silva), volante, e o Orejuela. Trouxemos quatro jogadores. Posso esquecer coisa por aqui. E aí, numa época em que precisavam de dinheiro, ajudamos a vender um goleiro (Gabriel Brazão), vendemos o Raniel, o Lucas Romero - que eu que trouxe para o Cruzeiro de graça -, e o Arrascaeta.

No caso do Arrascaeta, eles tiraram minha exclusividade. Disseram que não existia. Quiseram dar exclusividade para um cara em Portugal, sei lá para quem. Depois, quando apertou, que ninguém falava com ninguém, me chamaram de volta.

Aí fui no Uruguai, fiquei lá cinco, seis dias, segurança armado, uma confusão do caramba, e conseguimos resolver a situação tornando a venda do Arrascaeta a maior do futebol mineiro. O Cruzeiro recebeu 13 milhões de euros por 50%, o que equivale a 26 milhões de euros (por 100%), ficando um milhão acima da venda do Bernard (do Atlético ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, em 2013).” 

Naquela negociação do Arrascaeta, você foi escolhido por Flamengo e Cruzeiro para representá-los no negócio. Isso gerou muita estranheza. Você também achou estranho ser procurado pelos dois lados para resolver aquilo? 

“Vou voltar para a Drogaria Araújo. Você vai achar estranho ir lá de madrugada comprar uma fralda para o filho? Não vai, né? Pois é, é igual. A hora que apertou, eles (Cruzeiro) me procuraram, pediram para eu resolver isso, porque o agente do jogador é complicado. Era o Daniel (Fonseca) e tinha outro agente que tinha saído, o jogador não falava mais com ele. 

Tinham 246 mil mensagens ameaçando o jogador, porque alguém do Cruzeiro - da mesma forma que fizeram comigo depois, que vou voltar para falar do Conselho Gestor - deu o telefone do Arrascaeta e ninguém conseguia conversar com ninguém. O Flamengo não falava com o Cruzeiro, o Cruzeiro não falava com o Flamengo. O jogador e o agente estavam no Uruguai com medo, isolados, e alguém precisava resolver.

Itair não poderia ir, porque os caras não o receberiam. O Flamengo, coitado, queria contratar o jogador e não sabia o que estava acontecendo. Eu tinha um documento que, por mais que eles quisessem cancelar, eles não cancelariam. Eles já eram obrigados a me pagar. Eu trabalhando ou não. Está escrito no documento que foi feito quando eu trouxe o Arrascaeta. Cobrei comissão menor para ter esse direito, porque acreditava no jogador. Modéstia à parte, eu resolvi em grande estilo, da melhor forma possível, fazendo a maior venda do futebol mineiro.” 

Depois do Arrascaeta, as saídas de Éderson e David chamaram atenção. Ambas praticamente juntas, inicialmente por vias judiciais. Qual foi sua participação naqueles imbróglios?

“Queria falar para a torcida do Cruzeiro que eu tenho um respeito por ela e que gosto muito do Cruzeiro, assim como do Atlético. Nesse ano (2019) em que o Cruzeiro estava passando um momento ruim, eu coloquei no clube mais de R$ 150 milhões

Depois, o David e o Ederson, nós temos uma empresa de representação de jogador de futebol. O que a empresa tem que fazer? Cuidar da parte jurídica e econômica do jogador. Da parte de contrato, de ele receber, de estar feliz, etc.

Quando chegam dois jogadores e dizem que não querem ficar e que (precisam receber) cinco meses de salários… Eu queria perguntar ao torcedor: você vai trabalhar em um lugar que não te paga há cinco meses? É muito fácil falar. Quero saber se o caixa do supermercado fica lá cinco meses sem receber o salário. Ah, jogador ganha muito. Cada um trabalha em um setor e ganha o que merece. Talvez tenham outros que ganham muito mais do que jogador. Mas cada um ganha dentro do seu mercado.

Os jogadores queriam ir embora. Eu propus ao Cruzeiro fazer uma negociação amigável, porque os caras queriam ir embora e pagariam um valor. Na reunião que eu fui, eles não quiseram. Os jogadores queriam entrar na Justiça. Assim que entraram, eu fiz meu papel de novo. Fui lá, sentei com o senhor André Argolo (diretor do Cruzeiro), sentei com o senhor… Como chama o que trabalha com carne? (Reportagem responde). Senhor Carlos Ferreira (ex-dirigente do clube) e com o outro indivíduo lá que eu nem sei o que estava fazendo. Tal de… Que veio da Ponte Preta… Ocimar (Bolicenho, ex-diretor de futebol). Eu ofereci R$ 10 milhões, com Cruzeiro segurando percentuais, para liberar os dois. Eles disseram que não perderiam a ação e que eles iam enfrentar. 

Saiu a liminar do David, e a do Éderson marcaram a audiência. Eu voltei e disse que não tinha mais os R$ 10 milhões. Disse que tinha R$ 5 milhões. Aí eles acabaram pegando os R$ 5 milhões. Mas tenho outros jogadores no Cruzeiro que não entraram com ação. Trabalhava com Sassá e nunca entrou. Porque ele não me pediu. Agora, se ele tivesse pedido, eu teria de entrar com a ação. É um desejo dele.” 

Sobre o Maurício, até hoje se fala que ele teria saído para o Manchester City se a pandemia não tivesse chegado em meados de março de 2020. Isso é verdade? Teve proposta? Como foi essa história?

“Proposta oficial não teve. Teve consulta que estava virando proposta. Mas aí veio a pandemia e tudo mudou no mundo.”

Falava-se em que valor? 

“5 ou 6 milhões de euros na época (entre R$25 milhões e R$ 30 milhões).”

Qual o valor que você tem a receber do Cruzeiro hoje? E por quais jogadores são os débitos?

“Alguma ação contra o Cruzeiro já tem faz tempo. Mas não sei te dizer. Não fico olhando isso. A do Atlético sei porque a imprensa me fala, eu não fico fazendo cálculo. Vocês têm todos os valores, têm todos os números. Eu nunca passei esses números para ninguém. Você tem tudo porque é público. 

Tenho algumas ações contra o Cruzeiro e tenho pendências que estou tentando resolver de uma forma diferente, tentando trocar por uma liberação de algum jogador, algo desse tipo. Como sempre fizemos. Uma vez o Cruzeiro nos devia e trocamos pela liberação do Leo Bonatini, sempre fizemos para ajudar.”  

Futebol Mineiro


Qual o clube você percebe que tem a melhor gestão do Brasil, é mais organizado e correto neste momento?

“A pandemia deu uma atrapalhada grande agora, né? Mas acho que, hoje, os exemplos a serem seguidos são Athletico-PR, Grêmio, Flamengo, Palmeiras e Red Bull Bragantino. Acho que esses são os exemplos a serem seguidos pelo resto dos clubes grandes que tem aqui no Brasil. O Flamengo fez uma reestruturação muito grande, teve um tempo de austeridade para depois poder ganhar título, podendo sobreviver dos próprios recursos, isso é importante.

Isso aí tem que acontecer urgente no futebol, tem que ter profissionalismo. Para mim, seria muito melhor se clube de futebol tivesse profissionalismo, porque quando vem o profissionalismo, ele cumpre com os serviços que ele solicita e paga por isso. A gente nem estaria discutindo sobre ação, situação do Cruzeiro, do Atlético, do Santos, do Vasco, do Botafogo, do Corinthians, que estão em fase pré-falimentar. Isso é triste para nós, nós temos que cuidar e ajudar os clubes.”

Lembra de algum jogador de renome que você quase trouxe para Minas Gerais, mas que as negociações não avançaram?

“Normalmente, quando eu estiver na negociação de algum jogador, ele vai vir. Mas não tem nenhum que eu me recorde agora. Eu vou te falar só a minha opinião: acho que, normalmente, quando se fala de uma estrela desse nível aí, você está falando de um cara que joga na Europa.

Para um cara desse nível para vir ao Brasil, ele vai ter uma idade avançada. E sou meio contra isso daí, nem procuro me meter nesse tipo de contratação. Por exemplo: um atacante. O que o cara precisa ter? Velocidade e força. Ok, mas com 34 anos ele não tem mais velocidade e força. Às vezes, as contratações são muito perigosas.”

Daquelas negociações que você concluiu para os clubes mineiros, quais as que mais te orgulham pela dificuldade? A venda do Arrascaeta, que foi recorde, está entre as mais difíceis, até pela briga na época entre Cruzeiro e Flamengo?

“O Arrascaeta é uma contratação super positiva em todos os âmbitos (pelo Cruzeiro). Ele foi campeão, ele foi referência nacional (jogando em Minas), foi a venda recorde do estado de Minas Gerais.

Lucas Pratto foi um case de sucesso também, total. Mesmo com a chegada do Fred, acho que faltou um posicionamento mais efetivo de quem cuidava do futebol do Atlético na época, porque, se você tem o Lucas Pratto, você não pode contratar o Fred. Um jogador vai matar o outro. O Lucas Pratto foi um pouco atrapalhado por isso, até por isso saiu para o São Paulo. Depois, foi vendido por 13 milhões de euros para o River Plate.

Mas tem muitos jogadores que a gente vai trazendo para cá. O Luan é um caso emblemático, era um jogador que ninguém acreditava, ninguém conhecia e virou ídolo da torcida do Atlético. E há muitos outros casos.” 

Qual o melhor negociador do futebol mineiro que já lidou nesses anos como agente: irmãos Zezé e Alvimar Perrella, Alexandre Mattos, Eduardo Maluf, Alexandre Kalil, Marcus Salum?

“Ah, do futebol mineiro o melhor é o Alexandre Mattos.”

Ele é seu amigo?

“Meu amigo pessoal. Todos são meus amigos. O Zezé, eu já fui na casa dele. Só não conheço o do América (ex-presidente Marcus Salum). O Maluf sempre foi meu amigo, mas… Desculpa, o Mattos é outro patamar. É só você pegar aí os títulos que ganhou. Quando ele chegou no Cruzeiro, eu nem conhecia ele. Aí briguei com ele. Quando ele chegou no Cruzeiro, o clube estava quase acabado e ele saiu com o Cruzeiro bicampeão brasileiro, vendeu 50 milhões de euros em jogador, que hoje seriam R$ 370 milhões.

Foi embora para o Palmeiras. Chegou lá, os jogadores nem queriam jogar no Palmeiras. No primeiro ano, foi campeão da Copa do Brasil, depois Brasileiro, foi vice do Paulista, deixou toda essa base aí que ganhou os três títulos de 2020 (Paulista, Copa Libertadores e Copa do Brasil). O Palmeiras tinha uma receita de R$ 180 milhões, quando o Mattos saiu tinha R$ 700 milhões. A categoria de base do Palmeiras nunca existiu. Quando ele saiu, a categoria de base é a que mais revela.”

Existe uma mística no futebol de que sempre tem alguma coisa errada nas negociações, coisas antiéticas. Você já recebeu algum tipo de proposta de algum dirigente propondo um negócio escuso nessas décadas de futebol?

“Sugestão eu já recebi um monte e todas eu declinei e também perdi vários negócios.”

O que mais te deixou de cabelo em pé?

“Na verdade, o outro lado da mesa, por a gente estar há muito tempo no futebol, ele já sabe também com quem ele pode falar desse assunto, sabe? Você vai ver a minha trajetória, eu trabalho em todos os clubes, eu nunca trabalhei num clube só, nunca foquei meus negócios no mesmo local. Isso já aconteceu comigo poucas vezes porque eles sabem que comigo não tem esse tipo de conversa.

(Foto: AFP)


Eu também trabalhei no Barcelona por 15 anos e recebi inúmeras ofertas para fazer… Aí não era para pagar, era para receber propina, e eu sempre neguei. Eu entrei no clube, saí do clube, e você pode olhar lá que não tem um ‘A’ para todo mundo falar de mim. Das três maiores vendas do mundo, eu fiz duas: a do Coutinho e a do Neymar. Uma é 220 milhões de euros e a outra é 160 milhões de euros.

Só a transferência, imagina quanto vai a comissão aí. Só a comissão do Coutinho era mais de 20 milhões de euros. E a comissão vai para um cara que é um dos meus melhores amigos, que é o Giuliano Bertolucci. Para mim, era a coisa mais fácil do mundo, se eu não fosse um cara 100% honesto, 100% transparente, poderia pedir ao Giuliano para me deixar um pedaço, ‘você é meu irmão’. E é óbvio que ele ia deixar. E inclusive, não foi como propina, mas ele me ofereceu, perguntou se eu queria ganhar alguma coisa. Eu disse de cara que não.

(Foto: André Cury/Arquivo pessoal)


Essas coisas no futebol (propinas, rolos), não é só aí. Tem problema em todo lugar (nos clubes). Tem que fiscalizar empresa de segurança, tem que fiscalizar a compra dos utensílios, reformas, existem inúmeras coisas para fazer (para fiscalizar as contas). Se a pessoa for do mal… 

Eu estou conversando muito com vocês aqui porque tem uma coisa que me deixa chateado e isso eu nunca vou deixar de conversar. É inadmissível o que as pessoas fazem às vezes colocando o empresário como o vilão da história quando não é verdade. Não é verdade. Pode ter até empresário que seja vilão, mas 90% não é.

Aí, se o clube é mal dirigido, se o plantel é montado de maneira equivocada, se o clube gasta mais do que pode, isso não é empresário que faz. Se o clube trabalha sem orçamento, porque a maioria dos clubes no Brasil trabalha sem orçamento… Eu trabalhei no Barcelona e, agora, em janeiro, o treinador pediu um zagueiro. Sabe o que responderam para ele? ‘Nós não temos dinheiro para trazer o zagueiro’. Aqui no Brasil, se o cara pedir todo mês, um zagueiro atrás do outro, trazem. 

Cruzeiro chegou, numa época, a ter cinco laterais-esquerdos. Cinco. Tem uma hora que tudo tem um limite. Na Europa, tem orçamento, o cara tem que organizar plantel de uma maneira que ele tenha responsabilidade. Aqui, contrata um jogador, no mês que vem contrata outro.”

No Brasil há clubes com dívidas na ordem de R$ 1 bilhão: Cruzeiro, Atlético, Corinthians, Vasco, Botafogo, etc. No caso específico dos clubes mineiros, o Cruzeiro, na sua opinião, voltará a ser competitivo em pouco tempo? E o modelo do Atlético, de receber dinheiro de investidores, mesmo tendo uma dívida bilionária. Acha que há risco? A conta vai chegar?

“Falando do Cruzeiro, um pouco, o problema não é só da gestão do Wagner (Pires de Sá). A gestão anterior ao Wagner, quando o presidente era o Gilvan (de Pinho Tavares), também cometeu muitos erros, como contratação cara, jogador que veio e nem jogou, e isso aí vai endividando o clube. Se não aparecer nenhum tipo de coisa, como colocar ação na bolsa de valores (clube-empresa), porque aí a torcida pode participar, se não aparecer um cara para comprar 50% das ações, ou 51%, porque ninguém vai comprar menos que 51%, acho que vai ser muito difícil a sobrevivência do Cruzeiro. Muito difícil mesmo. Estou falando da sobrevivência, não estou falando de voltar a ganhar títulos. Eu estou falando da sobrevivência. Vai ter que trabalhar muito e, para reestruturar tudo, para voltar a ser competitivo, na minha opinião, vai demorar 15 anos

Quanto ao Atlético e ao modelo que está se fazendo, eu acho que o futebol brasileiro não suporta mais você ter… Nós somos o futebol mais exportador do mundo. E estamos perdendo essa referência. Por quê? Porque se você for ver, como é que vai lançar um menino da base no Atlético? Você não consegue. Cada posição tem três jogadores ganhando um salário altíssimo, um é da seleção do Equador, o outro do Chile…

Então, acho que tem que ter espaço para colocar a categoria de base e acho que não dá, pelo endividamento dos clubes brasileiros, para ter jogadores caríssimos. Um clube como o Athletico-PR, que não tem nenhuma dívida, ele faz o que ele quiser. Se ele quiser contratar um jogador de 32 anos por 10 milhões de dólares, ele contrata. Ele tem dinheiro. Agora, eu não acho que o Atlético, contratar o Hulk, um jogador que vai ocupar espaço (de um garoto da base), recebe um salário astronômico e não vai ter uma venda (pois é veterano). Acho que não poderia se dar ao luxo de fazer isso nesse momento.

Aí você não faz só com o Hulk, você faz com o Hulk, faz com o Vargas, faz com o Nacho. Então, são todos jogadores que você não tem para onde vender. Tudo bem, qual é a receita, vamos ganhar o título… Aí você ganha o título e não tem jogador para vender, porque os jogadores têm idade avançada ou já bateram e voltaram da Europa. E você tem um Sávio, que, se for bem trabalhado, o Borrero, se for bem trabalhado, podem valer 20, 30 milhões de euros. Por que isso soluciona a metade da dívida do clube, mas não tem espaço para eles.

E acho que esse negócio de empréstimo, acho que empréstimo seria benéfico para o clube, um empréstimo de R$ 200 milhões, R$ 300 milhões, como o Paulo Nobre (ex-presidente) fez no Palmeiras. Ele tirou do bolso dele R$ 200 milhões, emprestou ao Palmeiras a juros praticamente zero, pagando em 20 anos, e recuperou o clube. E, depois, o clube, com as próprias pernas, segue a vida.

Agora, contratar o Nacho? O Nacho tem 32 anos de idade (31, na verdade). E aí? Quem vai pagar essa conta? E vem o Sampaoli e manda contratar um tal Zaracho por 8 milhões de dólares, a metade (50% dos direitos). São coisas que um clube de futebol não pode mais ter esse tipo de risco, ter esse tipo mais de postura.

Sampaoli fez muito mal ao Atlético. Com todo respeito, ele fez o Atlético pagar 3 milhões de euros pelo Nathan. O Nathan é um jogador, para quem entende de mercado, ele é do Chelsea, ele não tem para onde ir, ele vai continuar aqui por empréstimo. Então, um treinador não pode obrigar os clubes a fazer um monte de compra e depois ele vai embora. O que ele entregou para nós? Entregou um monte de briga no CT, um monte de jogador caro ficou aí e ele foi embora para a Europa.”

A conta do Atlético vai chegar?

“A conta já chegou. O Atlético devia R$ 800 milhões e agora deve R$ 1,2 bilhão. Eu não sei os números exatos. Outra coisa é o seguinte: ‘Olha, eu sou atleticano e vou dar o dinheiro para o Atlético’. Aí tudo bem. Aí você dá o dinheiro e contrata quem quiser. Agora, ‘eu te empresto dinheiro para contratar o Nacho’... Com todo respeito ao Nacho, grandíssimo jogador, mas o futebol brasileiro não comporta isso por causa da idade do jogador. O jogador aqui tem que ter revenda. No futebol brasileiro, 30% das receitas, às vezes 40%, vêm de venda de jogador. Você não pode ter o time inteiro com idade avançada e não ter jogador para vender.” 

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