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COPA DO MUNDO

Russos ligam o Brasil a futebol, música e novela

Ex-ícones de Atlético e Cruzeiro, produção com Lucélia Santos e banda amazonense são sinônimo de verde-amarelo

QUINHO

Moscou e Rostov do Don – Assim como boa parte do mundo, o primeiro assunto que um russo abordará quando encontrar um brasileiro é futebol. O ex-atleticano Ronaldinho Gaúcho e o ex-cruzeirense Ronaldo são os primeiros nomes citados. Em seguida vêm citações a craques atuais, como Neymar e Marcelo (este último também com grande popularidade). Outro nome é Mário Fernandes, brasileiro naturalizado que jogou ontem pela Rússia na goleada sobre a Arábia Saudita por 5 a 0.

Mas não é só isso. Os russos formam a imagem sobre o Brasil de maneiras variadas: além da bola, literatura, produções da TV e música. Os economistas Iuri Larionov e Igor Semenov, por exemplo, conhecem bem Neymar e, principalmente, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Pelé. Mas também sabem que a capital é Brasília, que há a Amazônia – “a grande floresta” – e o Rio. “E que tiraram a presidente”, afirma Iuri, referindo-se ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016, que levou Michel Temer ao poder.

Quem também mostra conhecimento que ultrapassa os gramados são Elena e Elizabeth Lyulshinova. “Além do bom futebol, sei que os brasileiros são ótimos. Algumas amigas estiveram no Rio e me falaram coisas incríveis sobre a música, a praia, a natureza”, diz Elizabeth, filha de Elena. “É um dos lugares que está na lista para conhecermos. O Brasil me parece fantástico”, completa a mãe.

Como a maior parte dos estrangeiros, elas confundem o samba com outros ritmos latinos, salsa e rumba, por exemplo. Mas prometem pesquisar para se saírem bem quando visitarem ao Brasil. O jornalista Alexander Ermoshin, por sua vez, diz ter se interessado por nosso país lendo. Um dos autores foi Kornei Tchukovski (1882-1969), pseudônimo de Nikolai Korneitchukov, que escrevia poemas para crianças e abordava até mesmo a pobreza.

“Sei que há pobreza, mas também muitas coisas boas no Brasil, que o povo luta bastante. Aqui na Rússia, a imagem que a maioria tem é de um país pobre. A imagem icônica é a de roupas secando em um varal no teto de um barraco na favela, mas sei que há muito mais que isso, que existem diversas realidades”, afirma ele. Quanto à economia, ele vê similaridades entre Rússia e Brasil. “Em ambos, a economia não vai bem, por exemplo”, analisa.

LIGAÇÕES Uma curiosidade liga o Brasil à Rússia e está muito além do futebol. A novela Escrava Isaura foi uma das primeiras produções estrangeiras exibidas na TV da extinta União Soviética, no fim dos anos 1980, quando começou o período de abertura cultural, a Glasnost, associada à desregulamentação econômica, a Perestroika, implantadas pelo então presidente Mikhail Gorbachev. A atriz Lucélia Santos é muito popular no país. Muito falada nos episódios, a palavra “fazenda” foi incorporada no cotidiano russo, virando referência a casa de campo.

Escrava Isaura fez muito sucesso em outros países socialistas, como Hungria, e abriu caminho para a exportação de mais novelas para a região. Recentemente, O Clone figurava entre as preferidas.

Há conhecimento ainda sobre a música brasileira. Na era da União Soviética, destaque para Dorival Caymmi, além de bossa-nova. Na década de 1990, a música Tic tic Tac (Bate forte o tambor, eu quero é tic tic tic tac...), do grupo amazonense Carrapicho, ganhou uma adaptação em russo do músico Murat Nasyrov chamado Maltchik Khotiet v Tambov (“O menino que vai para Tambov”). Tambov é o nome de uma cidade russa.

CAIU NO GOSTO LOCAL

Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho
Os nomes dos campeões mundiais são os primeiros lembrados

Escrava Isaura
Novela foi um dos primeiros produtos internacionais na TV soviética e abriu caminho para produção brasileira

Carrapicho
Tic, tic, tac, clássico da banda amazonense, ganhou versão em russo que fez sucesso na década de 1990

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