Cruzeiro

Tensão dá lugar à tranquilidade

Depois que Joel Santana assumiu, a equipe celeste obteve duas vitórias seguidas e ganhou a paz necessária na preparação para enfrentar o Grêmio, que não tem mais Renato Gaúcho

Antônio Melane

Há exatos 61 dias o Cruzeiro não começa com tanta tranquilidade uma preparação visando à próxima partida – enfrenta, quarta-feira, às 19h30, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, o Grêmio, que ontem ficou sem o técnico Renato Gaúcho –, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro. A última vez foi depois de golear o América-TO por 5 a 1, também na Arena do Jacaré, pelas semifinais do Campeonato Mineiro, em 1º de maio. No dia seguinte, começaram os treinamentos para o jogo diante do Once Caldas, a quem havia vencido por 2 a 1, em Manizales, na Colômbia, dando um passo para chegar às quartas de final da Copa Libertadores. A vaga estaria garantida com um empate, jogando em casa.


 Em 4 de maio, em Sete Lagoas, veio o inesperado: a derrota por 2 a 0 para os colombianos e a eliminação. A partir daí, o clima ficou tenso na Toca, com muita pressão, mesmo o time tendo ganhado o Mineiro. Começou o Brasileiro e o Cruzeiro ficou cinco jogos sem vencer e o futebol fez mais uma vítima: Cuca, que foi substituído pelo experiente Joel Santana.  Na realidade, o novo treinador nem teve tempo de introduzir suas ideias, porque a semana da apresentação foi a da estreia diante do Coritiba (2 a 1) e, em seguida, começou a preparação para enfrentar o Vasco e golear por 3 a 0, na noite de quarta-feira, em São Januário. Foi a vitória que devolveu a confiança, a paz e, acima de tudo, a tranquilidade. A torcida está feliz e os jogadores aliviados. O responsável principal: o “pai Joel”, como o técnico é chamado carinhosamente pelos comandados.

Mas Joel sabe que é cedo para dizer que este é o novo Cruzeiro, mesmo tendo superado o desafio inicial: “Nós não vamos fazer futebol em uma semana ou 15 dias. Futebol tem de ter tempo para organizar, achar uma maneira de jogar, deixar o grupo à vontade para se conhecer melhor. Temos alguns hábitos e todos têm de entender a minha maneira de ser. Assim como eu também tenho de entender a maneira deles. Não tem mistério. É só dar tempo ao tempo que os resultados virão”, afirma.

O que ele fez para obter os seis pontos e começar com 100% de aproveitamento? Não é segredo. Trabalhou com transparência, levou alegria aos jogadores e, acima de tudo, exigiu marcação. Deu certo, porque o time fez cinco gols e levou apenas um. Joel sabe que falta muito para se sentir seguro: “Fiz três treinos táticos na semana passada e agora não pude fazer isso. Você tem de ter repetições. É um jogo de xadrez. Você sabe o que o adversário vai fazer, mas, se o jogador não evoluir dentro de campo, não vai acontecer nada”.
Os jogadores ressaltam que Joel fez muito em tão pouco tempo: “Estamos marcando melhor, voltamos a atuar em velocidade, com equilíbrio, e assim podemos dizer que voltamos a praticar o futebol de campeão”, fala o empolgado Wallyson. Ele é o principal artilheiro celeste da temporada, com 13 gols. Mas desde 15 de maio, quando o Cruzeiro venceu o Atlético por 2 a 0 e conquistou o título mineiro, não consegue balançar as redes: “O importante é que o time voltou a jogar bem e convencer”, alivia.

Hoje o treinamento será em tempo integral, sem Dudu que foi para a Seleção Brasileira Sub-20 para a disputa do Campeonato Mundial, na Colômbia (Gabriel e Sebá também fazem parte da Seleção); Leo e Gilberto, em recuperação de estiramentos; Henrique, com a fratura no punho da mão direita; e Victorino na Seleção do Uruguai.
Coisas do futebol: Cuca pode estrear contra o ex-time
Quase duas semanas depois de deixar o Cruzeiro, Cuca é um dos mais cotados para dirigir o Grêmio. Se acertar, estreará justamente contra o ex-clube, quarta-feira. Na despedida dos jogadores, Renato Gaúcho, que salvou o clube da queda para a Série B no ano passado,  chorou muito. Este ano, não conseguiu repetir no tricolor gaúcho o bom trabalho de 2008, quando levou o Fluminense à final da Libertadores.

Depois de anunciar que não estava com pressa para confirmar o novo treinador, garantindo que as atividades seriam comandadas pelo ex-lateral Roger, assistente técnico e funcionário do clube, o presidente Paulo Odone ainda estuda o possível substituto, que pode ser também Celso Roth, cujo último clube foi justamente o arquirrival gremista, o Internacional.