O atacante de apenas 23 anos passa as manhãs e as tardes no Centro Avançado de Reabilitação Esportiva (Care), fazendo exercícios de fisioterapia para se recuperar de cirurgia no joelho direito a que se submeteu em Curitiba, em dezembro, depois de se contundir num treino em 29 de novembro. Na época, já não estava mais nos planos do técnico Vágner Mancini para as últimas rodadas do Brasileiro.
Contratado em agosto, quando o time ainda era comandado por Joel Santana, Keirrison mostrou-se confiante em reviver os bons momentos. “Tenho que encarar como um recomeço. Sei da minha capacidade, o Cruzeiro está dando essa oportunidade, e vou trabalhar para que possa voltar a jogar bem novamente”, declarou, em sua apresentação.
Precisou de 10 dias para entrar em forma e estreou no mesmo dia do novo técnico, Emerson Ávila, contra o Palmeiras. Na rodada seguinte, diante do Fluminense, em Uberlândia, fez o único jogo em que atuou 90 minutos. Já contra o Santos, por força de contrato, não pôde jogar.
A chegada de Vágner Mancini até fez bem para o atacante, titular em três partidas seguidas. Foi quando marcou seu único gol com a camisa celeste, no empate por 3 a 3 com o São Paulo, em Sete Lagoas. Mas seu rendimento não agradou – como o de toda a equipe – e Keirrison voltou para o banco. Entrou mais uma vez na derrota para o Botafogo no Engenhão. Foram apenas oito partidas pelo Cruzeiro.
Para piorar, na última semana de atividade do ano, o atacante sofreu entorse no joelho direito, com lesão no ligamento cruzado anterior e no menisco. Emprestado de graça pelo Barcelona, que ainda paga parte de seus salários, o atacante, cujo contrato iria até dezembro, seguirá vinculado ao Cruzeiro até a recuperação da contusão, prevista para seis a oito meses. “Temos que devolvê-lo nas mesmas condições que o contratamos. Ele se machucou aqui no Cruzeiro e temos que mantê-lo até a recuperação, pagando os salários combinados”, explica o presidente Gilvan de Pinho Tavares. O clube celeste paga cerca de R$ 130 mil por mês ao jogador.
EM DECADÊNCIA Desde que trocou o Palmeiras pelo Barcelona, que pagou 14 milhões de euros pelos seus direitos em junho de 2009 (episódio que provocou a queda do técnico Vanderlei Luxemburgo no clube paulista), o atacante não conseguiu repetir o bom desempenho mostrado no Coritiba e no Verdão.
Nos últimos anos, o jogador passou por quatro clubes. Jamais chegou a entrar em campo pelo time catalão, que logo o repassou, por empréstimo, ao Benfica. No time português, foram sete jogos e dois gols em amistosos. Emprestado em 2010 ao Fiorentina, atuou 10 partidas, mas novamente fez apenas dois gols. Em julho, voltou ao futebol brasileiro para defender o Santos. Mas o desempenho não foi dos melhores: 32 jogos e 10 gols.
Quando chegou ao Cruzeiro, Keirrison tentou explicar a queda de rendimento: “Acho que são momentos, são fases em que aprendi muito. Não foi o que a gente queria, mas temos que pegar o melhor nas experiências. São momentos que temos que enfrentar.”
MEMÓRIA
Tempos áureos no Coxa
Keirrison mostrou sua capacidade de artilheiro ainda nas categorias de base do Coritiba, depois de se destacar no Cene-MS. Assim que subiu para os profissionais, no entanto, sofreu a primeira lesão no joelho direito e ficou quase um ano parado. Recuperado, em 2007 ajudou o Coxa a voltar à Série A do Brasileiro, sendo artilheiro da B, com 12 gols. No ano seguinte, repetiu a dose na Primeira Divisão: artilheiro com 21 gols, ao lado de Washington e Kléber Pereira. Também fez 18 no Campeonato Paranaense e dois na Copa do Brasil, tornando-se o maior artilheiro do país na temporada. Em janeiro de 2009, chegou ao Palmeiras e manteve a performance: é dele o melhor início de um atacante na história do clube: 12 gols em nove jogos, no Paulista e na Copa Libertadores. A média de 1,33 gol por partida, porém, nunca mais foi alcançada pelo atacante, cujo nome é uma homenagem a Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, e a Jim Morrison, vocalista do The Doors.