Cruzeiro

Procópio, o xerife celeste

Eugênio Moreira

Zagueiro, que começou no Renascença como atacante, chegou ao Cruzeiro em 1959, quando tinha 19 anos
Zagueiro com passagens por grandes clubes brasileiros, Procópio Cardozo Neto começou a carreira no Renascença. Em fevereiro de 1959, ele transferiu-se para o Cruzeiro pela primeira vez, numa negociação arrastada. O Estado de Minas do dia 10 publicou o interesse do então diretor de futebol Felício Brandi na contratação do jogador: “Interessado o Cruzeiro em Procópio, do Renascença” – na mesma época, havia outro Procópio, lateral do Sete de Setembro.


A transferência para o Cruzeiro não foi fácil. “Exigiu do diretor Felício Brandi muita paciência, habilidade e insistência”, conforme definiu o jornal em 27 de fevereiro de 1960. O dirigente celeste havia iniciado entendimentos com o presidente do Renascença, Alcides Diamantino, que esperava apenas o aval de sua diretoria para liberar o jogador. De acordo com o jornal, Procópio já teria manifestado seu desejo de se transferir para o clube celeste.

Somente cinco dias depois, o EM deu o desfecho da negociação: “Procópio cedido ao Cruzeiro”. No acerto, ficou definido que, além de uma quantia de Cr$ 31.200, o Renascença receberia os atacantes Emerson e Zezinho. Finalmente, no dia 20 o jornal anunciou a assinatura de contrato. Como o jogador era menor de idade (19 anos) e não tinha pai (promotor de Justiça, ele foi assassinado quando Procópio ainda era criança, em Salinas), o clube teve de providenciar a nomeação de um tutor para assinatura do contrato.

CARREIRA Natural de Salinas, Norte de Minas, Procópio veio para BH para estudar no Colégio Batista. Com 17 anos, começou a jogar no juvenil do Renascença, como atacante. Foi o técnico Gerson dos Santos que o transformou em zagueiro, posição na qual se destacou no Torneio Classificatório para o Campeonato Mineiro de 1958. E Gerson dos Santos foi o treinador que o recebeu no Cruzeiro.

Curiosamente, quando foi contratado, Procópio recuperava-se de cirurgia no tornozelo e estava com atrofia na perna. Ele estreou com a camisa celeste em 22 de março (um dia após completar 20 anos), num amistoso contra o Bela Vista (vitória por 4 a 2), em Sete Lagoas, mas somente virou titular no fim do ano. Em 1961, foi para o São Paulo. No ano seguinte, transferiu-se para o Atlético. Depois passou por Fluminense (1963/1964), Palmeiras (1965/1966), novamente Atlético (1966), antes de retornar ao Cruzeiro. Ao todo, disputou 212 partidas pela Raposa até 1974.