A limitação de apenas 500 ingressos para a torcida visitante não intimidou os cruzeirenses a comparecer ao estádio. Muitos compraram bilhetes mesmo para o espaço destinado aos torcedores do Araxá – o único problema, facilmente contornado, era a proibição de acesso com a camisa do clube das cinco estrelas.
Foi o caso do casal Thiago Marques Albino (26 anos, auxiliar de produção e torcedor do Araxá e do Palmeiras) e Cleide Monteiro (30). Ele vestia a camisa do Ganso; ela, a da Raposa, mas sabendo que teria de trocá-la antes de passar pelas catracas. “O Cruzeiro vai ganhar, é claro”, afirmava uma confiante Cleide.
Outros torcedores não tiveram problema com lugar no estádio. Maria Custódia Patto, de 56 anos, mora no quarto andar do prédio atrás de um dos gols e teve visão privilegiada do gramado. Cruzeirense doente, lamentava apenas não ter tido ainda a oportunidade de ver a equipe celeste no Mineirão, pois o marido e o filho são atleticanos e se recusam a acompanhá-la na viagem a Belo Horizonte.
Os cambistas, como de costume, aproveitaram a grande procura por ingressos e cobravam R$ 100 pelo bilhete que custava metade nas bilheterias. Outra boa fonte de renda foi a venda de capas de chuva a R$ 5 a unidade, já que o tempo ficou fechado desde a manhã.
BOM JOGO Se no primeiro tempo o time do técnico Marcelo Oliveira ficou devendo e saiu de campo perdendo por 1 a 0, no segundo mostrou mais qualidade e determinação e conseguiu a quarta vitória na temporada. Como na partida contra o Tombense, no Mineirão, as substituições foram determinantes para a vitória. Borges, que começou no banco, marcou duas vezes.
A partida foi muito disputada. Os lances de maior perigo do primeiro tempo saíram nos minutos finais. Aos 41min, em chute de longe, Éverton Ribeiro quase surpreendeu o goleiro Marcelo Cruz. Mas foi o Araxá que abriu o placar, aos 45min. O lance começou com falha de Fábio, que demorou a chutar a bola e foi prensado por Evandro. No rebote, Fabrício Carvalho bateu para o gol e o zagueiro Nirley salvou. Na cobrança de escanteio, Osvaldir pôs a bola na cabeça de Rodrigão Paulista, que desviou para o canto direito do capitão celeste.
O Cruzeiro voltou para o segundo tempo sem conseguir mudar o ritmo da partida, apesar da maior disposição. A situação começou a mudar aos 14min. Marcelo Oliveira pôs em campo Borges e Élber, que em seu primeiro lance foi atingido pelo zagueiro Carlão. Este recebeu o segundo cartão amarelo e deixou o Araxá com 10 jogadores. Aos 18min, saiu o empate. Depois de escanteio na esquerda e desvio de Nirley no primeiro pau, a bola chegou livre para Paulão chutar no canto esquerdo de Marcelo Cruz. A virada veio dois minutos depois, em arrancada de Diego Souza pelo meio, concluída na área por Borges.
Mesmo com um jogador a menos, o Ganso não se entregou. Aos 23min, Fabrício Carvalho foi derrubado por Nirley na entrada da área. Ele mesmo bateu o pênalti, deslocando Fábio. Mas cinco minutos depois os visitantes voltaram a ficar à frente. Diego Souza fez jogada pela direita, chutou rasteiro, Marcelo Cruz rebateu e Borges, bem colocado, empurrou devagar para o gol. A partida continuou movimentada até o fim, e o garoto Élber quase fez o quarto gol aos 45min.
Araxá 2 x 3 Cruzeiro
Araxá
Marcelo Cruz; Rodrigão Mineiro, Carlão e Rodrigão Paulista; Osvaldir, Balduíno, Bruno Moreno (Roberto Jacaré 38 do 2º); Breitner (Bruno Matavelli 17 do 2º) e Fabiano; Evandro (Michel Cury 44 do 2º) e Fabrício Carvalho
Técnico: Flávio Lopes
Cruzeiro
Fábio; Ceará, Nirley, Paulão e Éverton (Luan 25 do 2º); Leandro Guerreiro, Nílton, Éverton Ribeiro e Diego Souza; Dagoberto (Élber 14 do 2º) e Vinícius Araújo (Borges 14 do 2º)
Técnico: Marcelo Oliveira
Estádio: Fausto Alvim
Gols: Rodrigão Paulista 45 do 1º; Paulão 18, Borges 20, Fabrício Carvalho 23 e Borges 28 do 2º
Árbitro: Cleisson Veloso Pereira
Assistentes: Marcus Vinícius Gomes e Frederico Soares Vilarinho
Cartão amarelo: Éverton, Bruno Moreno, Rodrigão Paulista e Evandro
Cartão vermelho: Carlão
Pagantes: 5 mil
Renda: R$ 186.000
VIVA
Para o garoto Élber, que mais uma vez, saiu do banco para fazer a diferença. Ele mudou a maneira de jogar da equipe, forçou a expulsão de Carlão e quase marcou o quarto gol
VAIA
Para o zagueiro Carlão, que prejudicou sensivelmente o Araxá. Ele atuava bem, mas exagerou na força ao fazer falta em Élber quando já tinha cartão amarelo foi merecidamente expulso
HERÓI DO JOGO
Borges foi decisivo para a vitória celeste. Quase marcou já em seu primeiro chute, mas não perdeu a segunda oportunidade. E voltou a marcar em lance no qual mostrou boa colocação na área