Cruzeiro

Nas mãos de Fábio: Cruzeiro vence a terceira disputa por pênaltis na história da Libertadores

Coincidentemente, as duas vitórias anteriores da Raposa ocorreram no título de 1997

Rafael Arruda

Fábio mergulho duas vezes no canto esquerdo para defender pênaltis e garantir vaga do Cruzeiro

Na véspera do jogo contra o São Paulo, Fábio concedeu entrevista coletiva na Toca da Raposa II e disse que, se necessário, estaria preparado para uma disputa de pênaltis. “Vou tentar fazer o meu melhor para tentar ao menos uma defesa”, avisou o jogador. Na noite desta quarta-feira, o goleiro cruzeirense foi além. Pegou as cobranças de Luís Fabiano e Lucão e ajudou a equipe a conquistar a sofrida classificação. Depois de vitória por 1 a 0 no tempo normal, a Raposa brilhou nas penalidades e triunfou por 4 a 3. Na ida, o tricolor havia levado a melhor, no Morumbi, por 1 a 0.


Com os "milagres" de Fábio, o Cruzeiro garantiu a terceira vitória em disputas por pênaltis na história da Copa Libertadores. Coincidentemente, as outras duas ocorreram justamente em 1997, ano do bicampeonato continental. Nas oitavas de final, a Raposa foi derrotada pelo El Nacional, no Equador, por 1 a 0. Na partida de volta, no Mineirão, o clube celeste venceu pelo mesmo placar. Nos pênaltis, vitória azul e branca por 5 a 3. Já na semifinal, contra o Colo Colo, triunfo na primeira partida, em Belo Horizonte, por 1 a 0, e derrota por 3 a 2, em Santiago. Nas penalidades, o Cruzeiro derrotou os chilenos por 4 a 1 e se classificou para a final, sendo campeão ao superar o Sporting Cristal, do Peru.

A atuação decisiva de Fábio fez o Cruzeiro esquecer os dramas vividos contra Palmeiras, em 2001, e Deportivo de Cali, em 2004. Diante dos paulistas, há 14 anos, o clube celeste empatou na ida por 3 a 3 e na volta por 2 a 2, perdendo nos pênaltis por 4 a 3 em pleno Mineirão. Já no duelo com a equipe colombiana, a Raposa caiu também em Belo Horizonte sem ao menos marcar um gol: derrota por 3 a 0. No tempo normal, revés na Colômbia, por 1 a 0, e triunfo no Gigante da Pampulha, por 2 a 1.

Há quase quatro décadas, mais precisamente em 1977, o Cruzeiro foi derrotado pelo Boca Juniors na decisão da Copa Libertadores. Naquela final, os argentinos venceram a primeira partida, em Buenos Aires, por 1 a 0. Os mineiros devolveram o placar em Belo Horizonte. Foi necessária uma terceira partida decisiva em campo neutro, disputada em Montevidéu, no Uruguai. Após empate por 0 a 0, no tempo normal, a Raposa perdeu nas penalidades, por 5 a 4.

NAS MÃOS DE FÁBIO

Perto de ser o jogador que mais vestiu a camisa estrelada – completou nesta quarta-feira 627 partidas, seis a menos que Zé Carlos, volante das décadas de 60 e 70 –, Fábio, até então, tinha participado apenas de uma disputa por pênaltis pelo Cruzeiro. Em 2006, não teve sorte diante do Santos, no Mineirão, pela Copa Sul-Americana. Depois de vencer o Peixe, por 1 a 0, a Raposa caiu no tiro de 11 metros, por 4 a 3.

Mas, nesta quarta-feira – nove anos depois da primeira disputa por pênaltis –, o goleiro mergulhou duas vezes no canto esquerdo para pegar as finalizações de Luís Fabiano e Lucão. Ele também teve sorte ao ver Souza mandar a bola por cima.

“Entreguei na mão de Deus, orei para que ele pudesse me capacitar e me direcionar da forma que ele me desejasse. E glória a Deus eu pude proporcionar essa alegria ao nosso torcedor”, comemorou o camisa 1 cruzeirense, responsável por "salvar a pele" dos colegas Leandro Damião e Manoel, que desperdiçaram suas respectivas tentativas.

A atuação de Fábio não se resume apenas aos pênaltis. Na partida de ida, o São Paulo poderia ter vencido por diferença muito maior de gols, mas graças ao camisa 1 do Cruzeiro, com ótimas defesas, a equipe paulistana fez apenas 1 a 0. Nas mãos de um de seus maiores ídolos, a Raposa avança na competição continental e mantém o sonho do tricampeonato. A próxima batalha será contra Boca Juniors ou River Plate, que, assim como o São Paulo, carregam histórico de respeito no certame sul-americano.