Cruzeiro

Personagens do último River x Cruzeiro lembram de bastidores da Recopa e analisam próximo jogo

Ex-atletas esperam duelo complicado na Argentina e situação diferente de 1999

Tiago Mattar

André Doring; Gustavo, Cris, Marcelo Djian e André Luiz; Marcos Paulo, Donizete Amorim (Djair), Ricardinho, Paulo Isidoro e Geovanni (Marcelo Ramos); Alex Alves. Com essa formação, o Cruzeiro enfrentou pela última vez o River Plate, em 1999, no Monumental de Nuñez, em jogo válido pela primeira fase da Copa Mercosul e também pela final da Recopa relativa ao ano anterior. O Superesportes localizou os personagens daquela vitória por 3 a 0, que rendeu o título ao clube, e ouviu, além de boas histórias, projeções para o reencontro entre argentinos e brasileiros, agora válido pela Copa Libertadores.


Protagonista daquele jogo, autor de um dos gols, o artilheiro Marcelo Ramos entrou no intervalo, no lugar do meia-atacante Geovanni. Ele lembra do momento iluminado que o Cruzeiro vivia naquela época. “É sempre muito difícil jogar contra qualquer equipe argentina, mas em 1999 estávamos muito bem. Mantivemos uma base do Campeonato Brasileiro, e foi mais um título sul-americano importante. Não lembro nome por nome, mas eles tinham um time muito bom. Conseguimos jogar bem, e superamos todas as dificuldades”, disse o ex-atacante.

Titular absoluto em 1999, o zagueiro Marcelo Djian destacou a facilidade com que o Cruzeiro passou pelo River naquela oportunidade. “Eu lembro que chegamos para o primeiro jogo esperando um confronto muito difícil. Mas, no desenrolar, o jogo acabou ficando relativamente fácil e acabamos ganhando de 3 a 0”, disse o zagueiro.

Opinião parecida tem o goleiro André Doring, que passou daquele compromisso sem ser vazado.

“Faz tanto tempo. Lembro que o diferencial daquele jogo é que estávamos jogando a final da Recopa de 98 em 99, em um jogo de Mercosul. Mas não tinha muito público, a Conmebol divulgou pouco aquele duelo. Tomamos conta do jogo. O time tinha muita qualidade técnica, o River não achou o Cruzeiro. Tocamos muito a bola, fazendo o time deles movimentar muito na marcação”, lembrou o ex-camisa 1.

O zagueiro Cris lembrou da catimba argentina e do número de cartões amarelos distribuídos naquela partida. “Foi um jogo muito disputado, muitas faltas marcadas. Se não me engano, foi meu primeiro título pelo Cruzeiro e era um jogo que também valia pela Mercosul, então era mais importante ainda”.

Dos ex-atletas ouvidos pela reportagem, o meia Marcos Paulo foi quem mais lembrou detalhes do confronto. O jogador valorizou a vitória e o título conquistado na Argentina. “Encaixamos bem a marcação e conseguimos fazer um gol. E foi legal porque era contra uma equipe muito forte, jogadores de seleção. Era uma equipe muito forte e conseguimos neutralizar as jogadas deles”, finalizou.

Ambiente diferente em 2015

Os ex-jogadores também opinaram sobre o duelo da próxima quinta-feira, às 22 horas, em Buenos Aires. A opinião, unânime entre os entrevistados, é de que o Cruzeiro encontrará muito mais dificuldades do que em 1999, avaliando o momento do River Plate e o ambiente que o time celeste encontrará após a confusão na Bombonera.

“O Cruzeiro vai encontrar uma situação muito mais difícil, sem dúvida, principalmente por tudo que aconteceu na Bombonera, se criou um clima. O episódio mexeu com praticamente toda população, gerou uma comoção nacional. Com certeza vai ser uma briga feia. Hoje o River conta com um belo time, naquela época, em que ganhamos, eles estavam em momento de transição”, ressaltou o ex-goleiro André.

Da mesma forma, Marcelo Ramos acredita que o Cruzeiro não terá facilidades no Monumental de Nuñez. O ex-atacante aposta em uma boa estratégia do técnico Marcelo Oliveira para o time voltar com um bom resultado para o Mineirão. “O Cruzeiro terá dificuldade, pois trata-se de quartas de final de Libertadores. Mas o time está ganhando confiança a cada fase, tem jogadores experientes. O importante é conseguir um grande resultado na Argentina, não perder e depois decidir no Mineirão. River no Monumental é muito difícil, mas se fosse o Boca a pressão seria maior. Tem que pressionar e sair com bom resultado”.

Espectador assíduo do Cruzeiro no Mineirão, o ex-volante Marcos Paulo deu suas dicas: para ele, o clube celeste não pode recuar na Argentina. “Espero um grande jogo, uma grande partida. Não adianta jogar recuado contra time argentino, tem que jogar de igual para igual, encarar mesmo. O clube vive um momento bom, tem que aproveitar isso, jogar da mesma forma como foi contra o São Paulo. O Boca foi lá, de igual pra igual, e perdeu de pouco. O Cruzeiro tem que jogar de igual pra igual”, reforçou.

Responsáveis pela zaga do time em 1999, Cris e Marcelo Djian concordam que o clube celeste encontrará um ambiente único. “O Cruzeiro vai encontrar muita catimba, sabemos que eles (argentinos) jogam assim. Mas também vão encontrar um ambiente maravilhoso, que todo jogador sonha, estádio cheio, muita pressão. O Cruzeiro é uma equipe preparada, mais experiente, tem tudo para fazer um bom jogo e decidir a vaga em casa”, disse Cris.

Marcelo Djian lembrou da velocidade da equipe argentina. “Jogar na Argentina é sempre muito difícil, é um ritmo forte, intenso. O Cruzeiro precisa equiparar a rotação do River Plate desde o início, só assim eu acho que tem alguma chance”.

Cruzeiro e River já se enfrentaram 12 vezes. O retrospecto é amplamente favorável à Raposa, com nove vitórias e três derrotas. Foram cinco mata-matas disputados, com cinco classificações azuis. Além disso, os clubes decidiram três títulos, todos conquistados pelo Cruzeiro: Libertadores de 1976, Supercopa de 1991 e Recopa de 1998.