Cruzeiro

Para ficar na história

Numa função que lembra a de Elivélton, autor do gol no título de 1997, Marquinhos também chegou sem badalação, mas vai marcando seu nome na trajetória do Cruzeiro na Libertadores

Paulo Galvão

No Monumental de Núñez, Marquinhos assegurou a vitória celeste e colocou o time a um passo das semifinais
Para chegar à vitória por 1 a 0 sobre o River Plate, na noite de quarta-feira, em Buenos Aires, no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores, o Cruzeiro contou com a participação fundamental de dois jogadores que chegaram ao clube sem badalação, mas que, aos poucos, mostram sua importância a todos. Tanto o atacante Marquinhos, autor do gol no Monumental de Núñez, quanto o armador Gabriel Xavier retornaram a Belo Horizonte como heróis do triunfo e renovam as esperanças da torcida celeste de que o time pode novamente alcançar o topo da América.


No caso do homem de frente, ele aportou na Toca da Raposa II há pouco menos de um ano, vindo do Vitória, inicialmente para compor o grupo. Com a saída de jogadores importantes, como Éverton Ribeiro, porém, ganhou espaço e se tornou peça fundamental no esquema do técnico Marcelo Oliveira, atacante pela direita e marcando o lateral-esquerdo adversário.

Ele comemora o gol que deixa o Cruzeiro muito perto das semifinais da Libertadores, mas sabe que não pode relaxar. “A função que faço é difícil, tem de ter fôlego para ir à frente e também ajudar na marcação. Mas, felizmente, conto com a confiança do treinador e com a ajuda dos companheiros para fazer tudo da melhor forma”, afirma Marquinhos, de 25 anos. O gol de quarta-feira foi seu segundo nesta Libertadores – havia feito nos 2 a 0 sobre o Mineros, em Puerto Ordaz, na Venezuela.

Até se transferir para o Cruzeiro, ele havia tido passagens sem brilho por Palmeiras e Flamengo. Em ambos os casos, voltou ao Vitória, de onde saiu com o claro objetivo de fazer história no Cruzeiro. “Agradeço a Deus pela oportunidade de jogar mais uma vez em um clube grande como o Cruzeiro. Mas procuro sempre manter os pés no chão e a cabeça erguida. Também é importante o apoio da família, que sempre está ali, dando o suporte para que eu possa desempenhar minha profissão da melhor forma”, argumenta.

A trajetória se assemelha à de um atleta que tem seu nome eternizado na história celeste: Elivélton. Autor do gol do título continental de 1997, “Gaguinho”, como era chamado pelos companheiros, chegou à Toca da Raposa com um ano a mais que o atual camisa 30 e com muito mais bagagem – já havia sido campeão Brasileiro, da Libertadores e Mundial com o São Paulo, além de ter ganhado a Copa do Brasil com o Palmeiras. Mesmo assim, não era tão badalado quanto outros atletas, como o goleiro Dida, o armador Palhinha e o atacante Marcelo Ramos.

O ex-jogador aponta diferenças e também semelhanças entre eles. “O Marquinhos usa mais a velocidade, eu era mais técnico. Mas a função é quase a mesma, ambos colaboram com a marcação”, declara Elivélton, para quem é natural que os torcedores demorem a valorizar atletas operários. “Normalmente, as pessoas só enxergam quem faz gol. Quem carrega o piano não tem tanto valor. Eu e outros atletas, como o Cleison, fomos importantes em 1997, pois corríamos muito, defendíamos e ainda íamos à frente. Tanto que o Cleison marcou gol contra o Colo Colo nas semifinais e eu fiz o gol do título”.

Atualmente empresário em Alfenas, ele considera a campanha atual do Cruzeiro na Libertadores parecida com a de 1997. A diferença seria que a equipe de hoje se classificou às oitavas de final com mais facilidade, ainda que não tenha jogado bem na primeira fase. “Quando chega no mata-mata, as coisas mudam. São oito jogos para ser campeão, só decisão. Então, você dá a vida em cada um deles. Por isso, vejo o Cruzeiro com todas as condições de ser campeão novamente”, diz.

PADRINHO Quem também se mostra otimista com a campanha celeste é o músico Gabriel, o Pensador. Ele vem acompanhando de perto o desempenho do time mineiro desde o começo do ano, quando um de seus pupilos, Gabriel Xavier (o artista é amigo do empresário do atleta), foi contratado.

Na quarta-feira, o armador substituiu De Arrascaeta no início do segundo tempo e ajudou a equipe a melhorar em campo, criando boas jogadas e participando do lance que resultou no gol de Marquinhos. Assim, começa a fazer jus a mais chances na equipe.

“O Gabriel Xavier está indo no tempo certo, sob a supervisão de um treinador competente, que sabe administrar um grupo numeroso e de qualidade. Ele está aproveitando as oportunidades com muita consciência, sem medo de arriscar, o que tem ajudado a conquistar os cruzeirenses”, afirma O Pensador, que vem sendo muito assediado por torcedores para falar do camisa 18 tanto em apresentações em Minas Gerais quanto em seu perfil no Facebook (facebook.com/gabrielopensadoroficial).


Tendência de misto
O técnico Marcelo Oliveira definirá, no treino que comanda hoje, na Toca da Raposa II, a escalação do Cruzeiro que pegará a Ponte Preta, amanhã, às 18h30, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. A tendência é que ele poupe a maior parte dos titulares, pois a prioridade é o jogo de volta das quartas de final da Copa Libertadores, contra o River Plate, quarta-feira. Mesmo que o Cruzeiro, na lanterna, ainda não tenha pontuado no Nacional e que este seja o primeiro jogo da equipe celeste no Mineirão na competição, o próprio presidente Gilvan de Pinho Tavares defende a escalação de reservas diante da Macaca. Afinal, a delegação desembarcou no início da manhã de ontem em Belo Horizonte e mal haveria tempo para a recuperação dos que aturam no Monumental de Núñez.