Cruzeiro

Há 39 anos, Cruzeiro conquistava no Chile, de forma inédita, a Copa Libertadores da América

Clube ganhou grande projeção internacional depois daquele feito

Redação

Jogadores do Cruzeiro chegam ao Aeroporto da Pampulha depois de conquista sobre o River Plate no Chile



O dia 30 de julho está marcado na história do Cruzeiro. Foi nessa data, em 1976, que o clube se projetou de vez internacionalmente com a primeira conquista da Copa Libertadores sobre o River Plate, no Estádio Nacional de Santiago, no Chile, com a vitória por 3 a 2 no terceiro e último confronto contra os argentinos. A partida em campo neutro era obrigatória pelo regulamento da época para desempatar a série. No primeiro jogo da decisão, no Mineirão, em 21 de julho, o Cruzeiro havia vencido por 4 a 1. No segundo, no dia 28, realizado no Monumental de Núñez, os argentinos bateram os celestes por 2 a 1.

Autor do gol da vitória por 3 a 2 no Chile, em ‘polêmica’ cobrança de falta, Joãozinho é considerado o grande herói daquela Libertadores. Nos minutos finais, ele partiu para a batida, que deveria ser feita pelo lateral Nelinho, e converteu. Ainda assim, o ‘bailarino’ levou bronca no vestiário do então técnico Zezé Moreira.



Em entrevista recente ao Superesportes, para a seção Por onde anda?, Joãozinho relembrou o episódio inusitado. “Nosso treinador não gostou muito. O Zezé Moreira era uma pessoa muito rígida. Para ele, cada um tinha que fazer a sua tarefa. Nós chegamos no vestiário e ele me deu uma bronca enorme, falando que eu não podia ter feito aquilo, porque era molecagem minha e que o Nelinho tinha que cobrar. Mas, depois, todo mundo chegou perto dele e mostrou que era o momento de vibrar e comemorar. Entramos no clima e foi legal”.

Para Joãozinho, superar o River Plate naquela época era um feito enorme, o que só valorizou a conquista. “Eles tinha os jogadores que foram campeões mundiais em 1978 pela Argentina. Acho que eram uns oito a 10 jogadores do River na Copa do Mundo. Tinham muita qualidade. O jogo estava empatado e teve a falta. Eu vi que o goleiro deles estava apavorado, porque o Nelinho que ia cobrar e marcar o gol, porque era o melhor cobrador de falta do mundo. Na minha cabeça, as coisas passaram muito rapidamente, resolvi bater e tive a sorte de marcar. A bola entrou e foi uma felicidade grande”.

Outro jogo épico da campanha cruzeirense foi contra o Internacional, no Mineirão, logo na estreia. O 5 a 4 é considerado um dos maiores duelos nesses 50 anos de história do estádio. “Contra o Internacional, sem dúvida nenhuma, foi a grande partida da minha carreira. Faltando um jogador, eu participei praticamente de quatro ou cinco gols do nosso time. É muito difícil isso acontecer. Eu fiz dois gols e os outros acho que tiveram a minha participação”, recorda Joãozinho.

 Assista ao compacto daquela final em Santiago:





Tragédia na campanha

A campanha cruzeirense na Libertadores de 1976 também foi marcada por uma tragédia. Em 13 de maio daquele ano, o clube celeste perdeu seu atacante titular Roberto Batata no acidente automobilístico. Ele viajava de carro pela rodovia Fernão Dias, para visitar a família em Três Corações. No quilômetro 182, sofreu um acidente fatal.
Funeral de Roberto Batata em 1976


A morte do jogador de 27 anos durante a disputa da Libertadores comoveu os torcedores do Cruzeiro, que superlotaram o cortejo fúnebre do atleta. No jogo seguinte, contra o Alianza Lima, do Peru, no Mineirão, os companheiros homenagearam o ex-colega.

Uma camisa com o número 7, tradicionalmente utilizada pelo jogador, foi estendida ao lado do campo. O pistonista da banda da Polícia Militar tocou “Silêncio”. O Cruzeiro acabou vencendo a partida por 7 a 1, com quatro gols de Jairzinho e três de Palhinha. O placar soou como a maior homenagem do time ao ex-companheiro.

Roberto Batata marcou 111 gols com a camisa do Cruzeiro e é o 11º maior artilheiro da história do clube.