Admito que após dois anos intensos de cálculos, expectativas, decisões e muitos títulos, eu acreditava que o Cruzeiro tiraria umas férias do futebol por algum tempo. Um ano sabático, daqueles que não se almeja nada e se torce pelo prazer de ser Cruzeiro. Felizmente, isso não foi possível. O clube pagou pela má administração do começo do ano e chegou a assustar, flertando com o indesejável Z4. Um infeliz turbilhão de lama em águas passadas. Mas aí entrou o fator torcida...
E a torcida do Cruzeiro, meu amigo, quando entra em sintonia com diretoria e jogadores, mostra por que é a Maior de Minas: mesmo tão combatidos, nos tornamos jamais vencidos! E não estou apenas parafraseando o hino. Ostentamos 13 jogos sem perder e, de uma situação caótica, chegamos até a sonhar com a chance de estarmos na Libertadores em 2016. Não veio, para o azar da Libertadores!
Comparações não são necessárias. Os números, jogando a nosso favor, também são facilmente descartados. Quando a torcida do Cruzeiro resolve que vai empurrar o time, não há erro de arbitragem que acabe com nossa festa. Da mesma forma, nunca queira que ela se volte contra você. Se duvida disso, basta perguntar para o nosso arquirrival monocromático e entenderá que o desdém é proveniente da inveja. Afinal, mesmo que o Mineirão pertença ao povo... sabemos que ele é realmente do povo que torce pro time do povo!
Agora, é deixar pra trás o 2015 conturbado, confiar na paixão dos nossos diretores Bruno Vicintin e Sérgio Rodrigues e no profissionalismo de Thiago Scuro e Mano Menezes. É hora de fazer essa torcida louca da cabeça sair da quarta maior média de público pagante do Brasil (contando séries A, B e C, hein?!) chegar em 1º, manter o maior estádio de Minas lotado e embalar o time ao caminho da retomada, trazer de volta a Belo Horizonte a taça do Campeonato Brasileiro. Uma vez – ou melhor, quatro vezes – que o Cruzeiro é único de Minas Gerais que parece ainda lembrar o “caminho da roça”.
Pra isso, o planejamento deve ser traçado de forma bem clara: apesar do ótimo final de ano, é necessário contratar e reforçar. Mas isso é papo pra outra hora e pra outro texto, não vamos tentar racionalizar aqui. Aqui eu só quero ter deixado bem claro para você e, principalmente, para o nosso técnico Mano Menezes que não há melhor cenário político-ecônomico-social do que comandar o Cruzeiro hoje! Nesse mundo do futebol, tudo fica mais simples de entender quando você determina assim: a parte fácil fica com os cartolas. A parte difícil, fica por conta da torcida do Cruzeiro. Ou República Popular da China Azul, como preferir!
* Stefano Marchesini é um pai e um jornalista, ambos sempre em formação, além de um cruzeirense louco da cabeça que torce com coração e muito amor pelo gigante incontestável de Minas Gerais. Na próxima semana, será novamente a vez de um atleticano. Mais um espaço para os torcedores mineiros, que já são representados nas colunas fixas do cruzeirense Henrique Portugal, às quartas-feiras; do americano Paulo Vilara, às quintas; e do atleticano Fred Melo Paiva, aos sábados.