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CRUZEIRO

Precursor de celebração polêmica, McLaren apoia Rafael Silva e critica "futebol quadrado"

Ex-atacante do Cruzeiro foi o primeiro a comemorar "batendo asas" no clássico

Paulinho McLaren comemora gol sobre Atlético na vitória por 2 a 1, em novembro de 1996, pelo Brasileirão - Foto: Arquivo/EM/DA Press

Nesse domingo, Rafael Silva “bateu asas” ao comemorar o gol da vitória do Cruzeiro sobre o Atlético, por 1 a 0, no IndependênciaA celebração, entretanto, não é novidade no clássico mineiroHá 20 anos, Paulinho McLaren foi o criador do gesto, após balançar as redes contra o arquirrival em triunfo do time celeste por 2 a 1, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro.

Na época em que Paulinho McLaren comemorou gol com clara menção ao mascote do Atlético, essas celebrações não eram tão raras quanto nos tempos atuaisViola, por exemplo, imitou um porco depois de marcar pelo Corinthians em clássico contra o Palmeiras.

Ao ver Rafael Silva repetir seu gesto, Paulinho McLaren criticou a polêmica gerada em comemorações como essa“Hoje, o futebol está tão chatoO Brasil perdeu tanto da sua essênciaEstamos tão desajustados, ausentes da nossa essência, que uma comemoração como essa expõe a feridaTudo que vai ser expressado tem de ser comedido, senão outros podem não entender”, avaliou, em entrevista ao Superesportes

O ex-atacante ressaltou que o futebol brasileiro evoluiu fora de campo, com desenvolvimento tático e na estrutura de clubesEm contrapartida, aponta perdas em outros aspectos“O futebol é moderno, atual, mas, para nós brasileiros, ficou distante do acostumado, do improviso e da ginga, da capacidade de qualquer jogador definir uma jogada
Quem viu Garrincha dando drible e chamando o adversário de Zé..Quem viu o Pelé dando drible de vaca no Mazurkiewicz..O futebol está uma grande indústria, que faz muito dinheiroIsso não vai parar e não tem como”, observou.

Paulinho McLaren relembrou como foi a repercussão de sua comemoração, em 1996“Com certeza, teve uma explosão grande por parte da torcida do CruzeiroNão foi pensadoMas, anteriormente, num clássico em 1995, a torcida do Atlético zoou bastante a gente depois de uma vitória no MineirãoNão foi uma coisa que foi planejadaFoi tão natural, de um jeito tão espontâneoNão houve nada que me causou transtorno, problemas nas ruas
Lógico que torcedores comentaram sobre a brincadeira, mas o futebol permiteO futebol transcende, movimenta a molecada na escola, a conversa de botecoVejo sempre por esse ladoHoje, ficou de um jeito que a parte mais sublime do futebol parece que não pode acontecer”, observou o ex-jogador, negando a intenção de provocar os rivais.

“Na minha geração, era naturalNem vejo como provocaçãoÉ parte folclóricaNa minha cabeça, o torcedor do Cruzeiro vai esperar que o Rafael Silva faça alguma coisa diferente, e o Atlético vai querer o troco em campo, com comemoração, gol e vitóriaTem essa ferida abertaEle repetiu um gesto de 20 anosIsso faz falta”, acrescentou.

“Não pode perder a irreverência”

Antes de Rafael Silva, o gesto de McLaren havia sido repetido por Kleber no Campeonato Mineiro de 2009, quando o Cruzeiro goleou o Atlético por 5 a 0O triunfo deixou o time celeste muito próximo de confirmar o título estadual daquele ano.

Com sua comemoração mais uma vez repetida, Paulinho McLaren pediu que Rafael Silva não deixe de celebrar de forma irreverente“O que eu poderia fazer é parabenizá-lo pelo gol de oportunismoEle estava presente na hora certaA bola sobrou, e ele colocou para dentroEle não pode perder a irreverênciaTorço para que não percaEle tem de levar essa alegria para o futebolAs pessoas vão cobrar, criticar, mas ele tem de continuar assim, porque isso inspira”, disse o ex-atacante, que elogiou a declaração do camisa 30 do Cruzeiro de que o "futebol está monótono""Ele tem de comemorar, e todos têm de aceitarFico feliz em o Rafael ter falado isso, porque o futebol ficou muito quadrado", complementou.

Atualmente, Paulinho McLaren é treinador, mas está desempregadoNo ano passado, ele esteve à frente do UberlândiaO ex-jogador estuda em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, à espera de um novo convite para comandar alguma equipe.

Na comemoração de seus 50 anos, o Mineirão ouviu ídolos eternos que marcaram a história do estádioPaulinho McLaren foi um dos personagens e contou como foi a comemoração em que imitou uma galinhaVeja o vídeo: