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Procuradoria do STJD recorre, e Benecy Queiroz será julgado por Tribunal Pleno na quinta-feira

Dirigente recebeu efeito suspensivo após punição e voltou a trabalhar no Cruzeiro

Depois de ser punido com afastamento de 90 dias, Benecy recebeu efeito suspensivo e voltou a trabalhar - Foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Benecy Queiroz voltará a ser réu no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na próxima quinta-feiraO Tribunal Pleno julgará recurso da Procuradoria, que solicitou punição ao dirigente do Cruzeiro por declarações de tentativa de “compra de um árbitro" na década de 1980.

No julgamento de quinta-feira, a Procuradoria pede que Benecy Queiroz receba as punições previstas nos artigos 237 e 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)Além de multa, ele poderá receber suspensão de até 720 diasO banimento é previsto para casos de reincidência, o que não se aplica ao dirigente do Cruzeiro.

Efeito suspensivo e retorno ao Cruzeiro

Em primeira instância, Benecy Queiroz foi suspenso por 90 diasNaquela oacisão, o dirigente pediu desculpas e negou que tenha efetivamente tentado “comprar um árbitro”Em 19 de fevereiro, depois de ter cumprido 25 dias da suspensão, ele recebeu efeito suspensivo e voltou a trabalhar no Cruzeiro, mas em nova funçãoAnteriormente supervisor de futebol, Benecy Queiroz passou a integrar a área administrativa, segundo o clube.

Antes do julgamento em primeira instância, a diretoria cruzeirense chegou a comunicar que Benecy seria afastado, alegando “licença em função de tratamento de saúde e realização de exames médicos”O cargo de supervisor de futebol passou a ser ocupado por Pedro Moreira, que estava na diretoria de negócios internacionais.

O que dizem os artigos em que Benecy será julgado

O artigo 237 do CBJD se refere a “dar ou prometer vantagem indevida a quem exerça cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para que pratique, omita ou retarde ato de ofício ou, ainda, para que o faça contra disposição expressa de norma desportiva”Nesse caso, a pena prevista é “multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência”

Já o artigo 241 descreve que “dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou auxiliar de arbitragem para que influa no resultado da partida, prova ou equivalente” terá como pena “multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e eliminação”

Entenda o caso

Em entrevista concedida no início do ano ao programa Meio-de-Campo, da Rede Minas, Benecy Queiroz revelou uma tentativa de compra de arbitragem, mas sem citar nomes de juízes
Ele ainda mostrou incoerência ao mencionar os nomes do goleiro Vitor e do técnico Ênio Andrade, que jamais trabalharam juntos na Toca da Raposa.

A declaração de Benecy ganhou repercussão e o dirigente acabou denunciado ao Tribunal com base no texto do artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)"Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva"Para dirigentes, a pena prevista nesse caso é de 15 a 180 dias.

No dia 13 de janeiro, o então supervisor fez um pronunciamento na Toca da Raposa II, dando a entender que o relato sobre suborno era inverossímil“Em momento de descontração, o Orlando Augusto (apresentador do Meio-de-Campo) me perguntou sobre a existência de mala branca no futebolEu disse que havia isso, mas não considerava subornoDentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentesNa verdade, esse jogo não aconteceuFoi um contoDisse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, justificou-se na ocasião.

O que disse Benecy Queiroz em entrevista à Rede Minas:

“Existe a mala brancaTimes menores aceitam
Não digo que é subornoSe a gente partir do pressuposto que é suborno, efetivamente os clubes não pagariam bicho para ganhar.

Eu só vou citar um caso específico, específico e não falo o nomeAqui em Minas GeraisO treinador era Ênio Andrade, e nós, através da indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juizE o juiz, falou:

– Olha, fique tranquilo que o time adversário não sai do meio campo.

Nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio do campoAí, então, falei:

– Olha, acho que vai dar certo.

Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio do campoO goleiro, eu posso falar, Vitor, no ângulo, gol do adversárioE o juiz continuou dando falta só no meio do campoNa época a gente podia entrar no gramado, aí uma hora eu falei com ele:

– Eu paguei para vocêVê se dá um pênaltiAí ele falou:

– Manda seu time ir lá para frente que dou o pênaltiAí eu falei com o capitão:

– Manda o time ir para frente, temos que empatar o jogo.

O time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o CruzeiroDaí cheguei à conclusão que empreguei o dinheiro errado.”